A superlotação das emergências médicas dos hospitais públicos e privados é o efeito de um problema crônico de gestão da saúde no Brasil.

A excessiva procura de emergências pelos pacientes, que supera de longe a capacidade destas de dar conta da demanda, é o efeito da falta de soluções que o sistema de saúde oferece a estes pacientes na chamada rede de atenção primária. Esta rede deveria oferecer uma adequada estrutura para casos mais simples, como pacientes com viroses respiratórias ou gastro-intestinais não complicadas que simplesmente não conseguem atendimento nestes locais, ou, se conseguem, não vêem o seu problema de saúde resolvido.

Desta forma o hospital passa a ser o recurso e o caminho natural destas pessoas, que, afinal de contas, estão sofrendo com o seu problema de saúde e precisam que alguém os atenda dignamente, ouça o que eles tem a dizer, os examinem e mediquem adequadamente.

Os gestores de saúde nas instâncias municipais, estaduais e federais poderiam conversar mais. Quando se fala de saúde poderíamos e deveríamos deixar a política partidária de lado. Saúde é questão técnica que pode perfeitamente e deve ser resolvida por técnicos.

Poderia haver uma definição de atuação nas três esferas de gestores , municipal, estadual e federal. A rede municipal de postos de saúde poderia atender casos mais simples evitando que os mesmo se desloquem aos grandes hospitais. O Estado poderia atender as ações de prevenção a doenças. Seriam as estratégias de vacinação por exemplo prevenindo as chamadas doenças sazonais como as Gripes no inverno e as Rotaviroses gastro-intestinais no verão. A União através dos hospitais públicos federais e universitários e em parceria como gesto r municipal nos hospitais filantrópicos e de emergências poderia atender a casos terciários de alta complexidade além de emergências médicas que ofereçam risco imediato de vida priorizando o atendimento destes casos nos grandes hospitais.

Assim, o que deve haver é um grande debate entre todos os gestores da saúde com o claro objetivo de encontrar um caminho para resolver este grave problema das Emergências que hoje vivemos em Porto Alegre.

Não se trata de achar culpados. Se trata de achar as soluções através de uma gestão eficiente e integrada da saúde.