Pode parecer cedo para pensar nisso, mas as jovens e adolescentes que um dia pensam na maternidade devem tomar cuidados hoje para não ter surpresas negativas no futuro. O alerta é do médico e especialista em reprodução humana, João Sabino da Cunha Filho, sobre o crescimento de meninas infectadas pela clamídia - bactéria intracelular de transmissão sexual, que pode causar infertilidade no futuro.

De acordo com Sabino, 1,5 milhão de pessoas são afetadas pela clamídia anualmente, mas acredita-se que este número seja de quase três milhões de mulheres. Ou seja, uma em cada 15 adolescentes tem Clamídia, considerada a doença sexualmente transmissível (DST) mais comum hoje nos Estados Unidos. No Brasil, não existem dados oficiais, mas “considerando o comportamento sexual da brasileira, que tem iniciado cada vez mais cedo e com mais parceiros, esses números devem ser maiores”, avalia Sabino.

“Às vezes a clamídia causa obstrução nas trompas e o tratamento é possível somente com fertilização in vitro”, destaca. Das causas de infertilidade feminina é a segunda maior, com 20% dos casos. A faixa mais predominante é entre os 15 e 19 anos. A infecção preocupa pela alta prevalência, transmissão sexual, associada à dor pélvica crônica e infertilidade. Além disso, mais de 70% dos casos são assintomáticos - só saberão quando forem buscar ajuda para engravidar ou na investigação da dor pélvica. “Mais um agravante: quem tem clamídia tem risco aumentado para outras DSTs, como AIDS”, alerta o especialista. A prevenção é sexo seguro, com uso de preservativos e consultas regulares ao ginecologista.

É possível fazer um diagnóstico da doença através de exame ginecológico e de secreções, mas o mais fácil é realizar por um exame de sangue. A boa notícia é que existe tratamento com antibióticos, mas as conseqüências a longo prazo, como a infertilidade, são mais difíceis de manejar.