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Risco de epidemia de dengue com sorotipo 4 no Brasil aumenta formas mais graves da doença
 
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09/02/2011

Risco de epidemia de dengue com sorotipo 4 no Brasil aumenta formas mais graves da doença

Estão em circulação no Brasil três sorotipos da dengue, mas existe um quarto, encontrado no ano passado em Roraima

Chega o verão e a ameaça da dengue se faz presente novamente no Brasil. Os governos lançam campanhas de conscientização para que população acabe com possíveis depósitos de água parada, onde o mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti, se reproduz.

A dengue é uma doença infecciosa aguda de curta duração, de gravidade variável, causada por um vírus que possui quatro sorotipos. No Brasil, circulam os tipos 1, 2 e 3. O sorotipo 4 não era registrado no Brasil há 28 anos, mas foi encontrado e isolado em laboratório em julho do ano passado em Roraima. O temor das autoridades sanitárias é de que uma epidemia se alastre pelo país rapidamente, uma vez que a população não está imune ao sorotipo 4.  

De acordo com a infectologista do Hospital 9 de Julho, em São Paulo, Dra. Sumire Sakabe, a introdução de um sorotipo que antes não circulava em uma área quer dizer que o vírus vai encontrar muitas pessoas não imunes e, portanto susceptíveis, à doença. Além disso, se a população já teve dengue por um sorotipo, a entrada de um novo sorotipo aumenta o risco das formas mais graves da dengue: hemorrágica e choque. Isto acontece porque ao se infectar por segundo sorotipo, o organismo pode apresentar uma resposta imunológica exagerada, levando a quadros graves da dengue.

Sintomas da doença são variáveis. Quadro mais grave é caracterizado por queda de pressão e sangramentos

A dengue clássica geralmente é benigna, mas pode eventualmente apresentar complicações. A infecção causada por qualquer um dos sorotipos do vírus produz as mesmas manifestações. A determinação do tipo é irrelevante para o tratamento da pessoa doente. A dengue pode ser assintomática em 29 a 56% das pessoas. Na sua forma clássica, apresenta-se como febre de aparecimento abrupto, com duração de cinco a sete dias e acompanhada de pelo menos dois dos sintomas a seguir: dor de cabeça, dor retro-orbitária (atrás dos olhos), dor muscular, dores articulares, prostração, manchas vermelhas no corpo. Além disso, pode ainda ocorrer náusea, vômito, diarréia. Em 5% a 30% dos casos podem ocorrer sangramentos, em geral nas gengivas, petéquias (pequenos pontos arroxeados na pele) e sangramento nasal. Embora a febre desapareça em sete dias, alguns pacientes podem permanecer astênicos (mais fracos, desanimados) por várias semanas, por vezes dois meses.

As suas formas graves, febre hemorrágica da dengue e síndrome de choque da dengue (FHD/SCD) são precedidas por sinais de alerta que geralmente acontecem ao final do período da febre. A forma grave da doença pode se manifestar por sangramentos e também com choque (queda severa da pressão arterial). Isso acontece porque a permeabilidade vascular fica comprometida e os capilares sanguíneos deixam extravasar o plasma. "Isso equivale a dizer que o conteúdo fica maior que o continente, ou seja, a 'tubulação' fica esvaziada e a pressão arterial cai a níveis que comprometem o funcionamento do organismo", explica a médica.  É a manifestação mais grave da dengue, com mortalidade de até 12%, mesmo com terapia agressiva.  

Mas, o que causa a forma mais grave da dengue? - Há vários fatores de risco para a dengue "hemorrágica": o sorotipo 2 parece conferir maior risco; uma nova infecção por sorotipo diferente pode ocasionar resposta imunológica exacerbada e acarretar a forma hemorrágica; lactentes entre seis e 12 meses de idade são mais susceptíveis; diferentemente do que se observa em outras doenças infecciosas, a desnutrição parece ter correlação inversa com a dengue hemorrágica (a forma grave da dengue  parece mais frequente em crianças com estado nutricional adequado); e há indícios de que a dengue hemorrágica seja mais comum em pessoas brancas do que em negras e que grupos genéticos diferentes têm suscetibilidade maior ou menor à forma grave.  

