Os médicos da Estratégia de Saúde da Família (ESF) estão preocupados com os rumos da Atenção Básica em Porto Alegre. Reunidos em assembleia extraordinária na última quarta-feira (9), os profissionais ponderaram que a proposta de criar Fundação Pública de Direito Privado para gerir o programa acaba mantendo-o à parte da estrutura de saúde do município. Atualmente, os cerca de 100 postos da ESF estão sob o comando do Instituto de Cardiologia. Faltam médicos em 10 equipes, e em bairros, como o Rubem Berta, a população está desassistida.
A proposta da ESF é manter o trabalhador na mesma comunidade, para que ele adquira vínculo com as famílias. "Isto não tem ocorrido em Porto Alegre, devido a constante troca no prestador de serviço", aponta a diretora do SIMERS, Adriana Rojas, médica da ESF há 14 anos. "A cada dois anos acontece mudança de empresa gestora do programa, desgastando os profissionais. Com isso, muitos acabam saindo, devido a instabilidade", explicou a sindicalista.
O projeto do prefeito José Fortunati deve ser votado na próxima semana. Para o SIMERS, a Estratégia de Saúde da Família não pode sair do controle público. De acordo com a Constituiçao Federal, saúde como atividade fim deve ser proporcionada pelo Estado.
Fragmentação do serviço
Outro ponto que preocupa os profissionais é a fragmentação da saúde na Capital. Além das unidades sob tutela da Prefeitura, existem outras comandadas por hospitais, como o Mãe de Deus e o Grupo Hospitalar Conceição. Para os médicos, a falta de um gestor único pode dificultar a articulação da saúde como um todo. "No caso de uma epidemia, como a da Gripe A, é preciso uma articulação unificada e rápida, o que o gestor não conseguirá dentro da colcha de retalhos que está a Atenção Básica de Porto Alegre", destaca Adriana.