
Ela voltou com força. O número de casos de dengue registrados em São Paulo cresceu 42% de dezembro a abril deste ano, na comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com dados da Secretaria Municipal da Saúde. As recomendações para evitar o contágio são as mesmas: “Não deixe vasos de plantas com água acumulada”, “Feche a caixa d’água”, “Guarde as garrafas sempre de cabeça para baixo”. Transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti, o vírus circula o ano todo, mas voltou ao centro das discussões por dois motivos: o crescimento rápido de casos na cidade e o surgimento de um novo vírus transmitido pelo mesmo mosquito da dengue.
“As causas para o aumento de casos são multifatoriais, conforme estudo brasileiro que avaliou a ocorrência de Dengue no Brasil de 2000 a 2010. Considera-se que fatores climáticos podem favorecer a reprodução do mosquito e a chegada de um sorotipo novo de vírus também influencia. Pode-se citar ainda que as ações de controle ao mosquito não têm sido efetivas”, avalia o infectologista chefe do Hospital Villa-Lobos, Cláudio Gonsalez. Ainda de acordo com o médico, a população não está sensibilizada para entender o impacto dos focos do Aedes aegypti dentro das casas. “Sem uma vacina a situação fica mais complicada e a disseminação não para”, explica. De acordo com o especialista, a recomendação é a mesma dos anos anteriores para conter o avanço da epidemia. “Brasileiros precisam manter o ambiente doméstico livre de criadouros do mosquito”, afirma.
Já no caso do novo vírus, o médico explica que “casos da doença foram registrados em regiões da Ásia e África, na Itália, Martinica, Guadalupe, Guiana Francesa, Estados Unidos e Brasil”. Segundo ele, apesar do vírus Chikungunya (CHIKV) não ocorrer no Brasil, em 2010, três casos foram confirmados no país. Dois pacientes apresentaram os sintomas depois de uma viagem para a Indonésia, e o outro após a volta da Índia. “A existência do vetor no Brasil (Aedes aegypti) e o aumento de estrangeiros provocado pela Copa do Mundo poderão propiciar a entrada do novo vírus no País”, alerta.
A preocupação com a dengue e suas variações é mundial. A OMS estima que a dengue possa infectar 390 milhões de pessoas por ano no mundo. Ela é conhecida como uma doença negligenciada – termo que se refere a moléstias que recebem poucos recursos para pesquisas e que afetam, principalmente, países pobres. Pela facilidade de disseminação da doença, é importante prestar atenção aos primeiros sintomas. Febre, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, perda do paladar e do apetite, náuseas e vômitos, manchas na pele, tonturas, cansaço e dores nas articulações e nos ossos são alguns dos sinais da enfermidade. Mas como saber a diferença entre a dengue e outra virose, por exemplo? Há um exame específico?
“Os sintomas são semelhantes e a diferenciação só se dá através de exames específicos (sorologias) a partir do 5° dia do início dos sintomas”, observa o infectologista. Por isso, caso exista suspeita de infecção, é importante procurar acompanhamento médico. A dengue não possui um tratamento específico, porém, algumas medidas são adotadas para aliviar os sintomas como a ingestão de líquidos (já que a dengue “retira” o líquido de dentro dos vasos sanguíneos), repouso e uso de medicamentos antitérmicos. Entretanto, combater o mosquito transmissor ainda é o mais importante. E a prevenção, nesses casos, é evitar acúmulo de água. Essa sim é a melhor forma de impedir a dengue de entrar na sua casa.