Tratamento: ao primeiro sinal ou suspeita, procure um serviço de saúde e não tome ácido acetil salicílico

Em função dos sintomas pouco específicos, a dengue pode facilmente ser confundida com outras doenças, por isso, ao início dos sintomas, deve-se procurar um serviço de saúde. Antes de mais nada, beba muita água e não tome medicamentos sem conhecimento do médico, em especial os que contenham ácido acetil salicílico e anti-inflamatórios não hormonais, pois podem favorecer os sangramentos. Pelo mesmo motivo, injeções intramusculares também devem ser evitadas.  

O diagnóstico inicial é clínico, baseado na história, exame físico do paciente e é feito com base em exclusão de outras doenças. A comprovação do diagnóstico pode ser feita por meio da sorologia (que detecta anticorpos contra o vírus da dengue), que começa a dar positivo a partir do sexto dia da doença. O isolamento viral pode ser realizado nos primeiros cinco dias da doença. De qualquer forma, não se deve esperar pelos testes confirmatórios para iniciar o tratamento. Ele é de suporte, ou seja, baseado, na maioria das vezes, em medicamentos para controlar a febre e o mal estar.  

De acordo com a Dra. Sumire, a febre hemorrágica da dengue e a síndrome de choque da dengue podem acontecer até mesmo em pessoas que têm dengue pela primeira vez. Isso reforça a necessidade de procurar um serviço de saúde aos primeiros sinais de alerta. "Os sinais de alerta são: presença de sangramento, extremidades frias, pulso rápido e fino, pressão arterial baixa, tontura, letargia, queda no estado geral, lactentes que não conseguem mamar, diminuição da diurese, dor abdominal intensa e vômitos incoercíveis", afirma.  

Vacina está em estágio avançado - De acordo com a Dra. Sumire, estão sendo conduzidos estudos de fase III (últimas fases de desenvolvimento clínico antes do licenciamento da vacina) pela Sanofi-Pasteur. "Dependendo dos resultados desses estudos, talvez possamos ter uma vacina, embora demore muito tempo entre finalizar um estudo e tornar a vacina disponível para a população", afirma. A principal dificuldade no desenvolvimento da vacina é pela necessidade de encontrar um produto capaz de proteger as pessoas contra os quatro sorotipos da doença, para evitar que uma pessoa vacinada contra um sorotipo corra o risco de desenvolver dengue mais grave se infectada pelo sorotipo não contemplado na vacina.

Evite a reprodução do mosquito!

- A doença é transmitida principalmente pelo mosquito Aedes aegypti infectado, mas também, pelo Aedes albopictus. Esses insetos picam durante o dia, ao contrário do mosquito comum (Culex), que pica durante a noite;

- A grande capacidade de adaptação do mosquito dificulta sua erradicação, medida fundamental para o controle da doença;

- como ainda não há vacina contra a dengue, a melhor forma de combate é evitar a procriação de mosquitos transmissores;

- não deixe água parada dentro de casas, apartamentos e hotéis etc. Atenção para cisternas, latas, pneus, cacos de vidro e vasos de plantas. Não basta trocar a água, é preciso deixar os locais tampados ou secos;

- as bromélias, que acumulam água na parte central (aquário), também podem servir como criadouros. Utilize uma solução de água mais água sanitária a 2,5% (40 gotas para 20 litros) para regá-las;

- não há transmissão pelo contato direto de uma pessoa doente para uma sadia, também não há transmissão pela água, alimentos ou quaisquer objetos. Portanto, não tenha medo;

- ativas durante o dia, as fêmeas do Aedes aegypti podem picar várias pessoas diferentes, o que explica a rápida explosão das epidemias de dengue;

- em locais de epidemia, é preciso usar calças e camisas de manga longa e repelentes contra insetos a base de DEET nas roupas e no corpo.

Histórico da dengue no Brasil  

- a primeira epidemia de dengue no Brasil aconteceu em 1981-82, em Boa Vista, RR, pelos sorotipos 1 e 4

- Em 1986, houve uma epidemia no Rio de Janeiro e capitais do Nordeste

- epidemia em 1998, pelo sorotipo 1

- epidemia 2002, pelo sorotipo 3

- epidemia 2008, pelo sorotipo 2

- epidemia 2010, pelo sorotipo 1

- junho a agosto 2010, Roraima, 10 casos causados pelo sorotipo 4

- epidemias continuam a acontecer, provavelmente devido à introdução de novos sorotipos em áreas onde ainda não eram circulantes, ou por mudança no sorotipo mais prevalente em determinada região.

Autor: Redação
Fonte: RMA Comunicação

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