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Leite materno, o alimento vital
 
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01/09/2009

Leite materno, o alimento vital

Apesar do avanço tecnológico ocorrido na indústria de alimentos, o leite materno constitui o melhor alimento para recém-nascidos e lactentes

É fundamental para o sucesso do aleitamento materno uma atitude de apoio dos profissionais envolvidos, uma atmosfera hospitalar propícia ao aleitamento e a percepção de que, embora seja um ato natural, muitas mães necessitam desta orientação e de apoio, principalmente nos primeiros momentos do contato do recém-nascido com o seio.

A importância do aleitamento materno

Os dois primeiros anos de vida do bebê se caracterizam, do ponto de vista nutricional, por uma maior vulnerabilidade. As necessidades nutricionais são proporcionalmente maiores do que as do adulto, em função do elevado metabolismo protéico e energético, superfície corpórea relativamente maior, com maior perda de água e calor através da pele; atividade muscular, desenvolvimento esquelético.

Além disso, a criança, nos primeiros meses de vida, requer cuidados especiais em relação à alimentação oferecida, que deverá satisfazer suas necessidades nutricionais e adequar-se à capacidade funcional e à maturidade neuropsicomotora.

Aspectos imunológicos do leite materno

As propriedades imunológicas do leite materno (LM) estão relacionadas a três grupos de fatores: fatores antimicrobianos; fatores antiinflamatórios e fatores imunomoduladores.

A quantidade de células imunes (de defesa) presentes no leite materno, nas duas primeiras semanas de lactação, aproxima-se da encontrada no sangue, com cerca de quatro mil células por milímetro cúbico, o que demonstra sua importância. Todas essas evidências mostram os inegáveis benefícios do aleitamento materno em curto e longo prazos, propiciando ao recém-nascido e ao lactente um desenvolvimento mais precoce do seu sistema imunológico, bem como reduzindo as taxas de mortalidade e morbidade das doenças infecciosas e alérgicas.

Proteínas, gordura e sais minerais

O leite humano contém todos os nutrientes necessários para a criança de quatro a seis meses de vida, na proporção exata, incluindo água. O recém-nascido, em aleitamento materno, geralmente não aceita a água. Deve-se, porém, considerar a complementação de água ante situações como vômitos, diarréia e transpiração excessiva.

A concentração de gorduras no leite materno é apenas um pouco mais elevada do que a encontrada no leite de vaca. Já a concentração de ácidos graxos essenciais, como o linoléico, é de sete a oito vezes mais alta no leite humano do que no de vaca. A gordura do leite humano é mais facilmente digerida e mais bem absorvida pela presença, no próprio leite, de lípase que, atuando nos triglicerídeos, os desdobram em ácidos graxos.

A quantidade de colesterol nos lactentes que são alimentados pelo leite materno é maior do que nos que usam o leite de vaca, o que gera resultados importantes para o desenvolvimento futuro com relação às defesas contra a doença aterosclerótica. Este fato favorece a indução de sistemas enzimáticos que regulam a biossíntese e o catabolismo do colesterol, o que se acredita ser importante na prevenção da doença aterosclerótica no adulto.

O leite de vaca contém três vezes mais proteínas do que o leite materno. A uréia, produzida pelo metabolismo protéico, pode representar sobrecarga para o rim relativamente imaturo nos recém-nascidos e nos bebês prematuros.

As proteínas presentes no soro do leite materno são: alfa-lactoalbumina, lactoferrina, lisozima, soroalbumina e imunoglobulinos IgA, IgG e IgM. O leite de vaca contém as mesmas proteínas, mas em quantidades diferentes. No entanto, possui betalactoglobulina, ausente no LM. A caseína, ao se precipitar, dá origem aos coalhos grandes e consistentes, de digestão mais difícil em relação às proteínas do soro. As betalactoglobulinas têm sido responsabilizadas pelas alergias provocadas pelo leite de vaca.

As proteínas do leite humano e da vaca diferem, também, em composição. Assim, a relação, por exemplo, da metionina/cistina é menor no leite humano do que no de vaca. Além do mais, o leite de vaca é pobre em nucleotídeos, glicoproteínas e poliaminas importantes para a síntese protéica.

O recém-nascido sadio parece ter, ao nascer, reservas adequadas de vitaminas, com exceção de vitamina K (o que é compensado por sua produção pela flora intestinal e pela administração rotineira de vitamina K, logo após o nascimento). A prescrição de vitamina D artificial é recomendável, especialmente em climas temperados e frios.

A quantidade de minerais encontrados no leite de vaca é três vezes maior do que no leite materno. Por isso, o leite de vaca precisa ser diluído para se tornar apropriado à alimentação do lactente com poucos meses de vida. A carga para excreção renal pode não ser bem tolerada pelo recém-nascido.

Embora a concentração de cálcio seja bem mais elevada no leite de vaca do que no leite humano, boa parte desse mineral é excretada como palmitado e, portanto, não é aproveitada. Tanto o leite materno como o leite de vaca apresentam baixas proporções de ferro. Porém, o contido no leite humano é mais bem absorvido, provavelmente devido à presença da vitamina C, que ajuda esta absorção.

Técnicas de aleitamento

A mama é formada por tecido glandular, tecido conjuntivo e gordura. O tecido glandular produz o leite que chega ao mamilo através de pequenos canais ou dutos. Antes de atingir o mamilo, os dutos se alargam e formam os chamados seios lactíferos, onde o leite é armazenado. Aproximadamente 10 a 20 dutos muito finos ligam os seios lactíferos ao exterior através da ponta do mamilo.

