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Homogamia
 
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02/03/2011

Homogamia

Os semelhantes é que dão certo em um relacionamento amoroso

A escolha de parceiros amorosos não acontece casualmente nem é fruto da sorte, do compartilhamento de signos e do destino. Em boa parte, ela é regida por regras que a ciência está começando a entender.

Essa escolha tem uma importância fundamental. Muitas das características pessoais são difíceis de serem mudadas e podem afetar profundamente a qualidade e a estabilidade dos relacionamentos.

Os princípios que guiam a escolha de parceiros

Boa parte da escolha de parceiros para fins de casamento pode ser explicada através de quatro princípios:

- Similaridade (homogamia): grau de semelhança entre os pretendentes em cada um dos atributos relevantes para essa finalidade. Por exemplo, ambos concluíram um curso superior

- Complementaridade: grau de complementação entre as características dos pretendentes. Por exemplo, um é bom ouvinte e o outro é bom falante.

- Diferença: certos graus de diferença entre os parceiros em determinadas características são bem vindos. A diferença valorizada pode ser relativa ou absoluta. Exemplo de diferença relativa: a idade que é mais valorizada em um parceiro depende da idade de quem está fazendo a escolha. Exemplo de diferença absoluta: uma pessoa pode exigir que o parceiro tenha uma profissão diferente da sua.

- Médias algébricas ponderadas de defeitos e qualidades: as qualidades e defeitos têm diferentes importâncias. As pessoas, inconscientemente, tendem a fazer uma espécie de cálculo que leva em conta os atributos positivos e negativos de um possível parceiro, ponderados pelas suas respectivas importâncias. Esse cálculo fornece a uma espécie de valor médio do parceiro amoroso que está sendo avaliado que resume o seu grau de atração para o avaliador.

Vamos tratar aqui apenas do princípio da homogamia. O próximo vídeo que postarei aqui no blog trata dos outros princípios.

O Princípio da Homogamia

“Temos algo em comum.”
“Eles são farinha do mesmo saco.”
(Frases populares)

Em grego, homo ou homeo significa semelhante e gamos significa casamento. Homogamia significa, portanto, casamento entre assemelhados.

O princípio da homogamia afirma que os relacionamentos amorosos têm mais chance de serem iniciados e de darem certo quando os parceiros são semelhantes entre si nas características que são relevantes para essa finalidade.

Este é o princípio de mais usado na seleção de parceiros amorosos. Vários estudos científicos vêm mostrando que, nos relacionamentos amorosos que dão certo (são iniciados mais facilmente, têm um grau maior de satisfação, duram mais etc.), os parceiros são semelhantes entre si em uma quantidade muito grande de características.

A prática generalizada da homogamia como guia da escolha de parceiros  é fácil de constatar: pense nas suas escolhas amorosas e nas escolhas amorosas das pessoas que você conhece. Dentre essas pessoas, quantas já tiveram ou têm um relacionamento duradouro com alguém que tinha ou tem:

- grande diferença de idade. Por exemplo, mais de quinze anos de diferença?

- nível econômico muito diferente. Por exemplo, a família de um dos parceiros tinha uma renda mensal de cerca de R$ 3 000,00 e a do outro acima dos R$ 50 000,00?

- grau de escolaridade muito diferente. Por exemplo, quando o relacionamento comecou, um só havia cursado quatro anos do fundamental e o outro já havia concluído faculdade.

- crenças políticas muito diferentes. Por exemplo, um era comunista ortodoxo e o outro um capitalista radical?

Ao tentar responder essas perguntas é bastante provável que você tenha constado que os parceiros da grande maioria dos seus conhecidos e os seus próprios parceiros eram semelhantes a cada um de vocês.

É relativamente raro encontrarmos casais onde um dos cônjuges é analfabeto e o outro universitário, um tem cerca de 18 anos e o outro cerca de 70 anos, um mede em torno de 2m de altura e o outro, em torno de 1,50m, um era milionário e o outro paupérrimo quando o relacionamento começou, etc. Esta raridade de parcerias tão discrepantes indica que na vida real a homogamia é o princípio mais adotado na seleção de parceiros amorosos.

A história de André e Carol, que vamos relatar agora, é real e ilustra bem como o círculo de relações pressiona para que o parceiro seja similar aos seus membros.
As consequências negativas do relacionamento amoroso com alguém de outro nível econômico.

André apresentou a sua nova namorada, Carol, para os amigos. No outro dia, quando André voltou a encontrá-los, sem a presença da namorada, recebeu pesadas críticas. Os amigos lhe disseram coisas do tipo:

“Esta moça não é para você. Ela está acostumada com as coisas boas da vida e você não vai ter dinheiro para fornecê-las para ela.”

