O uso de medicamentos de desabituação tabágica pode levar a redução de internações por ataques cardíacos e para a aterosclerose coronária nos dois anos após a sua utilização, de acordo com um estudo realizado por Thomas Land e colegas do Programa de Prevenção e Cessação do Tabaco de Massachusetts (MassHealth), do Hospital Geral de Massachusetts e Escola de Medicina de Harvar, em Boston, Estados Unidos, e publicado recentemente na revista PLoS Medicine. O estudo não encontrou redução nas hospitalizações por outras doenças, no mesmo período de ano dois.

Em julho de 2006, o MassHealth aprovou o uso de medicamentos de desabituação tabágica. Até o final de 2008, mais de 75.000 pessoas tinham usado medicamentos para a cessação do uso de tabaco e a prevalência de tabagismo entre os inscritos diminuiu em cerca de 10%. Nesse estudo, os autores analisaram dados levantados pelo MassHealth para avaliar se uso de medicamentos de desabituação tabágica reduziu as internações por doenças relacionadas ao tabaco.

Após o ajuste para outros fatores que podem ter afetado a internação, tais como surtos de gripe, os autores verificaram que a taxa anual de internações hospitalares para pessoas com ataques cardíacos foi 46% menor após o uso de medicamentos de desabituação tabágica. Além disso, houve um declínio anual de 49% nas internações de pessoas com doença coronariana aterosclerótica, outra patologia relacionada ao tabagismo.

O estudo revelou que as hospitalizações por doença cardíaca coronária estão entre os primeiros grupos que apresentaram uma diminuição após a cessação do tabagismo, enquanto o câncer de pulmão e doenças relacionadas ao tabagismo aumentaram após o período de dois anos do estudo. Assim, esse estudo não encontrou alterações significativas nas taxas de internação para pessoas com doenças pulmonares associadas ao tabagismo, tais como asma, pneumonia e obstrução crônica das vias aéreas. No entanto, esses resultados necessitam de mais estudos.

Os resultados desse estudo sugerem que a remoção de barreiras financeiras à utilização de medicamentos para a cessação do uso do fumo tem o potencial de produzir reduções em curto prazo no uso de serviços hospitalares, que pode superar o custo global com as medicações para a cessação do uso do fumo. No entanto, como esses resultados podem ser exclusivos para a população estudada, estudos semelhantes devem ser realizados em outras populações.

Os autores concluem: "Para os fumantes de baixa renda, a remoção das barreiras para o uso da farmacoterapia da cessação do fumo pode ter o potencial de diminuir a utilização em curto prazo dos serviços hospitalares".
 

Tradução: Equipe SIS.Saúde