
Novas técnicas empregadas em cirurgias de coluna vêm oferecendo aos pacientes, médicos e demais envolvidos nestes procedimentos importantes avanços no pós-operatório e na qualidade de vida de todos. O Hospital Mãe de Deus já contabiliza os avanços de um novo procedimento adotado há dois anos pelo seu Instituto de Traumatologia e Ortopedia.
Em 2010, o Hospital adquiriu para uso do Instituto de Traumatologia e Ortopedia um equipamento de tomografia intra-operatória (O-ARM) e navegador (STEALTH STATION), utilizados para aumentar a segurança da fixação de parafusos na coluna durante cirurgias para as mais diversas patologias, como doenças degenerativas, escoliose, colocação de prótese de disco cervical, fraturas e tumores.
“A cirurgia com o uso do tomógrafo associado ao navegador e com monitorização medular aumenta a segurança, à medida que reduz a possibilidade de os parafusos serem colocados incorretamente, o que pode acarretar lesões com consequente dano neurológico ou vascular e a necessidade de nova operação”, afirma Dr. Sérgio Hennemann, traumatologista, um dos responsáveis pelo Instituto e pela implantação da técnica no Mãe de Deus.
Das mais de 230 cirurgias de coluna realizadas desde outubro de 2010 com uso do tomógrafo intra-operatório, uma terça parte foi associada ao uso da navegação trans-operatória. Nestas, foram colocados 1675 parafusos pediculares e apenas 7 foram mal posicionados e necessitaram ser reposicionados sem nenhum dano neurológico irreversivel aos pacientes.
A chamada fixação pedicular foi introduzida em 1989 e é feita com referências anatômicas, ou seja, o médico direciona o parafuso a partir de seu conhecimento em anatomia, o que é mais arriscado especialmente em situações em que a coluna apresenta deformidades, como a escoliose. 

Na última década, a eficácia deste procedimento melhorou com o uso da monitorização medular, mas mesmo assim, ainda eram relativamente frequentes os casos em que os parafusos invadiam a parede do pedículo, sem que a monitorização acusasse, causando sintomas neurológicos.
Além disso, a técnica com referências anatômicas necessita do uso de rx de controle para a colocação de cada parafuso , o que se faz com o chamado intensificador de imagens, deixando toda a equipe cirúrgica exposta às radiações. Com o uso do tomógrafo, as imagens são adquiridas no início da cirurgia com a equipe fora da sala de cirurgia , não havendo, portanto, exposição às radiações do rx.
“Uma revisão da literatura mundial realizada recentemente avaliou a colocação de 14570 parafusos em 1666 pacientes. O resultado foi 15,7% dos parafusos mal posicionados, número que cai para menos de 4% nas cirurgias com navegador”, afirma Hennemann.
Na cirurgia com navegador faz-se uma tomografia apenas no início do procedimento. O tomógrafo faz cortes seriados e reproduz imagens tridimensionais intraoperatórias de alta resolução. Essas imagens são lançadas ao navegador. Um arco de referência com esferas reflexivas é fixado na coluna do paciente. O navegador possui uma câmera de infravermelho que faz a leitura da localização espacial do paciente e das estruturas da coluna e sobrepõe as imagens que está captando nas imagens da tomografia, mostrando com precisão o local certo para a colocação do parafuso, bem como seu diâmetro e tamanho compatíveis com a coluna do paciente. “A NAVEGAÇÃO permite ao cirurgião visualizar, em tempo real, a projeção dos instrumentais e implantes sobre imagens tomográficas adquiridas da coluna do paciente no intra-operatório”, explica Hennemann.
Estes equipamentos, que aumentam consideravelmente a segurança da cirurgia da coluna, já estão sendo pagos por alguns convênios de saúde.