Desde o último sábado (15/01) trabalhando nas cidades do Rio de Janeiro atingidas pelas enxurradas recentes, o engenheiro civil Paulo Ricardo Mota conta como está a situação da região. O técnico integra a equipe do Núcleo de Eventos Ambientais Adversos (NEAAS) do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), departamento da Secretaria Estadual da Saúde.

Mota participa da equipe do Ministério da Saúde que realiza neste momento a avaliação das condições de funcionamento dos estabelecimentos de saúde atingidos pelas enxurradas e deslizamentos nos municípios de Nova Friburgo e Bom Jardim.

- Até agora já foram avaliados quarenta estabelecimentos, principalmente pequenas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e da Estratégia da Saúde da Família (ESF), quase todas em localidades distantes e de difícil acesso. Para Bom Jardim, por exemplo, foi necessária a utilização de helicóptero. A cidade está isolada e não há forma de acesso por estradas, relata o engenheiro, que trabalha 14 horas por dia.

De acordo com o técnico, muitas unidades foram encontradas completamente isoladas, sem assistência farmacêutica, equipe de atendimento, água para consumo humano e energia elétrica.

- Em alguns casos extremos, agentes comunitários estão usando água da chuva, que corre pelas encostas, para abastecer os reservatórios dos estabelecimentos de saúde, sem qualquer tratamento. Isto está sendo superado aos poucos com a atuação de equipe do Vigiágua (Vigilância em Saúde Ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humano), e Funasa (Fundação Nacional de Saúde).

O engenheiro acrescenta que uma das maiores dificuldades é que muitos médicos e enfermeiros vivem em cidades próximas e com a generalizada queda de barreiras (deslizamento de encostas), muitas estradas ficaram interrompidas, tendo como consequência a impossibilidade daqueles profissionais atuarem em seus postos de atendimento.