O estresse da vida moderna e até mesmo a TPM são alguns dos vilões que contribuem para o surgimento das aftas. As pequenas lesões na mucosa bucal, que podem aparecer isoladamente ou de forma múltipla, costumam ser mais comuns nas mulheres, em grande medida devido às alterações hormonais resultantes do ciclo menstrual. Quem explica é a especialista em Cirurgia Buco-maxilo-facial e Fisiologista do Centro Clínico Gaúcho, Rosângela Raffaelli Lopes. Ela ainda ressalta que pesquisas médicas apontam que 20% da população mundial sofre com as aftas em algum momento da vida. “Os casos mais frequentes acontecem, geralmente, durante a adolescência e na fase entre os 30 e 40 anos de idade, um dos períodos mais produtivos na carreira profissional”, esclarece. Para conhecer melhor a doença, a especialista responde às dúvidas mais frequentes dos pacientes sobre as aftas. Confira:

O que são as aftas?
A afta é uma ulceração causada por uma resposta auto-imune da boca que, ao invés de atuar contra ataques bacterianos, acaba agindo contra os tecidos normais, ocasionando as lesões. O tipo mais comum de afta é a menor, que possui mais ou menos 1 cm de diâmetro e tem reparação entre cinco e 10 dias, sem deixar cicatrizes. Já as maiores podem medir até 4 cm e são mais dolorosas, incapacitando o paciente para suas atividades habituais. Estas últimas podem durar até seis meses, deixando cicatrizes fibrosas e definitivas. Existem, também, as aftas herpetiformes, que recebem este nome por se assemelharem a lesões causadas por herpes, mas que não possuem causa viral.

Quais são os sintomas e as causas mais comuns?
Os sintomas podem aparecer um ou dois dias antes da afta surgir. É comum sentir ardor ou um tipo de queimação na região afetada e, eventualmente, quando as aftas aparecem em maior número, podem surgir também gânglios no pescoço (conhecidos como ínguas), cansaço e até febre.

Existem diversas causas para o surgimento das ulcerações. As mais comuns são:

• Fatores psíquicos, como o estresse, que ocasiona a baixa da imunidade e resseca a boca, diminuindo as defesas da mucosa bucal;
• Traumatismos, incluindo mordidas, atos cirúrgicos, tratamentos dentários e aparelhos ortodônticos;
• Alterações endócrinas, como o período pré-menstrual, em que a concentração sanguínea de progesterona é reduzida, ocasionando o surgimento;
• Fatores alérgicos, em que pacientes apresentam as ulcerações devido a alergias a medicamentos e alimentos, incluindo também a quimioterapia;
• Alimentos ácidos, como o abacaxi, que diminuem a proteção da mucosa bucal;
• Fatores hereditários, em que algumas pessoas apresentam menor proteção da mucosa bucal;
• Deficiência de ferro, ácido fólico e vitamina B12, substâncias encontradas em alimentos como em carnes vermelhas, folhas e legumes verde-escuros.

Como não se tratam de ulcerações causadas por bactérias ou vírus, as aftas não podem ser transmitidas de uma pessoa para a outra.

Como prevenir e tratar?
A dica da especialista Rosângela Raffaelli Lopes é evitar os agentes causadores, como os alimentos e condimentos ácidos, manter uma dieta rica em ferro, ácido fólico e vitamina B12 e buscar alternativas para combater ao estresse.
Com um ciclo de até 10 dias, as aftas cicatrizam mesmo sem tratamento. O uso de corticóide tópico sobre as lesões, no entanto, pode ajudar, acelerando a cicatrização e diminuindo a dor. Se as úlceras persistirem por mais tempo, o paciente deve consultar um especialista, pois é possível que o caso não seja diagnosticado como afta, mas, sim, como outra patologia.