O mamilo é muito sensível, pois possui várias terminações nervosas. Isso é um importante fator para o desencadeamento dos reflexos que auxiliam a "descida" do leite. Ao redor do mamilo, há um círculo de pele mais escura chamado aréola, onde há pequenas elevações. São glândulas que produzem um líquido oleoso, e que ajuda a manter a pele do mamilo macia e em boas condições. Logo abaixo da aréola localizam-se os seios lactíferos.

A lactação é regida basicamente por reflexos. A sucção dos mamilos estimula a hipófise anterior a produzir prolactina, que, por sua vez, desencadeia a produção láctea pelos alvéolos mamários. A prolactina atua depois que a criança mama, e produz leite para a próxima mamada. Ela é produzida mais à noite. Portanto, o aleitamento à noite ajuda a manter uma boa produção de leite.

Com a sucção dos mamilos, tem-se também a liberação de ocitocina pela hipófise posterior. A ocitocina provoca a contração das células mioepiteliais que rodeiam os alvéolos lactíferos; assim sendo, o leite contido nos alvéolos passa ativamente para o sistema de drenagem da mama.

O reflexo da prolactina decorre, obrigatoriamente, do estímulo da sucção. Já o reflexo da ejeção tem natureza psicossomática, só ocorrendo quando a mulher está tranqüila e confiante. Assim sendo, se a mãe está ansiosa, preocupada, ou simplesmente desinteressada, o reflexo da ejeção ocorre de modo insatisfatório, ou mesmo deixa de existir, resultando no fracasso da lactação.

Livre demanda

Nos primeiros dias após o parto, as mamas parecem vazias. Produzem apenas pequenas quantidades do primeiro leite ou colostro, de cor amarelada. Depois de alguns dias, as mamas começam a ficar mais cheias e rijas. Começam a produzir uma grande quantidade de leite: é a apojadura. Às vezes, isso ocorre em dois dias, mas pode levar também quase uma semana. Se for permitido que a criança sugue sem horários rígidos, isto é, a todo o momento em que ela quiser, o leite descerá mais rápido. O desejo pelo leite é expresso pelo choro, que cessa quando criança é colocada ao seio.

A mãe deve ser informada de que a criança nasce preparada para enfrentar o período pré-lácteo e que, portanto, não é necessário complementar a alimentação, a não ser que o bebê perca peso em relação ao dia do nascimento em mais de 10%, depois de alguns dias.

Leite "fraco"

É uma das queixas mais freqüentes, em que a mãe diz ter bastante leite, mas a criança apesar de ingeri-lo, mesmo em grandes quantidades, não se satisfaz, e chora a intervalos curtos. Freqüentemente as pessoas comparam o leite materno ao leite de vaca, que é mais espesso e, habitualmente, permite intervalos mais espaçados entre as mamadas. É preciso explicar às mães que o maior intervalo entre as mamadas se deve exatamente à menor digestibilidade do leite da vaca, que ocasiona coágulos maiores e de maior consistência, impedindo, assim, o esvaziamento mais rápido no estômago da criança.

A avaliação do ganho do peso, bem como retornos mais freqüentes ao pediatra constituem medidas eficazes para melhor esclarecimento e orientação dessa mãe que está dando de mamar ao seu bebê.

Dúvidas freqüentes de mães que trabalham fora:

* é preciso que a mãe saiba que o bebê deve ser alimentado exclusivamente com leite materno enquanto ela estiver em casa;
* incentivar a mãe a amamentar sempre que estiver em casa;
* estimular a auto-ordenha do leite: muitas mulheres conseguem 400-500ml, mesmo depois da mamada. O leite a ser consumido em até 48h, após a coleta, pode ser refrigerado sem que haja proliferação bacteriana significativa; o congelamento é o método preferido para armazenar o leite que não for consumido dentro de 48h. Deve-se fazer o possível para coletar o leite em condições higiênicas com o mínimo de contaminação bacteriana.

Para as mães que trabalham fora:

* licença-maternidade: é de 120 dias. Pode ser tirada somente após o parto, ou distribuída em quatro semanas antes e doze semanas após o parto.
* aplicação da licença-gestante: por motivo de saúde da mãe ou da criança, o período de 120 dias pode ser ampliado em duas semanas antes, e duas semanas após o parto, mediante apresentação de atestado médico. Em casos excepcionais, esta ampliação poderá chegar até seis meses.
* direitos assegurados em relação a salário e à função: durante a licença-gestante, a mulher tem direito a salário integral, direitos e vantagens adquiridos. E quando ela voltar ao trabalho, poderá reassumir a função exercida antes do parto.
* descansos especiais durante o trabalho: até que seu filho atinja seis meses de idade, a mãe que volta ao trabalho tem direito a dois descansos especiais durante a jornada de trabalho, de meia hora cada, para que possa amamentá-lo. Este período poderá ser ampliado a critério médico.

Contra-indicações da amamentação:

* relativas à criança: fenilcetonúria e galactosemia;
* relativas à mãe: doenças que comprometem o estado geral da mãe e as psicoses (psicose puerperal);
* AIDS: cerca de metade das crianças de mães contaminadas nascem sem o vírus HIV. Por outro lado, sabe-se que o leite humano pode transmitir o vírus. Deste modo, as crianças que não nascem infectadas poderão vir a sê-lo através da amamentação.

Não constituem contra-indicação absoluta para amamentar a tuberculose, a hanseníase e a hepatite B. Mães com estas doenças devem ser orientadas pelo seu médico e pelo pediatra da criança com relação ao aleitamento.


Autor: Imprensa
Fonte: MedCenter MedScape

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