Durante as comemorações da XXXVI Semana de Enfermagem do Hospital São Lucas da PUC/RS e XI Semana de Enfermagem da FAENFI (Faculdade de Enfermagem, Nutrição e Fisioterapia/ PUCRS) ofereceu uma série de atividades, dentre a qual se destaca a Sessão Especial de Cinema, com o médico psiquiatra e diretor do Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (SINDIHOSPA), Eduardo Hostyn Sabbi, da Clínica Vitalis.
O evento foi realizado no Anfiteatro do Hospital e contou com a presença de diversos profissionais da área. Durante quase duas horas, o público assistiu ao filme “Intocáveis” (veja box).
Após, Sabbi o expôs algumas situações que acontecem no dia a dia dos pacientes e seus cuidadores, abordadas no filme. “A trama dá margens para várias interpretações. Quando perguntei a vocês o que acharam do filme, alguns relataram o lado de quem trabalha com as situações abordadas. Agora, tentem avaliar pelo enfoque do paciente”.
O filme possui como tema principal o afeto. “Afeto é uma moeda que nunca se perde. Por que o nome do filme se chama “Intocáveis”? Porque antes de os dois se conhecerem, eles eram intocáveis. Intocáveis no sentido de não deixar que ninguém se aproxime para ajudar, até um conhecer o outro e quebrar a barreira paciente-enfermeiro”, afirma Sabbi.
A lição que esse filme traz é da necessidade de perceber o ser humano. “O ambiente hospitalar muitas vezes cria um distanciamento entre o paciente e o enfermeiro. As pessoas, quando vão a um hospital, estão muito debilitadas e tendem a se distanciar. É preciso que os médicos e enfermeiros quebrem essa barreira”, conclui o psiquiatra.
BOX – Resumo do Filme Intocáveis
Inspirado em fatos reais, o filme acontece em Paris, onde um tetraplégico rico procura alguém que possa trabalhar como seu cuidador. Começa então um relacionamento certamente incomum quando surge um rapaz dono de uma grande autoestima (Driss), que contrasta com os demais pretendentes que observavam apenas o óbvio e limitado paciente em sua cadeira de rodas. A compaixão passiva, quando a piedade passa a limitar a visão sobre o outro, não é a ideia de Driss, interpretado por Omar Sy, negro, pobre que inicialmente nem se interessava pelo emprego, mas seduzido pela casa do milionário resolve experimentar trabalhar com Philippe (François Cluzet), com uma história de vida completamente diferente da sua, fazendo com que esse relacionamento, inicialmente improvável, se transforme em uma troca de experiências e uma amizade verdadeira entre dois opostos. Justamente porque Driss encara o outro como igual, extrapolando o conceito que o corpo físico - embora aprisionado - também pode e, necessariamente, deve alçar voos mais altos. Situações divertidas e emocionantes são relatadas de forma muito espirituosa e convincente pela dupla de atores, surpreende pela contagiante leveza e dignidade com que é tratado um tema tão dramático e delicado, sobretudo, pela possibilidade em instigar a perceber que as limitações, mesmo graves e determinantes, podem ser redimensionadas e possíveis, afinal destinos frágeis também são destinos dignos.