A artrose, doença que já afeta 9,9 milhões de brasileiros e que até 2015 deve crescer 24%, passando a atingir 12,3 milhões de pessoas, é o tema do livro “Osteartrite – Artrose – cenário atual & tendências no Brasil”. A publicação acaba de ser produzida por especialistas de quatro sociedades médicas, a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – SBOT, Sociedade Brasileira de Reumatologia, Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação e a Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho, com patrocínio do Laboratório Zodiac.

“O envelhecimento da população brasileira fará com que as próximas gerações de médicos venham a atender três vezes mais casos de osteoartrite do que de lesões esportivas, que hoje predominam nos consultórios dos especialistas”, afirma o vice-presidente da SBOT, Arnaldo Hernandez. O ortopedista é um dos integrantes do Comitê Científico que preparou o livro e que contou com as respostas de um questionário específico respondido por 2.282 médicos de todo o Brasil.

A osteoartrite, mais conhecida pelos leigos como artrose, é uma doença articular inflamatória crônica, caracterizada pela degeneração da cartilagem e do osso subcondral. Ela pode causar dor articular, rigidez e redução da funcionalidade articular que costuma aparecer na faixa acima dos 40 anos e é mais frequente na população com mais de 60 anos.

Responsável pela perda da qualidade de vida das pessoas que afeta, a doença não tem cura atualmente, mas os médicos acreditam que os imensos investimentos que estão sendo feitos na pesquisa certamente levarão a novos conhecimentos e inovações a médio prazo. Os especialistas apostam principalmente na prevenção, que precisa ser melhorada no Brasil, onde apenas 42% dos pacientes tem o mal diagnosticado. Os métodos de diagnóstico mais comuns são, também pela ordem, o raio-x, a ressonância magnética, a tomografia, ultrassonografia, enquanto os marcadores bioquímicos, hoje não utilizados, deverão responder até 2015 por 15% dos diagnósticos.

A obra é uma atualização do conhecimento atual sobre a doença, prevenção, diagnóstico e tratamento e extremamente importante, diz Arnaldo Hernandez, à medida em que se baseia na realidade brasileira, levantada através da pesquisa feita com os médicos.

Situação atual

As respostas dos médicos indicam que no Brasil a osteoartrite ocorre mais, pela ordem, no joelho, no quadril, na coluna lombar e nos dedos, causando também a rigidez do polegar.

Cruzados os dados da pesquisa com os do censo do IBGE de 2010, os autores concluem que o Brasil tem 163 mil vítimas da osteoartrite com até 19 anos, 1,3 milhão na faixa de 20 a 39 anos, 4,2 milhões de pacientes com entre 40 e 59 anos, e 4,2 milhões com 60 anos ou mais, sendo no total das vítimas da doença 4,4 milhões de homens e 5,5 milhões de mulheres. Dos pacientes dos médicos ouvidos, 74% dos homens com mais de 60 anos tem queixas de artrose no joelho, mais frequente porém nas mulheres, 89%, enquanto a prevalência no quadril foi de 49% nos homens na mesma faixa etária e de 56% nas mulheres.

A conclusão do estudo é que no Brasil a doença surge de maneira mais precoce nos homens particularmente no joelho, antes dos 60 anos e depois no quadril, após os 60 anos. As queixas, pela ordem, são de dor, que afeta a totalidade dos pacientes, crepitação, 87%, deformidade, 85%, limitação de movimentos, 83%, aumento de volume, 74% e rigidez após repouso, em 72% dos casos.

O trabalho não apenas aponta o que precisa ser melhorado, como sugere uma ação conjunta do governo com a classe médica, para criar centros de pesquisa, ensino e treinamento multidisciplinar, desenvolver uma política governamental para prevenção e tratamento da doença, aumentar a disponibilização de medicamentos modernos e próteses e aumentar a capacitação dos profissionais da rede básica de Saúde para diagnosticar e tratar.