Pesquisadores brasileiros verificaram que a violência contra a mulher gestante pode causar uma série de danos psicológicos, estando associada à ocorrência de depressão pós-parto. O estudo envolveu mais de mil e cem gestantes e seus resultados encontram-se na revista The Lancet do mês de setembro de 2010.

Para avaliar o fenômeno, os pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco realizaram entrevistas com mulheres atendidas nos Hospital das Clínicas da UFPE, tanto durante a gestação como após o parto. Foram utilizadas escalas internacionais, validadas para a população brasileira, com a intenção de mensurar a sintomatologia depressiva e a ocorrência de agressões.

A violência sexual e física esteve associada a uma maior propensão de depressão pós-parto, assim como verificou-se que mulheres que relataram maior freqüência de violência psicológica foram as mais propensas a apresentarem um quadro de depressão pós-parto. Cerca de 15% das mulheres que participaram desse estudo relataram sofrer de violência física durante a gestação e apenas 18% afirmaram não sofrer qualquer tipo de violência psicológica.

O estudo visa contribuir na implementação de políticas de prevenção e combate a violência contra a mulher, uma vez que, de acordo com os pesquisadores, o problema já é considerado de ordem pública. As taxas globais de violência contra a gestante podem chegar a 31% dos casos, em países como o México, o que atenta também para a necessidade de qualificar as equipes de saúde em termos de uma melhor avaliação da gestante, incluindo uma análise da ocorrência de violência psicológica.

Referência:

LUDERMIR, Ana Bernarda et al. Vioolence against women by their intimate partner during pregnancy and postnatal depression: a prospective cohort study. The Lancet, v. 376, n. 9744, p. 903-910, 2010.