A infertilidade atinge aproximadamente 14% dos casais e é definida pela ausência de gestação após um ano de vida sexual ativa sem anticoncepção. O problema pode ser decorrente de causas femininas, masculinas ou associadas.  Estima-se que em 1/3 dos casais o fator masculino é o responsável pela infertilidade. Muitas doenças podem levar à infertilidade, porém a Varicocele – dilatação das veias do escroto - é uma das maiores causadoras da esterilidade masculina e está presente em até 15% dos homens. O número é ainda maior se considerado que 40% dos homens estéreis possuem a doença.   

De acordo com o responsável pelo Serviço de Urologista do HCor, Dr. Antonio Correa Lopes Neto a varicocele é considerada a causa reversível mais comum de infertilidade masculina, porém nem todos os homens que possuem a doença sofrem de esterilidade. “A varicocele decorre de uma insuficiência venosa, que leva à dilatação das veias presentes no escroto. A doença não está ligada a nenhum fator de risco e em alguns casos não necessita de tratamento, pois dependendo do grau da doença não traz sérios danos à infertilidade”, afirma o especialista.

A varicocele é definida como dilatações venosas no escroto que dificulta a drenagem do sangue nessa região, o que faz com que este fique acumulado nas veias escrotais, dificultando o resfriamento testicular. Com o aumento do acúmulo sangüíneo na região há uma elevação da temperatura testicular, o que prejudica a formação dos espermatozóides, além do acúmulo de toxinas que deveriam ser drenadas pelas veias. Em 80 a 95% dos casos a doença ocorre do lado esquerdo e entre 10 a 20% das vezes é bilateral. Raramente ocorre apenas no lado direito.

Quando o tratamento é necessário, a cirurgia é a forma mais eficaz para resolver o problema. “A maioria dos casos de varicocele são assintomáticos. Alguns pacientes podem se queixar de peso escrotal, desconforto intermitente ou aumento de volume do escroto. Nesses casos é necessário um exame físico, além de uma ultrasonografia de escroto com doppler colorido para checar não apenas a dilatação venosa, mas também o refluxo sanguíneo. Na avaliação pode-se identificar diminuição do tamanho dos testículos, grandes varicoceles e alteração seminal”, explica Dr. Antonio.

A cirurgia é realizada através de uma incisão na região da virilha (altura dos pelos pubianos), identificação do plexo de veias e secção das veias dilatadas (doentes). Isto permite que o fluxo de sangue siga pelas veias normais. Este procedimento é melhor realizado com magnificação da imagem através da utilização de  um microscópio cirúrgico. Cirurgia de aproximadamente 1 hora e 24 horas de internação, com rápido retorno às atividades habituais. Realiza-se um espermograma após 90 dias para checar se já houve alguma melhora no padrão seminal.