A Sociedade Brasileira de Cardiologia – SBC vai apresentar durante o Congresso que começa na próxima sexta, dia 14, em Recife, o programa de ‘Treinamento em Emergências Cardiovasculares – TECA’ que, quando for difundido entre o público leigo e também profissionais da área da Saúde, poderá salvar 60 mil vidas a cada ano.
O cardiologista Sergio Timerman, que há 15 anos implantou no Brasil os primeiros treinamentos para esse tipo de emergência, explica que dos 320 mil brasileiros que morrem anualmente devido a problemas cardiovasculares, principalmente infartos, 60 mil sobreviveriam se fossem devidamente atendidos.
O atendimento pressupõe que o leigo, que geralmente é quem está presente quando alguém infarta ou tem uma parada cardíaca, reconheça a emergência, ligue para o 192 para chamara a equipe de resgate. “Nesse meio tempo é preciso fazer as manobras de massagem cardíaca e ressuscitação para manter o paciente vivo até a chegada do socorro”, explica Timerman, que é diretor do Comitê de Emergências Cardiovasculares e Ressuscitação da SBC. Caso não haja alguém treinado em emergência cardiovascular e se espere simplesmente a chegada do resgate sem fazer nada, “o mais provável é que em vez de um paciente vivo, seja levado um cadáver para o hospital”.
“Os programas de treinamento usados no Brasil foram originariamente importados do exterior”, lembra Timerman, mas agora a Sociedade Brasileira de Cardiologia está lançando a Diretriz de Emergências Cardiovasculares, que será publicada em outubro. Com base nesse trabalho, a entidade desenvolveu o ‘TECA’, programa calcado na realidade brasileira, mas que leva em conta o conceito de suporte básico e avançado de vida baseado consenso da Aliança Internacional de Comitês de Ressuscitação - ILCOR.
O programa contará com a edição e lançamento, durante o 67º Congresso Brasileiro de Cardiologia, de dois livros também da SBC e da Editora Manole: TECA A – “Treinamento de Emergências Cardiovasculares Avançado” para médicos e enfermeiros e TECA B – “Treinamento de Emergências Cardiovasculares Básico” para leigos e outros profissionais de saúde.
Com o ‘TECA’, que será levado inclusive aos médicos do SUS, das Prefeituras e dos Prontos Socorros, “o Brasil passa a contar com um programa único, embasado nas evidências nacionais e de alta qualidade”, diz ele. O objetivo é uma normatização do atendimento das emergências e um programa que leve à capacitação em todo o País e que impeça o que ocorre ainda hoje, diz ele, “quando em quase 10% dos casos um infartado é atendido num serviço médico, tratado e mandado para casa, sem que haja um diagnóstico preciso”.
Timerman explica que alguns Estados como Rio de Janeiro e São Paulo já estão capacitando adequadamente os instrutores para a difusão das técnicas de emergência entre profissionais e leigos, mas que há muito ainda a ser feito, pois é preciso que haja uma interação efetiva de toda a corrente de sobrevida.
Sequelas também preocupam
O presidente da SBC, Jadelson Andrade, lembra que os Estados Unidos acreditam que podem salvar 100 mil vidas por ano, se as técnicas de atendimento de emergências cardiovasculares forem bastante difundidas e na Europa a previsão é que se salvem 120 mil vidas. No Brasil a expectativa é evitar 60 mil mortes anuais, diz ele mas, além dessas, uma adequada difusão do ‘TECA’ reduzirá em muito o número de sequelas.
Essas sequelas dizem respeito aos infartados que, por deficiência do atendimento, passam a sofrer de insuficiência cardíaca e outros problemas que reduzem ou anulam sua capacidade de trabalho. “Um arrimo de família incapacitado de trabalhar devido a um infarto ou AVC que não foi atendido adequadamente, representa não apenas um problema de Saúde Pública, mas um drama econômico que afeta o futuro de toda uma família” conclui.
Serviço:
67º Congresso Brasileiro de Cardiologia
Local: Centro de Convenções de Pernambuco - Empetur
Endereço: Complexo Viário Vice-Governador Barreto Guimarães, s/nº - Salgadinho - Olinda - PE
Datas: 14 a 17 de setembro de 2012
Informações: http://congresso.cardiol.br/67/
