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Criança saudável pode sofrer de dores do crescimento
 
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15/05/2011

Criança saudável pode sofrer de dores do crescimento

Estima-se que 12,5% das crianças tenham ocasionalmente dor nos membros inferiores

O pediatra se depara com uma criança saudável e ativa, que se queixa de dores musculoesqueléticas, sem sinais de inflamação: não há junta inchada, vermelha e quente. Doutor, o que será? Todos os sintomas precisam ser investigados, mas pode ser que a criança sofra de dores do crescimento, muito mais comuns do que as doenças reumáticas inflamatórias. As dores aparecem em canelas, panturrilhas, coxas, pés e atrás dos joelhos, quase sempre no final do dia e à noite, e desaparecem pela manhã. A duração da dor pode ser de apenas alguns minutos ou de horas, durante dias seguidos ou ocasionalmente.

Dores do crescimento (em inglês growing pains) é o nome dado a uma patologia que é considerada benigna, com sintomas de dor nos membros inferiores e relativamente comum em crianças. As dores do crescimento (maladies de la croissance, em francês) foram assim denominadas em 1823, por Marcel Duchamp. Essa denominação é originada pelo fato de o problema acometer crianças e jovens de 3 a 15 anos. O nome gera polêmica e já foi alvo de tentativa de mudança. A causa desta patologia ainda é desconhecida e, em função disto, sequer existe consenso entre os pesquisadores quanto ao uso desta nomenclatura, já que não está cientificamente comprovado que é o aumento de peso ou de altura que gera a dor. O fato é que a expressão parece mesmo estar consagrada pelo uso há décadas. Há uma série de hipóteses que tentam explicar o aparecimento das dores, com intensidade bastante variável, podendo ir de leve a muito severa, e é por isso que algumas crianças reclamam e outras não, apesar de todas passarem pela fase de crescimento. Também não se pode afirmar que as crianças que crescem muito mais rápido sentem mais dores do que outras que não crescem tão rápido. Noto que sentir dor é bastante comum em fase de estirão, ou seja, de crescimento rápido. Também não é cientificamente confirmado que as dores surjam quando a criança pratica intensa atividade física.

Estima-se que 12,5% das crianças tenham ocasionalmente dor nos membros inferiores. Este tipo de dor pode afetar crianças de qualquer idade e é possível que haja prevalência das dores em crianças na faixa etária dos 6 anos e entre 10 e 14 anos, quando as crianças passam pelo estirão, mas não há estudos que comprovem estas informações. Os pais precisam levar as crianças ao médico quando as dores forem muito intensas ou frequentes. Como as dores são ocasionais, muitas vezes os pais não percebem a necessidade de consultar um especialista. Nas visitas de rotina ao pediatra, é preciso falar sobre as dores para que o médico avalie a necessidade de exames e também de ministrar algum medicamento.

Não existe um exame específico para diagnosticar a doença. A prática adotada é de que se verifique a ausência de outras doenças para chegar ao diagnóstico que, portanto, não é garantido. Na dúvida, o médico pode pedir exames laboratoriais, de imagem e cintilografia óssea para se certificar de que não há outras doenças. As dores do crescimento são muito difíceis de serem diagnosticadas, uma vez que as características clínicas típicas são apresentadas da mesma maneira que diversas outras doenças. O histórico da doença é marcado pelo surgimento de dores que desaparecem com a passagem da adolescência. Ela pode ser confundida com febre reumática, por causa da interpretação de alterações no resultado do exame ASLO, análise de sangue utilizada para diagnóstico da doença. Também pode ser confundida com hipermobilidade, que é um problema clínico nas articulações, que surge no final da adolescência, ou doenças hematológicas e até mesmo endocrinológicas.

Identificada a existência de dores do crescimento, a primeira coisa que o médico faz é explicar o curso natural da doença e ressaltar que se trata de uma doença benigna, isto é, não deixa sequelas, o que contribui para reduzir a ansiedade e o medo da criança e dos pais. As dores do crescimento são próprias de crianças sadias. Cabe ao médico lembrar que a criança precisa ser confortada em seus momentos de dor, para isso, os pais podem recorrer a compressas ou banhos quentes e massagens, que podem ser aplicadas na tentativa de reduzir a dor. Costumam ser indicados analgésicos e antiinflamatórios não esteróide. De toda forma, os medicamentos devem sempre ser ministrados de acordo com a receita médica. Alguns ortopedistas recomendam o uso de palmilhas para tentar aliviar as dores, principalmente se a criança apresentar tendência a ter pé pronado (chato). Atividade física com alongamento muscular também é indicada, exceto quando a criança pratica bastante atividade física e se desconfie que isto possa aumentar as dores. A recomendação de alimentação saudável, rica em vitaminas e cálcio, também é importante, apesar de não haver comprovação científica quanto a sua eficácia no tratamento da doença. Como se diz, mal não faz. Ressalto que não existem estudos substanciais que comprovem a eficácia de qualquer intervenção. O uso de pomadas não é recomendado, uma vez que pode mascarar a existência de outra doença, se for o caso.


Fabio Ravaglia

Médico ortopedista e presidente, desde 2005, do Instituto Ortopedia & Saúde (IOS) – organização não governamental que tem a missão de difundir informações sobre saúde e prevenção a doenças, principalmente aquelas associadas à terceira idade, e que organiza o Projeto Cidadania – Caminhadas com Segurança, evento mensal que incentiva a atividade física e conta com uma feira de saúde aberta à população para a realização de exames gratuitos. O dr. Fabio Ravaglia é membro do corpo clínico externo dos hospitais Albert Einstein, Oswaldo Cruz, Sírio Libanês e Santa Catarina; membro emérito da Academia de Medicina de São Paulo (cadeira 118, patrono Ernesto de Souza Campos) membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – Sbot; e diretor-presidente da Arthros Clínica Ortopédica.

O dr. Fabio Ravaglia é graduado pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp) com residência médica no Hospital do Servidor Público Estadual, especialização em coluna vertebral pelo Instituto Arnaldo Vieira de Carvalho (Santa Casa de Misericórdia de São Paulo) e mestre em cirurgia pela Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Foi o primeiro brasileiro aceito pelo programa do Royal College of Surgeons of England. Atuou como cirurgião ortopédico em hospitais ligados à Universidade de Bristol e fez especialização em cirurgia na Alemanha.
 

 


Autor: Dr. Fabio Ravaglia
Fonte: Printec Comunicação

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