O hábito básico de higiene também não é comum na hora de preparar alimentos: só 46% dos brasileiros afirmam que lavam as mãos antes de cozinhar. É o que mostra uma pesquisa da consultoria inglesa TNS Global Market Research.
A falta do hábito de limpeza pode ser responsável pela transmissão de uma série de doenças virais e bacterianas ao homem. Entre elas, conjuntivite, diarreia, febre tifoide, gripe e hepatite.
"Mas a lista de doenças que podem ser transmitidas pela contaminação das mãos é enorme. As mais comuns são as do trato respiratório e as diarreias", afirma o infectologista Caio Rosenthal, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo.
Quando as mãos entram em contato com uma superfície contaminada e não são esterilizadas, micro-organismos podem pegar carona e contaminar olhos, bocas, narinas, pele e alimentos. "E é a contaminação alimentar que mais preocupa, pois o alcance do alimento é muito maior", diz Jacyr Pasternak, infectologista e presidente da Comissão de Controle de Infecção do Hospital Israelita Albert Einstein.
Os dados de que a maioria dos brasileiros não lava as mãos antes de tarefas básicas do dia a dia foram originados de pesquisa realizada em diversos países pela TNS Global Market Research. Ela apontou a falta de conhecimento como a principal razão para as mãos sujas. Dos 1.057 entrevistados, 53% afirmaram que não sabem da existência de germes e bactérias.
Desculpa esfarrapada, segundo o biomédico Roberto Martins Figueiredo, conhecido pelo quadro "Dr. Bactéria", exibido pelo programa "Fantástico", da Rede Globo."O problema é de atitude e não de conscientização. As pessoas sabem da importância da limpeza, mas não lavam as mãos", diz.
Figueiredo explica que, se as pessoas lavassem as mãos corretamente, 90% das infecções hospitalares e 80% das transmissões de doenças poderiam ser evitadas. Mesmo com o resultado da pesquisa, o Brasil é apontado pelo estudo como o segundo melhor país em hábitos de higiene.
Os especialistas explicam que a limpeza adequada das mãos deve ser feita com água e sabão. "Só lavar com água não adianta. A limpeza é superficial e os micro-organismos continuarão", afirma Pasternak. "Para limpeza das mãos, os sabões mais baratos, com maior quantidade de soda, são até mais eficazes", completa.
O álcool em gel, comum na época da gripe H1N1, é outra opção. Não há uma quantidade ideal para a lavagem diária das mãos. "Podemos considerar correto lavar de 8 a 25 vezes por dia. Mais do que isso pode ser algum transtorno compulsivo de limpeza", afirma o "Dr. Bactéria".