1. No que consiste o processo de castração química?

O termo "castração química" não é um termo médico. Este termo não é adequado, porque traz em seu bojo a idéia de punição, constrangimento, lesão corporal, sofrimento. É comum a confusão deste termo com uma das fases do tratamento de uma doença médica conhecida como pedofilia.

A imprensa e muitos profissionais não especializados também não conseguem definir o que é a pedofilia, uma doença de difícil diagnóstico e tratamento médico e psicológico. Desta forma, a confusão se torna ainda maior.

O tratamento médico da doença chamada pedofilia é um processo bastante longo e deve ser feito por profissionais altamente especializados. Existem várias etapas neste tratamento, incluindo a psicoterapia de linha cognitivo-comportamental específica para estes casos. Muitas vezes, associadas com a psicoterapia, medicações para controle do impulso sexual podem ser indicadas, para amenizar a compulsão de alguns pacientes na busca por excitação sexual com crianças.

Algumas medicações têm sido utilizadas para esta indicação, sempre associadas com a psicoterapia. Os antidepressivos são hoje a primeira escolha no tratamento destes casos. Quando não há resposta adequada com os antidepressivos e psicoterapia, outros manejos farmacológicos podem ser aventados, como outras medicações que podem controlar a impulsividade exacerbada e patológica.

Medicações que regulam a ação da testosterona podem ser recomendadas para alguns pacientes portadores desta grave doença médica, em menos de 10% dos casos. O tempo de uso destas medicações que regulam a ação da testosterona não excede em geral seis meses. As doses costumam ser baixas e a incidência de efeitos colaterais também tende a ser baixa, quando adequadamente administrada.

2. É um processo reversível? Tem algum prazo ou duração do efeito?

O tratamento com medicações reguladoras da ação da testosterona, que não significa "castração química", é um processo totalmente reversível. Deve sempre ser realizado por profissionais altamente especializados na matéria médica. Quando recomendada e aceita pelos pacientes e por seus familiares, o tempo de uso raramente excede 6 meses.

Vale lembrar que medicações reguladoras da ação da testosterona são recomendadas para menos de 10% do total de pacientes que de fato sofrem da grave doença médica conhecida como pedofilia. Os pacientes devem entender o processo terapêutico, aceitar o tratamento e ter o apoio de familiares.