Fármaco normalmente utilizado para combater o refluxo gástrico (RGE) parece não melhorar os sintomas da asma, de acordo com o estudo de duas entidades norte americanas, a National Heart, Lung, and Blood Institute (NHLBI) e a National Institutes of Health and by the American Lung Association (ALA). O estudo sugere que o RGE silencioso (refluxo ácido que causa mínimo ou nenhum sintoma) não agrava os sintomas da asma, como se acreditava.
O refluxo gastroesofágico pode se manifestar unicamente através de sintomas respiratórios (RGE oculto), como tosse crônica, pneumonia por aspiração, asma, apnéia, entre outros sintomas.
A asma é uma condição comum que afeta entre 10% e 15% da população brasileira e 7% desses brasileiros têm problemas respiratórios decorrentes de disfunções gástricas como o refluxo gastresofágico
O estudo é o primeiro a avaliar o esomeprazole (remédio que combate úlceras gastrointestinais) pode realmente melhorar a qualidade de vida de pacientes com asma oculta.
A pesquisa avaliou 402 adultos, com idade média de 42 anos, com asma mal controlada. Os participantes relataram que não tinham sintomas do RGE e que não estavam tomando medicação antirrefluxo. Os investigadores, utilizando uma sonda para medir a acidez do esôfago dos voluntários, descobriram que cerca de 40% dos participantes tinham RGE silencioso.
Os participantes foram aleatoriamente dispostos em dois grupos, um tomaria esomeprazole duas vezes ao dia, e o outro tomaria um placebo. Eles também responderam um questionário sobre a sua qualidade de vida.
Os pesquisadores não encontraram diferenças entre os dois grupos. Os resultados foram publicados no dia 9 de abril de 2009, no New England Journal of Medicine.
“Asmáticos que tomam medicação para refluxo ácido, mas que não apresentam sintomas devem conversar com seus médicos para ver se devem continuar com a medicação”, disse a diretora do NHLBI, Elizabeth G. Nabel.
O RGE é mais comum em pacientes asmáticos do que na população em geral, se acreditava que o refluxo ácido contribuía para o agravamento dos sintomas da asma, por estreitar e irritar as vias aéreas. Contudo, a relação entre asma e RGE é complexa e ainda não é bem entendida.
"Este estudo vem preencher uma lacuna no nosso conhecimento sobre o uso da terapia antirrefluxo em pacientes com asma mal controlada, e vai nos ajudar a melhorar as orientações clínicas no combate a asma", observou Virgínia Taggart, MPH, diretora de programas na divisão NHLBI de doenças.
Referências
Kalach N, Gumpert L, Contencin P, Dupont C. Dual-probe pH monitoring for the assessment of gastroesophageal reflux in the course of chronic hoarseness in children. Turk J Pediatr. 2000;42:186-91.
Vandenplas Y. Asthma and gastroesophageal reflux. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 1997;24:89-99.
National Institute of Health – Disponível em:
www.nih.com