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Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre
 
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12/08/2014

Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre

Especialistas discorrem sobre a morte e as possibilidades de amenizar o sofrimento

Na terça-feira (29/07), o anfiteatro Schwester Hilda Sturm, do Hospital Moinhos de Vento, foi palco de discussão sobre o tema “Como e Onde devemos morrer”, com a presença do superintendente médico da Instituição, Luiz Antônio Nasi, o chefe do Serviço de Bioética do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, José Roberto Goldim e a escritora Lya Luft.

O evento que lotou o anfiteatro dá continuidade à série de reuniões conhecidas como Grand Rounds, que visam a atualização e a troca de conhecimentos entre médicos, colaboradores e convidados.

Na abertura, o coordenador de especialidades médicas do Hospital Moinhos de Vento,Gabriel Dalla Costa, deu as boas vindas ao público e destacou a importância de um olhar sobre um tema tão delicado quanto esse, que envolve a relação médico-paciente.

Luiz Antônio Nasi, que coordenou a discussão, lembrou que a Instituição está cada vez mais preocupada em humanizar o tratamento concedido aos pacientes, principalmente em setores como a UTI. “Talvez a medicina seja a única que luta com Deus frente a frente com o desafio da morte”, destaca o médico intensivista. Parafraseando o novo livro de Lya Luft, “O tempo é um rio que corre”, Nasi ressalta que o tempo é um rio que corre e que não devolve nada pra nós ao longo desse tempo.

José Roberto Goldin, Lya Luft e Luiz Antônio Nasi

Reflexões de um caso clínico

O vídeo “Facing Death” (diante da morte) foi lançado para os convidados para discutir um caso clínico de um paciente terminal, com enfoque no papel do profissional de saúde em relação ao paciente e aos seus familiares. “How far would you go to sustain the life of someone you love, or you own?” (Até onde você iria para sustentar a vida de alguém que você ama, ou a sua própria?)

Para a escritora Lya Luft, a morte deveria ser exatamente como é o nascimento, um fim do nosso ciclo. Lya acredita que a medicina deve se empenhar em tornar mais humano o atendimento. “A medicina, embora, traga com ela todo o heroísmo tecnológico para salvar uma vida, não deveria impedir o paciente terminal de ter seus instantes finais em casa, cercado pela família, rodeado de seus cheiros e de seus lençóis, ressalta.

José Roberto Goldim, uma das principais personalidades em Bioética no Brasil e América Latina, lembra que o início do século 20 foi comemorado como o século da paz. “A partir do final da 1º guerra mundial mudam os rituais de despedida na sociedade. O segundo cenário é que a medicina, com o passar das décadas, se torna mais científica e se afasta da relação médico-paciente-família, e acaba se distanciando da humanização na saúde. O tema da morte se perdeu no ambiente familiar e isso se desloca para dentro do hospital e das UTIs, onde os médicos ficam atônitos e não sabem como lidar com essa realidade”.

Segundo Goldim, os hospitais precisam se preparar para uma nova realidade: o paciente que deseja morrer em casa. Ele diz que se confronta com essa realidade todos os dias no Hospital de Clínicas de Porto Alegre e que esse tipo de situação exige acompanhamento multidisciplinar. A família precisar estar respaldada. “Cada caso precisa ser avaliado e os profissionais de saúde precisam estar cientes, a família com acompanhamento em casa, pois envolve questões éticas, deontológicas e legais. E, obviamente, as instituições precisam estar preparadas para fazer isso, em todos os quesitos”, conclui.

Eutanásia e sua ambiguidade

Para Goldim, a palavra eutanásia tem sido utilizada de maneira confusa e ambígua, pois tem assumido diferentes significados, conforme o tempo e o autor que a utiliza. Conforme Goldim, o termo eutanásia vem do grego, podendo ser traduzido como "boa morte" ou "morte apropriada". O termo foi proposto por Francis Bacon, em 1623, em sua obra "Historia vitae et mortis", como sendo o "tratamento adequado as doenças incuráveis". Existem alguns tipos de eutanásia, dois deles, os mais conhecidos, são: a eutanásia voluntária e a involuntária, onde na primeira o paciente se mostra a favor da decisão (normalmente é ele quem pede por isso) e no segundo caso o paciente não se manifesta (geralmente porque já não consegue responder por si).

Ele explica que o primeiro país a autorizar a prática da eutanásia foi a Holanda, em abril de 2002. Dez anos depois, apenas Bélgica e Luxemburgo criaram legislações para impedir a condenação dos médicos responsáveis por garantir “a prática da boa morte” a pacientes em estado terminal ou vítimas de doenças incuráveis. No Brasil, a prática, atualmente, é enquadrada como homicídio comum, com penas que podem chegar a 20 anos. Está tramitando no Senado Federal o projeto de lei 125\96, elaborado, desde 1995, estabelecendo critérios para a legalização da “morte sem dor”. O projeto prevê a possibilidade de que pessoas com sofrimento físico ou psíquico possam solicitar que sejam realizados procedimentos que visem a sua própria morte. No site do especialista (www.bioetica.ufrgs.br) é possível ter acesso a todas as questões que envolvem bioética.

Corpo clínico atento à discussão

Durante o evento a participação de médicos e jornalistas presentes na plateia enriqueceram o debate. Foram levantadas questões como a atuação correta frente à morte e a abordagem adequada diante de um paciente que está morrendo. Tanto a literatura quanto a ciência compartilham que o bom senso e a vontade do paciente devem ser levadas em conta e ponderadas em casos extremos.

Conheça um pouco mais sobre os palestrantes

Lya Luft - A escritora nasceu no dia 15 de setembro de 1938, em Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul. Estudou em Porto Alegre (RS), onde se formou em pedagogia e letras anglo-germânicas. Iniciou sua vida literária nos anos 60, como tradutora de literaturas em alemão e inglês. Lya Luft já traduziu para o português mais de cem livros. Entre outros, destacam-se traduções de Virginia Wolf, Reiner Maria Rilke, Hermann Hesse, Doris Lessing, Günter Grass, Botho Strauss e Thomas Mann. Algumas obras da autora, que tem a temática morte: O quarto Fechado (1984), O Lado fatal (1989), A Asa esquerda do Anjo (1981) e Perdas e ganhos (2003)

José Roberto Goldim - O Professor José Roberto Goldim é uma das principais personalidades em Bioética no Brasil e na América Latina. Ajudou a introduzir o tema no Brasil junto com o Professor Irmão Joaquim Clotet, e tem contribuído de forma decisiva para o debate destas questões. Goldim é biólogo de formação, atualmente atua como pesquisador responsável pelo Laboratório de Pesquisa em Bioética e Ética na Ciência. Algumas obras: Consentimento informado e a sua prática na assistência e pesquisa no Brasil, Manual de iniciação à pesquisa em saúde, Seleção de sexo e bioética e Bioética e espiritualidade.

Luis Antônio Nasi – Superintendente médico do Hospital Moinhos de Vento, médico intensivista, graduado em Medicina pela PUCRS em 1980. Nasi tem mestrado em Ciências da Saúde pela UFRGS e especialização em Terapia Intensiva Brasileira (AMIB). É também chefe da Unidade Vascular do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e professor do Departamento de Medicina Interna da Faculdade de Medicina da UFRGS. Algumas obras: Rotina em Unidade Vascular, Rotinas em Pronto Socorro.  


Autor: Marketing HMV
Fonte: Shirlei Raquel Manteufel

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