O ceratocone, uma distrofia contínua e progressiva que ocorre na córnea com afinamento central ou paracentral, é a maior causa de transplante de córneas no mundo. De acordo com o médico oftalmologista do Hospital Banco de Olhos de Porto Alegre – HBO -, Dr. Fernando Kronbauer, a incidência da doença na população varia de 50 a 230 casos para cada 100 mil habitantes. “Pais portadores de ceratocone podem ter de 6% a 14% de descendentes acometidos, uma chance de 15 a 67 vezes maior que a população em geral. Famílias acometidas podem apresentar um padrão topográfico sugestivo de ceratocone subclínico em cerca de 50% dos membros familiares”, alerta Kronbauer.
A patologia pode ter evolução diferente em gravidade para diferentes pessoas. “Quanto mais cedo inicia e mais alérgico for o paciente, geralmente a doença é mais grave. Existem três fases de tratamento. Primeiro é o uso de óculos, quando possível; segundo, a utilização de lentes de contato; e por fim o tratamento cirúrgico. Geralmente, em casos de ceratocone leve em evolução, realiza-se cirurgia com a técnica do crosslinking”, explica o oftalmologista. Ele acrescenta ainda que ceratocones leves a moderados podem ser administrados com anel de ferrara e, em casos severos, somente com transplante de córnea. “É fundamental o acompanhamento topográfico e tomográfico da córnea para acompanhar a evolução da doença, sempre com a supervisão de um médico oftalmologista”, ressalta Kronbauer.
Para estimular a doação do tecido, o Hospital Banco de Olhos lançou em setembro a 5ª edição da Campanha de Conscientização para Doação de Córneas. Desde a primeira campanha, em 2010, os resultados foram o aumento de doações, que resultaram no fim da fila de espera de pacientes que aguardam por transplante. Para este ano, a campanha com o slogan “Doe Córneas. Todo mundo merece ver a vida” tem como objetivo mostrar a realidade do deficiente visual, capaz de enxergar apenas aquilo que dita a sua própria imaginação. Com o conceito “Imagine passar a vida apenas imaginando”, a intenção é sensibilizar o público da realidade de quem necessita de córneas, através da narrativa de pequenas crônicas da vida.