Fumar durante a gravidez está associado a inúmeras conseqüências negativas como baixo peso ao nascer, síndrome da morte súbita, aumento do risco de transtorno de déficit de atenção e uso de nicotina pelos filhos. Apesar dessa extensa lista, estima-se que de 13% a 30% das mulheres nos Estados Unidos continuam a fumar na gestação.
Agora, um novo estudo longitudinal de 40 anos, publicado na Biological Psychiatry, traz fortes evidências de que a exposição pré-natal a hormônios do estresse materno pode causar dependência da nicotina na vida adulta — mas somente para as filhas. A pesquisa também confirma pesquisas anteriores que os bebês nascidos de mães que fumaram durante a gravidez têm um risco aumentado de dependência da nicotina na vida adulta.
— Nosso estudo sugere que o tabagismo materno e o alto nível de estresse representam "chave dupla" para o aumento do risco de filhas dependentes de nicotina quando adultas. As mães que fumam são muitas mais estressadas e vivem em condições adversas, o que representa um importante problema de saúde pública — afirmou a principal autora do estudo, Laura Stroud.
Para conduzir o estudo, os pesquisadores utilizaram dados de um projeto de longo prazo, que começou em 1959 e teve a participação de mais de 50 mil mulheres grávidas. Os descendentes dessas mulheres foram acompanhados durante 40 anos.
— Nossos resultados destacam a particular vulnerabilidade das filhas para resultados adversos a longo prazo após estresse e tabagismo na gestação. Nós ainda não sabemos o porquê disso, mas possíveis mecanismos incluem diferenças sexuais na regulação do hormônio do estresse na placenta — disse Laura.
Segundo a pesquisadora, as descobertas da pesquisa podem ajudar a concentrar as atenções sobre as pessoas com maior risco de fumar quando adultas. Ela também ressalta que as diferenças de gênero na vulnerabilidade ao tabagismo merecem estudos mais aprofundados.