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Higienização das mãos combate a superbactéria KPC
 
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27/10/2011

Higienização das mãos combate a superbactéria KPC

O problema é serio, mas a solução é simples. Os especialistas afirmam que lavar as mãos é a principal arma para controlar a disseminação

Devido à disseminação da contaminação originada por bactérias produtoras de Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase (KPC) em vários estados do Brasil desde o início do ano, a equipe do SIS.SAÚDE buscou ampliar as informações a respeito desse tema. Para isso, conversou com os representantes dos Serviços de Controle de Infecção Hospitalar dos principais hospitais de Porto Alegre (RS). A intenção foi verificar que medidas as instituições estão desenvolvendo com o objetivo de prevenir e controlar a infecção hospitalar. Visando otimizar a informação, a matéria conta também com vídeos das entrevistas realizadas que podem ser acessados ao longo do texto.

Participaram das entrevistas os seguintes profissionais:

  • Ana Maria Sandri, infectologista e chefe do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital São Lucas da PUC-RS; 
  • Anelise Pezzi Alves - infectologista e integrante do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Grupo Hospitalar Conceição;
  • Fabiano Ramos - infectologista e coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Ernesto Dornelles;
  • Juliana Gil Prates - enfermeira e integrante do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Sistema de Saúde Mãe de Deus;
  • Maria de Lourdes Ravanello - enfermeira e coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Moinhos de Vento;
  • Patrícia Reis Pereira - infectologista e integrante do Serviço de Prevenção e Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Divina Providência;
  • Rodrigo Pires dos Santos - infectologista e coordenador da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital de Clínicas de Porto Alegre;
  • Teresa Sukiennik - infectologista e coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Complexo Hospital Santa Casa.

PREVENÇÃO E CONTROLE DA INFECÇÃO HOSPITALAR EM PORTO ALEGRE

Ana Maria Sandri, infectologista e chefe do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital São Lucas da PUC-RS, explica que o Controle de Infecção Hospitalar, em todos os hospitais, tem a função de realizar vigilância das bactérias que possuem maior resistência aos antibióticos. Dessa forma, os hospitais realizam avaliação diária dos ambientes de maior risco de infecções, tais como as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), as áreas com maior uso de antimicrobianos e as com pacientes que apresentam casos clínicos de maior gravidade.

Segundo a Coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Moinhos de Vento, Maria de Lourdes Ravanello, a Vigilância Sanitária da Prefeitura de Porto Alegre é bastante atuante. Uma de suas principais ações é realizada por meio da Comissão Municipal de Controle de Infecções em Estabelecimento de Saúde, que efetua reuniões periódicas com os representantes dos hospitais da capital gaúcha. Maria de Lourdes informa também sobre a existência da Sociedade Gaúcha de Infecção Hospitalar e do Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (Sindihospa). De acordo com a especialista, ambas as instituições são atuantes, principalmente na promoção de eventos para a discussão de medidas importantes voltadas à prevenção e ao controle das infecções hospitalares.

Já a infectologista Teresa Sukiennik, do Complexo Hospitalar Santa Casa, enfatiza que essa Comissão de Controle de Infecções Hospitalares da Prefeitura atua de forma intensiva desde o ano de 2009, estabelecendo o detalhamento das medidas advindas do Ministério da Saúde. “A partir disso, foi criado um protocolo estabelecido para a Capital, visando a prevenção e o controle das infecções hospitalares, que é seguido por todos os hospitais”, afirma.

Anelise Pezzi Alves, infectologista e integrante do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Grupo Hospitalar Conceição, diz que todos os casos suspeitos de infecção por bactérias multirresistentes devem ser informados à Vigilância Sanitária da Capital. Ela informa que os exames desses pacientes são encaminhados para os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen) para uma análise mais rigorosa e detalhada do tipo de bactéria.

