O Brasil consome cerca de 19% do mercado de agrotóxicos do mundo. A fonte de renda concentrada no agronegócio estimula este índice, já que já que a agroindústria representa 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Os "Resíduos de Agrotóxicos e Qualidade de Água para o Consumo" foram o tema central do primeiro dia do ciclo de palestras "Saneamento e Ambiente". A conclusão da capacitação gratuita foi rápida e preocupante: o Brasil ainda não possui um sistema eficaz de gerenciamento de dados no que se refere a substâncias que ingerimos através da água.
- Dados de ocorrência em águas no Brasil são muito poucos. E precisamos avançar. Falta um programa de monitoramento de substâncias, bem como um banco de dados representativo de ocorrência com os respectivos critérios para identificação. Precisamos capacitar profissionais para a interpretação destes resultados. O caminho deve ser este, pois esta foi a trilha que todo o mundo seguiu - aponta a professora da Faculdade de Tecnologia da Universidade de Campinas (Unicamp), Gisela de Aragão Umbuzeiro.
Na bacia hidrográfica do Guaíba, são encontrados mais de quatro litros de Glifosato por pessoa. Este foi um dos dados preocupantes apresentados pelo segundo palestrante do dia, o engenheiro agrônomo do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Salzano Barreto. Estes dados levam o Rio Grande do Sul a estabelecer um novo ranqueamento de produtos, através de um vasto trabalho de campo realizado pelo órgão. Os compostos mais críticos dispostos nas bacias hidrográficas gaúchas são o Glifosato, Acetato, Difeconazol, Metamidofós, Metalaxil-m Cipermetrina, Diflubenzurom, Folpete, Tiofanato Metílico e Carbofuran.
- Dos dez mais críticos do estado, só três estão na Portaria 2914, de 2011, que além de diversos outros parâmetros, dita os limites para agrotóxicos e condições de potabilidade da água para consumo humano no país. A partir disso, devemos estabelecer novos parâmetros de fiscalização e restrição de uso, para cercar este problema. Já foi instituído um grupo técnico para propor uma portaria complementar aos parâmetros de agrotóxicos presentes na portaria que é de âmbito nacional - considera Salzano Barreto.
O grupo composto por diversos órgãos interessados no tema estabelecerá 49 parâmetros adicionais para a água para consumo humano no estado, distribuídos pelas 24 bacias hidrográficas gaúchas. Os dados estarão disponíveis para consulta pública em janeiro de 2014.
O segundo encontro, que ocorre na quinta-feira (28/11), discutirá a "Redução das Perdas de Água Tratada: Um Desafio para o Setor de Saneamento". O chefe do Programa Especial de Controle de Perdas de Água da Corsan, Ricardo Röver Machado, será um dos palestrantes do dia. Também serão contemplados os instrumentos de gestão, equipamentos e materiais no controle das perdas de água tratada.
A atividade tem entrada gratuita e vagas limitadas. O evento de capacitação é realizado na sede do Senge-RS, situada na Avenida Érico Veríssimo, 960, em Porto Alegre. Informações adicionais podem ser obtidas através do telefone (51) 3212-1375 ou pelo e-mail abes-rs@abes-rs.org.br.
Sobre a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental
A ABES é uma organização não governamental, fundada em 1966, com o objetivo de desenvolver e aperfeiçoar as atividades relacionadas com a Engenharia Sanitária e Meio Ambiente, e fomentar a consciência social e as ações que atendam às demandas de conservação e melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida da sociedade brasileira. Dispõe de uma sede nacional localizada no Rio de Janeiro com representação nas 27 Unidades da Federação através de suas Seccionais e Sub-Seccionais. A seção estadual do Rio Grande do Sul conta com a presidência de Darci Barnech Campani.
