Dar à luz de forma natural, sem injeções e anestesia, dentro da própria casa? Ou optar por ter o bebê num hospital e contar com profissionais e equipamentos preparados para qualquer imprevisto? O nascimento do pequeno Felipe, filho de Andrea Santa Rosa e do ator Márcio Garcia, em casa, alimentou a polêmica em torno dos partos caseiros.
A criança veio ao mundo pelas mãos da enfermeira Heloísa Lessa, 48 anos, parteira há 20. Com 202 nascimentos no ‘currículo’, ela crê que a mulher precisa “colocar o bebê” por conta própria, sem interferências externas, na posição em que mais se sentir confortável e num ambiente acolhedor. Tudo isso para que os hormônios citocina e endorfina — necessários ao parto — sejam produzidos naturalmente.
Contrário à pratica, o obstetra João Leandro Costa, integrante da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro, acredita que a medicina evoluiu muito, a ponto de poder oferecer conforto para as mulheres também nos hospitais. Além disso, a segurança que mãe e filho têm em unidades de saúde é, para ele, fundamental. “Se um bebê fica cinco minutos sem oxigenação no cérebro, as seqüelas neurológicas serão para toda vida”, alerta o médico.
CASOS DE EMERGÊNCIA
Heloísa, que faz os partos sozinha, diz que deixa uma equipe médica de sobreaviso. “Se acontecer alguma complicação, a mulher é levada para o hospital”, avisa, acrescentando que o parto em casa garante risco menor de infecção. “Além disso, o contato do bebê com a mãe é maior, a chance de depressão pós-parto é bastante reduzida e a recuperação, mais rápida”, defende.
O obstetra João Leandro Costa diz que o socorro a uma mulher em trabalho de parto, em caso de complicações, tem de ser feito no máximo em 30 minutos. “Nesse tempo, muita coisa pode acontecer”, afirma.
A própria Heloísa diz que há restrições para o parto em casa. “Mulheres que têm patologias como hipertensão, diabetes, ou que já fizeram mais de uma cesárea devem optar pelo procedimento hospitalar”, afirma. Felipe nasceu dia 10, com 3.950kg e 50cm. Marcio assistiu tudo, enquanto os filhos — Pedro, 4 anos, e Nina, 3 — dormiam.