A reação da pequena Piper ao colocar óculos e enxergar claramente pela primeira vez ganhou a internet e o mundo. O vídeo, que já teve mais de 26 milhões de visualizações, lança luz a um tema pouco conhecido: bebês que precisam de óculos.
Maria Clara, de Capão da Canoa, tem 1 anos e 3 meses e, assim como Piper, usa óculos desde pequena.
– Aos cinco meses, notamos que ela puxava o olhinho nas fotos. Levamos no oftalmologista e foi diagnosticado o estrabismo. Ela colocou óculos aos 6 meses – conta a mãe, Catiana Rocha.
A menina utiliza o óculos infantil diariamente e utiliza um tampão no olho direito duas horas por dia para corrigir o problema.
ZH conversou com o Dr. Alexandre Marcon, chefe do serviço de oftalmologia da Santa Casa de Porto Alegre e com a Dra. Isabel Habeyche Cardoso, oftalmologista do Hospital Moinhos de Vento e Instituto de Olhos HC, para explicar as principais questões sobre o tema:
A quais sintomas e sinais os pais devem estar atentos?
Como os bebês não falam e ainda estão desenvolvendo a visão, os pais devem prestar atenção em alguns detalhes. Caso os pais notem algo incomum no olho do bebê – como, por exemplo, a córnea esbranquiçada ou opaca, o olho de tamanho maior do que o esperado ou um reflexo branco no centro da pupila – a consulta com um especialista deve ser imediata. Bebês que apresentam conjuntivite (olho vermelho e secreção ocular) também devem consultar imediatamente, para excluir casos de infecção neonatal por gonococo ou clamídia.
Se a criança tem algum tipo de "grau" nos olhos (miopia, hipermetropia, astigmatismo), poderá ter dificuldade em reconhecer rostos ou em pegar objetos próximos. Esses sinais podem ser facilmente percebidos pelos adultos.
A partir de que idade um bebê deve consultar o oftalmologista?
Todos os bebês devem consultar com o oftalmologista ao menos uma vez no primeiro ano de vida, independente de terem ou não sintomas. O “Teste do Olhinho”, rotineiramente realizado pelo pediatra logo após o nascimento, pode detectar doenças como catarata congênita, glaucoma congênito, persistência do vítreo primário hiperplásico e certas infecções intraoculares. Contudo, esse teste não identifica nem avalia se o bebê tem algum tipo de "grau" nos olhos (miopia, hipermetropia, astigmatismo), por isso, o exame completo com o oftalmologista permite avaliar e quantificar esse grau, além de examinar a retina e o nervo óptico, que são estruturas do fundo do olho.
Qual a importância do diagnóstico precoce?
O bebê não nasce sabendo enxergar, ela desenvolve esse aprendizado com o tempo, assim como falar e andar. Quanto mais precoce o diagnóstico e o tratamento, melhor o prognóstico visual da criança.
Para casos de catarata e glaucoma congênitos, a operação deve ser feita o quanto antes, idealmente no primeiro mês de vida. Em casos de miopia, hipermetropia ou astigmatismo, se o grau do bebê não for corrigido precocemente com óculos, os olhos não desenvolverão uma visão saudável, tornando-se "preguiçosos". Se o grau é em apenas um dos olhos, o olho saudável desenvolve uma visão normal e o olho que apresenta problema não enxergará bem, ficando "preguiçoso", sendo que a criança, muitas vezes, não repara nessa diferença entre os olhos. Esse olho "ruim" precisa ser estimulado para voltar a enxergar normalmente, e o tratamento tem melhores resultados quando realizado até os 7 ou 8 anos de idade. Caso contrário, a visão ficará diminuída, não havendo melhora na idade adulta.
A partir de que idade um bebê pode usar óculos?
Não há limite inferior de idade para o uso de óculos. Bebês com uma semana de vida já podem usá-los. As lentes dos óculos são fabricadas em um material especial, mais resistente a quebras e arranhões. A armação dos óculos costuma ser emborrachada e possui uma espécie de elástico na parte posterior, entre as duas hastes, o que ajuda a prendê-la na cabeça do bebê.