O tipo de câncer mais frequente no Brasil é o de pele – segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) ele corresponde a 25% de todos os tumores malignos detectados no país. Esse número pode ser justificado pela cultura de exposição solar do brasileiro. No entanto, muito está sendo feito para prevenir o câncer de pele, como a proibição das camas de bronzeamento artificial e a aprovação na Câmara do projeto de lei que obriga o Sistema Único de Saúde (SUS) a distribuir protetor solar à população de baixa renda.
“Infelizmente a lei prevê a distribuição de um fator de proteção solar 12, quando o ideal seria 30, mas é melhor do que nenhuma proteção”, comenta Selma Cernea, coordenadora nacional da Campanha Contra o Câncer de Pele, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). A preocupação da médica é fundamentada: o principal fator de risco do câncer de pele é a exposição solar. “Por isso, o filtro solar é tão importante, ainda mais no caso de trabalhadores que não podem escolher um horário de menor incidência do sol para se exporem”, justifica.
Selma reforça que o uso do filtro solar é importante, mas outros cuidados devem ser tomados. “Quando a pessoa precisa se expor ao sol é necessário usar roupas de manga comprida, chapéu e óculos escuros. Isso vai aumentar a proteção”. Pessoas com pele clara ou histórico de câncer de pele na família devem ter os cuidados redobrados, pois fazem parte do grupo de risco da doença.
Identificando o câncer
Existem três tipos de câncer de pele: carcinoma basocelular (cerca de 70% dos casos de câncer de pele), carcinoma espinocelular ou epidermóide (25% dos casos) e melanoma (cerca de 4% dos casos). Selma explica que nos dois primeiros tipos a manifestação inicial é como uma lesão na pele, semelhante a uma picada de inseto, mas que não desaparece com o tempo. “Se a lesão aumenta de tamanho, vira ferida ou apresenta um sangramento, alguma coisa está errada”, afirma. Se existem essas alterações é preciso procurar um médico imediatamente: o diagnóstico precoce é a chave para o sucesso do tratamento do câncer de pele.
Já os melanomas surgem a partir das pintas. “Geralmente elas são pequenas, de uma só cor. É preciso monitorá-las: crescimento, alterações na coloração e sangue sem motivo são indícios de um melanoma”, comenta a médica. Ao identificar qualquer alteração também é preciso consultar um especialista – somente ele poderá fazer o diagnóstico correto.
Prevenção
Apesar dos esforços do governo, Selma defende o trabalho focado na educação. “Se as pessoas se conscientizarem de que tomar muito sol é um problema, será muito mais fácil trabalhar para minimizar os fatores de risco”, afirma. “O mesmo acontece com as camas de bronzeamento – por mais que o governo fiscalize é preciso que a população tenha consciência de que esse bronzeamento trará problemas a longo”, finaliza.