A detecção precoce do câncer de mama é uma preocupação cada vez maior por parte da comunidade médica, principalmente, devido a sua alta incidência. Segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), cerca de cinquenta mil mulheres serão diagnosticadas com a neoplasia no Brasil, em 2010. A mamografia de alta resolução é o exame mais básico para detectar a doença. Com advento da mamografia digital, que produz imagens mais ricas em detalhes, a detecção dos tumores mamários melhorou. Agora, um novo exame, realizado por um aparelho de alta tecnologia que está chegando ao país promete revolucionar o diagnóstico: a tomossíntese.
A tecnologia possibilita fazer uma reconstrução tridimensional das imagens obtidas na mamografia digital. É o que explica Cláudia Mameri, mastologista responsável pelo Departamento de Prevenção e Detecção do Câncer de Mama da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM): “são adquiridas várias incidências mamográficas digitais em ângulos sequenciais. Essas várias imagens obtidas em seus respectivos ângulos são utilizadas pelo software do equipamento para a reconstrução tridimensional”. Ela acrescenta que a riqueza de detalhes oferecida por esse sistema permite que os médicos possam diferenciar mais facilmente os tumores de uma simples sobreposição de densidade glandular e outras dificuldades de diagnóstico em mamas densas.
Segundo Cláudia, o processo da tomossíntese é, para o paciente, muito similar à mamografia, pois utiliza o mesmo método de compressão das mamas. O número de recalls — repetições que o exame convencional exige — entretanto, é menor. Isso reduz significativamente o desconforto do exame, além de acelerar o processo de diagnóstico. Ainda assim, o exame necessita de algumas repetições: “cada compressão permite a aquisição de múltiplas imagens em diferentes ângulos, imagens estas que serão utilizadas na reconstrução tridimensional”, afirma a médica.
Entretanto, para a maioria, a tomossíntese ainda é uma realidade distante. O primeiro equipamento estará disponível ao público em uma clínica privada de São Paulo. A mastologista explica que, pelo alto custo do aparelho — o preço disponível para o mercado brasileiro passa dos 800 mil dólares — ainda vai demorar para que a tomossíntese seja difundida entre os pacientes de planos privados de saúde, e mais ainda, para a rede pública. “A grande maioria dos planos de saúde ainda nem reconhece preço diferenciado para a mamografia digital — o equipamento digital custa a partir de 600 mil reais contra 120 mil para o equipamento de mamografia de alta resolução”, esclarece.