Ademais, a Comissão Municipal de Controle de Infecções em Estabelecimento de Saúde, ligada à Secretaria Estadual de Vigilância Sanitária (SEVS) da Capital, possui o papel de monitorar infecções relacionadas a microrganismos multirresistentes, controlar e prevenir surtos hospitalares, avaliar indicadores de vigilância epidemiológica e elaborar instrumentos para auxiliar os profissionais de saúde.

AÇÕES DESENVOLVIDAS PELOS HOSPITAIS ( assista aos vídeos)

No Sistema de Saúde Mãe de Deus, está ocorrendo uma revisão de todas as rotinas de precauções das infecções hospitalares com o objetivo de adesão dos profissionais da entidade à campanha de lavagem das mãos - principal medida incentivada para o combate à contaminação, assim como ao uso de luvas e de avental no atendimento de pacientes que são suspeitos de estarem contaminados. A enfermeira do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar da Instituição, Juliana Prates, explica que tais medidas representam uma mudança de cultura e de comportamento. Por isso, o trabalho de conscientização é desenvolvido de forma intensa na Instituição. Dessa forma, a prioridade recai nas medidas de contato. “As medidas ambientais devem ser rotineiras, pois o hospital deve estar sempre limpo em qualquer situação", comenta.

Maria de Lourdes Ravanello diz que, no Hospital Moinhos de Vento, as medidas de prevenção das bactérias multirresistentes são rigorosas, especialmente em relação à lavagem das mãos, ao uso de equipamentos de proteção pelos profissionais e à higiene da Instituição. “O Hospital segue todos os protocolos preconizados", afirma. Além disso, o cuidado é redobrado em relação aos pacientes que são transferidos de outros hospitais, pois eles são colocados em medidas de precaução e também são realizados exames para verificar se são portadores de algum tipo de bactéria multirresistente, mesmo que não tenham sinal de infecção.
 

No Hospital São Lucas da PUC-RS, existe uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar composta por profissionais de diversas áreas que se reúnem, pelo menos uma vez por mês, para discutirem os problemas encontrados no Hospital. A infectologista e chefe do Serviço de Infecção Hospitalar do Hospital, Ana Maria Sandri, comenta que, pelo fato do São Lucas ser um hospital-escola, existe uma grande circulação de pessoas, especialmente de alunos, o que torna necessário um trabalho mais específico de conscientização com esses profissionais. Portanto, a área de Controle de Infecção Hospitalar é bastante atuante.
 

O médico infectologista e coordenador do Serviço de Controle de Infecção do Hospital Ernesto Dornelles, Fabiano Ramos, acrescenta que o trabalho desenvolvido na Instituição prioriza a prevenção, abordando especialmente os pacientes mais críticos que são naturalmente os de maior risco a desenvolver infecções hospitalares, pois com grande frequencia necessitam usar cateter venoso central, ventilação mecânica, sonda vesical e antibióticos de amplo espectro, que facilitam a quebra das barreiras naturais dos individuos. “Temos protocolos com medidas seguidas diariamente. Além disso, são ministrados treinamentos em todas as áreas do Hospital que abordam temas a cerca da prevenção das infecções hospitalares”, relata.

De acordo com o infectologista e coordenador da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Rodrigo Pires dos Santos, são avaliados em torno de 150 prescrições de antibióticos diariamente pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar. As prescrições são recebidas pelo sistema informatizado do Hospital e, após avaliação, são realizadas recomendações aos médicos que as prescreveram. Assim, o serviço tem o papel de fornecer dados epidemiológicos e de auxiliar aos profissionais que atendem aos pacientes. O especialista acrescenta que o Hospital está desenvolvendo uma campanha para que o paciente auxilie no próprio tratamento ao perguntar ao profissional de saúde se higienizou as mãos antes de realizar alguma ação de contato.

