A VI edição do Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria contou com a participação de aproximadamente 1.300 médicos e proporcionou a discussão de temas relevantes não só para a especialidade, mas para a sociedade em geral. As atividades iniciaram na última quarta-feira (12/06) com o pré-congresso, permitindo aulas direcionadas a temas específicos. Após, os debates no Centro de Eventos da PUC-RS trouxeram autoridades nacionais e internacionais ao longo da quinta, sexta e sábado.

- Em geral os temas foram todos muito atrativos. Alguns tópicos, porém, se destacam como a discussão sobre o autismo no consultório pediátrico, o tema de tecnologia e suas relações com a vida social de crianças e adolescentes e o tema da obesidade infantil que é atual e muito importante para ser discutido, não só pelos médicos, mas por toda sociedade. Sobre emergência, tivemos uma aula interessante que tratou de esclarecer ações importantes para o salvamento de crianças. Além disso, foi importante a discussão da transmissão vertical de HIV e o tratamento de paciente ambulatorial, que tem uma relação direta com paciente do consultório e faz parte do dia a dia do programa pediátrico - afirmou a presidente da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, Patrícia Lago.

Um dos temas atuais em discussão foi a quantidade de médicos pediatras no mercado. os estados Sul e Sudeste a relação de pediatras na população chega a ser três vezes maior do que o indicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

- Se analisarmos o total de pediatras no Brasil tem mais de 30 mil titulados e se acredita que aproximadamente 15 mil médicos que trabalham qualificados com crianças, mas ainda sem o título de especialista. Esse número é mais do que suficiente pela população infantil que não cresceu na mesma proporção do número de médicos pediatras. Ou seja, não faltam pediatras no mercado. O que acontece é que os pediatras nos últimos 10 anos foram perdendo cada vez mais os ganhos e a valorização, principalmente no serviço publico. Isso fez com que muitos saíssem da pediatria e fossem para áreas de atuação específicas, como pneumologia, neurologia, gastro, entre outros. Observando um período mais recente, de 5 anos, se nota que os pediatras gerais têm aumentado porque estamos conseguindo uma valorização profissional em termos de salário diferenciado no âmbito privado. No sistema público o que falta é o plano de carreira - complementa Patrícia Lago.

Um dos destaques do último dia do evento foi a palestra da pediatra e hebiatra Suzana Graciela Bruno Estefenon que abordou os efeitos das novas tecnologias na saúde dos adolescentes.

- Um quarto das crianças possui contato com uma pessoa desconhecida na rede social. Aproximadamente a metade acessa sem supervisão alguma dos pais ou responsáveis - alertou.

Por natureza, crianças e adolescentes são vulneráveis e a tecnologia traz impactos no crescimento e desenvolvimento, educação sexual e física. A análise de atividades traz um dado que é positivo, pois aproximadamente 80% usam a internet para trabalhos escolares. Jogos e redes sociais também são atrativos para os adolescentes. Um dos fatores importantes relacionados com as novas tecnologias é a obesidade. Estudos mostram que 80% dos adolescentes são sedentários e com exposição maior de 10 horas por dia aumenta em 31% o risco de obesidade. Na frente do computador ou TV, ainda se alimentam pior consumindo mais alimentos do tipo "fast food".

- Para crianças o uso máximo, recomendado pela Academia norte-americana de Pediatria, deve ser de duas horas por dia, considerando TV, computador e vídeo-game. Menores de 2 anos, não podem usar. Para os pais o indicado é compartilhar o uso das tecnologias com os filhos, estimular a cidadania digital e procurar conhecer as tecnologias e meios de informação - completou a médica.

A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul organiza em agosto o Congresso Sul-Riograndense de Especialidades Pediátricas. O evento será realizado entre os dias 22 e 24 de agosto no Dall´Onder Grande Hotel, em Bento Gonçalves (RS). Outras informações podem ser obtidas no site www.especialidadespediatricas.com.br.

Sobre a Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul

A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul foi fundada em 25 de junho de 1936 com o nome de Sociedade de Pediatria e Puericultura do Rio Grande do Sul pelo Prof. Raul Moreira e um grupo de médicos precursores da formação pediátrica no Estado. A entidade cresceu e se desenvolveu com o espírito de seus idealizadores, que, preocupados com os avanços da área médica e da própria especialidade, uniram esforços na construção de uma entidade que congregasse os colegas que a cada ano se multiplicavam no atendimento específico da população infantil. Atualmente conta com cerca de 1.750 sócios, e se constitui em orgulho para a classe médica brasileira e, em especial, para a família pediátrica.