“Você vai gastar todo o seu dinheiro para acompanhá-la aos restaurantes, boates e locais de férias e depois ela vai abandonar você.”

“Ela não é do nosso meio. Ela vai fazer você sofrer.”

“Ela só tem amigos que moram em mansões e que têm Mercedes e  BMWs. Estes caras não vão se entrosar com a gente.”

André ficou bastante abalado com esta reação dos amigos. Afinal, a namorada havia sido tão simpática com eles. Surgiu a dúvida na sua cabeça: “Será que vou conseguir ser feliz com Carol?”

Pouco tempo depois do começo do namoro, o casal começou a ter atritos frequentes relacionados com os hábitos caros de  Carol e a falta de dinheiro de André para acompanhá-la, e se separaram.

(Os nomes e alguns detalhes dessa história foram alterados para não permitir a identificação dos personagens)

Semelhanças momentâneas

As semelhanças são tão importantes para aproximar as pessoas que, quando elas querem criar ou intensificar as afinidades entre si, elas se apressam em procurá-las (por exemplo, durante a conversa as pessoas procuram identificar se estudaram no mesmo colégio ou se moraram nas mesmas cidades e se gostam das mesmas músicas), criá-las (princípio da convergência: usam mesmo vocabulário, usam vestuários semelhantes, adotam as mesmas posturas corporais, agem em sincronia , fazer as mesmas coisas - “isopraxias”: pedem mesmas bebidas e comidas, por exemplo), ressaltá-las (fazem grande alarde quando encontram semelhas entre si) e omitem as diferenças (quando constatam diferenças de opinião, por exemplo, desviam rapidamente de assunto).

Evidências sobre o uso do princípio da homogamia

O princípio da homogamia vem sendo amplamente confirmado por muitas pesquisas científicas. Uma das melhores pesquisas a esse respeito foi realizada Michael e outros (1994)1. Participaram desta pesquisa pessoas que tinham os seguintes tipos de relacionamentos amorosos: casados; parceiros sexuais que coabitavam, mas não eram casados; parceiros sexuais há mais que um mês que não coabitavam e parceiros sexuais há menos que um mês que não coabitavam. Estas pessoas eram faziam parte de uma amostra representativa da população norte-americana.

Esta pesquisa mostrou que a maioria das pessoas destes quatro grupos era semelhante aos seus parceiros em quatro atributos: idade, nível educacional, raça/etnia, e religião. As percentagens de parceiros semelhantes entre si nestas quatro características variam entre 53% (religião dos parceiros que coabitavam, mas que não eram casados) e 93% (raça/etnia dos parceiros casados). Esta pesquisa mostrou que os norte-americanos preferem ter relacionamentos amorosos com parceiros que lhes sejam semelhantes pelo menos nestes quatro atributos.

Outro achado interessante dessa pesquisa é a constatação do de que existia um grau parecido de semelhanças entre os parceiros nos quatro tipos de relacionamentos pesquisados. Este achado contraria a crença de que só exigimos uma “boa qualificação do parceiro” quando o relacionamento é “sério”.

Porque a homogamia é importante em um relacionamento amoroso

A homogamia entre parceiros amorosos é importante devido a cinco razões principais:
- A homogamia aumenta as esperanças de que haverá reciprocidade na atração amorosa. Por exemplo, as pessoas com níveis semelhantes de escolaridade têm uma chance maior de serem correspondidas nos seus interesses amorosos do que pessoas muito diferentes nesta característica.

- A homogamia aumenta as chances do relacionamento amoroso dar certo. Por exemplo, vários estudos mostraram que os casamentos são mais satisfatórios e duram mais quando os parceiros são semelhantes entre si.

- A semelhança entre si evoca lembranças positivas de outras pessoas e acontecimentos que foram importantes na vida. Por exemplo, quando o meu parceiro é semelhante a mim na sua aparência e modos, ele provavelmente também será semelhante nestes atributos aos meus parentes. Estas semelhanças facilitam o estabelecimento da confiança e de ligações afetivas.

- No dia a dia, existe uma probabilidade maior de encontrar pessoas que nos são semelhantes, uma vez que existe uma chance maior delas freqüentarem os mesmos tipos de locais e atividades que freqüentamos.

Estes quatro princípios só explicam em parte a escolha de parceiros. para entender melhor como acontece essa escolha ainda é necessário levar em conta outros requisitos como a admiração, a atração sexual e a presença de características que induzam ao romantismo.

Autor: Ailton Amélio
Fonte: Blog Ailton Amélio

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