Mortes súbitas (sem sintomas) por doenças do coração são mais comuns em mulheres do que em homens. Prova disso é o recente levantamento realizado pelo Ministério da Saúde que revelou que, no Brasil, uma em cada cinco mulheres corre o risco de sofrer um infarto do miocárdio. Por isso, as pessoas do sexo feminino devem dar atenção especial à saúde do coração, já que problemas cardiovasculares estão entre as principais causas de morte de mulheres - por ano, aproximadamente 20 mil óbitos são decorrentes de complicações cardíacas. Mundialmente, os problemas cardíacos respondem por um terço (ou 8,5 milhões) dos óbitos entre mulheres de todo o mundo por ano (mais de 23 mil por dia), segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Para evitar problemas que afetam o coração, como infarto, hipertensão arterial e derrame, recomenda-se a prática regular de atividades físicas. Os exercícios devem ser realizados entre 120 e 150 minutos semanais divididos da forma que mais se adapte às necessidades da vida de cada pessoa. A notícia boa é que as atividades físicas podem diminuir em mais de 30% o risco de infarto. Além disso, uma dieta balanceada, rica em frutas, fibras e vegetais e com pouca gordura saturada, também é essencial para te uma boa saúde e prevenir problemas cardiovasculares. Essas dicas também valem para o controle do peso, glicemia e colesterol, fatores de risco para as doenças coronarianas. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, a taxa de obesidade é maior na população feminina.
Outro fator de risco é o tabagismo. O hábito de fumar aumenta o depósito de gordura e de coágulos nos vasos sanguíneos, aumentando o risco de problema cardiovascular. Já a ingestão de bebida alcóolica nem sempre é prejudicial ao coração, desde que consumida com moderação. É o caso do vinho tinto seco - um cálice ingerido uma vez ao dia pode favorecer a relação entre colesterol bom e ruim, como demonstraram algumas pesquisas.
O nível de colesterol pode ser um medidor da saúde do coração, já que 50% dos ataques cardíacos podem ser evitados com o controle do colesterol. O "bom", HDL, deve estar acima de 50 mg/dl, e o "mau", LDL, abaixo de 100 mg/dl. Estes valores podem ser diferentes para pacientes que já apresentam a doença ou pela presença de stent (tubo minúsculo usado para devolver um ritmo próximo ao normal ao fluxo sanguíneo da artéria coronariana) ou cirurgia. Vale o alerta que, caso haja histórico familiar de doenças coronarianas, o índice deve estar ainda mais baixo que estes valores.
Verificar a glicemia (açúcar no sangue) também é importante. Mulheres diabéticas têm de três a sete vezes mais risco de desenvolver uma doença do coração. Uma taxa normal está situada abaixo de 100 mg/dl, em jejum.
Outro tipo de cuidado importante é a aferição da pressão arterial, que não deve passar de 120/80 mmHg, ou 12 x 8. Dados de 2014 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a hipertensão arterial atinge um em cada cinco brasileiros - 31,3 milhões de pessoas relataram que foram diagnosticadas com pressão alta. O número de mulheres acometidas pela doença foi superior ao de homens, 24,2% para elas e 18,3% para eles. A proporção de homens e mulheres que sofre de pressão alta é maior conforme aumenta a idade - a partir dos 65 anos, a doença atinge mais da metade da população. Portanto, o acompanhamento médico é essencial, junto com a realização de exames periódicos, nesse combate.
Dr. Luiz Fernando Kubrusly é cirurgião cardiovascular e diretor clínico do Hospital VITA.