 

A infectologista e integrante do Serviço de Prevenção e Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Divina Providência, Patrícia Reis Pereira, comenta a existência de uma série de medidas que são utilizadas na Instituição quando um paciente apresenta alguma bactéria que é pouco sensível aos antibióticos. Além disso, ela enfatiza que é realizada uma visita diária a todos os pacientes das UTIs adulto e neonatal, bem como os cirúrgicos. Segundo a médica, todos os exames de cultura também são avaliados pelo Serviço de Prevenção e Controle de Infecção Hospitalar.

Acrescenta-se que as representantes do Complexo Hospital da Santa Casa e do Grupo Hospitalar Conceição informam que ambas as instituições seguem todos os protocolos orientados por lei e que medidas preventivas são estabelecidas como rotina. "Todas as recomendações de treinamento, higienização e precaução estão sendo tomadas pela Santa Casa", diz Teresa Sukiennik. A infectologista Anelise Pezzi Alves, do Grupo Hospitalar Conceição, confirma que, dentre as medidas tomadas, a higienização das mãos é a principal como forma de prevenção às bactérias multirresistentes.

Segundo Rodrigo Pires dos Santos, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, existem cinco momentos que o profissional de saúde deve higienizar as mãos: antes de e após tocar o paciente, antes de procedimentos com os pacientes, após o contato com materiais orgânicos e após o contato com as superfícies ao redor do paciente; e que os pacientes devem estar atentos também a esses cuidados. "Nesses cinco momentos, eu devo higienizar as mãos independente de eu achar que minhas mãos estejam limpas ou não", comenta. 

Patrícia Reis Pereira, do Hospital Divina Providência, diz que a higiene das mãos deve ser seguida por todas as pessoas, não apenas pelos profissionais de saúde. "Todos nos devemos fazer a nossa parte", enfatiza.

Assim, com o apoio de profissionais do Hospital Moinho de Ventos, um vídeo foi preparado para ensinar a lavagem adequada das mãos, pois existem técnicas que devem ser seguidas. Assista ao vídeo abaixo e aprenda como as mãos devem ser lavadas.

 

Nesse sentido, as orientações estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), na Nota Técnica Nº. 01/2010, estão sendo seguidas pelos principais hospitais de Porto Alegre no referente à prevenção e ao controle das infecções hospitalares, que são:

  • Manter o sistema de vigilância epidemiológica das infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) que permita o monitoramento adequado de patógenos multirresistentes, em parceria com o laboratório de microbiologia.
  • Fortalecer a política institucional de uso racional de antimicrobianos.
  • Enfatizar a importância da higienização das mãos para todos os profissionais de saúde, visitantes e acompanhantes.
  • Reforçar a aplicação de precauções de contato em adição às precauções-padrão para profissionais de saúde, visitantes e acompanhantes.
  • Avaliar a necessidade de implementar medidas de coorte em relação a profissionais de saúde e pacientes.
  • Avaliar a necessidade de implantar coleta de culturas de vigilância, de acordo com o perfil epidemiológico da instituição.
  • Enfatizar as medidas gerais de prevenção de IRAS no manuseio de dispositivos invasivos.
  • Enfatizar as medidas gerais de higiene do ambiente.
  • Aplicar, durante o transporte intra-institucional e inter-institucional, as medidas de precauções de contato, em adição às precauções-padrão para os profissionais que entram em contato direto com o paciente, incluindo o reforço nas medidas de higiene do ambiente.
  • Comunicar, no caso de transferência intra-institucional e inter-institucional, se o paciente é infectado ou colonizado por microrganismos multirresistentes.
  • Não se recomenda a interrupção da assistência em serviços de saúde como medida de controle de microrganismos multirresistentes. Medidas sanitárias que conduzam a interrupção da assistência em serviços de saúde devem ser avaliadas criteriosamente, em conjunto com as autoridades locais e entre os níveis de gestão do sistema de saúde.

 

 


Autor: Entrevistas: Elisa Barcellos; Roteiro: Marli Appel
Fonte: SIS.Saúde

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