Pesquisa da Federação Internacional de Diabetes revela que a doença está em ascensão no país. Hoje, 11,6 milhões de brasileiros com idade entre 20 e 79 anos são diabéticos. Cerca de 27% ou mais de 3,2 milhões desconhecem ter a doença. Segundo o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, a maior dificuldade de quem tem diabetes é manter a glicemia em níveis seguros. No Brasil, afirma, estudos mostram que maioria, 3 em cada 4, não conseguem controlar a doença. Por isso, é uma importante causa de perda da visão e outras complicações na saúde. O diabetes, explica, é caracterizado por uma deficiência na secreção de insulina pelo pâncreas, ou resistência das células a este hormônio. A baixa absorção celular da glicose, principal fonte de energia retirada dos alimentos, aumenta a fome e pode levar ao ganho ou perda repentina de peso. O oftalmologista diz que outros sinais de alerta que podem sinalizar a doença são: visão embaçada, dificuldade de cicatrização, vontade de urinar repetidas vezes, muita sede, desconforto e formigamento nas pernas.
Falta de sintomas atrasa diagnóstico
Na maioria das pessoas, comenta, a doença se instala sem apresentar sintoma durante anos. Por isso, é ignorada por parte dos portadores. Queiroz Neto afirma que é comum o diabetes ser descoberto no diagnóstico da catarata. Este foi o caso de uma paciente operada pelo médico. Trocar os óculos já não melhorava a visão. O diabetes foi descoberto no exame de fundo de olho. O especialista diz que quando já está instalado há 10 anos pode também causar alterações nos vasos. A aplicação de laser para secar neovasos na retina decorrentes do diabetes evita a perda da visão.
Risco é maior entre mulheres
As mulheres têm mais diabetes do que a população masculina. Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil incide em 7,2% das mulheres contra 6,5% dos homens.
Queiroz Neto ressalta que as oscilações dos hormônios sexuais e o uso de pílula anticoncepcional estão por trás desta diferença. Prova disso é uma diretriz da OMS (Organização Mundial da Saúde) que contraindica o uso de pílula por mulheres diabéticas porque a medicação descontrola a glicemia. Um dos efeitos deste descontrole é a antecipação da catarata. Isso porque, explica, quando a glicemia está alta provoca edema no cristalino que absorve mais água. Conforme o nível de glicose no sangue diminui, desidrata. A repetida hidratação e desidratação facilita a opacificação.
O médico afirma que outro efeito do descontrole glicêmico é o acúmulo no cristalino de sorbitol, um poliálcool formado na metabolização do açúcar.
Isso explica porque mulheres diabéticas têm catarata e retinopatia antes dos homens., afirma. Para interromper este processo a dica do médico é consultar um ginecologista e substituir o contraceptivo por DIU ou camisinha de acordo com a avaliação médica de cada mulher.