Um consenso adotado entre as associações internacionais mais importantes do mundo estabelece limites máximos de atividade radiológica em pacientes pediátricos. O assunto foi um dos temas abordados nas aulas de pediatria da Jornada Gaúcha de Radiologia. Vice-presidente da área Pediátrica da Associação Gaúcha de Radiologia, Matteo Baldisserotto destacou que a preocupação com a radiação em crianças deve nortear a profissão de médicos e radialistas.
- As preocupações com a radiação em crianças iniciaram nos anos 1990. Depois disso, foi percebido que os pequenos necessitam de doses diferentes. Estudos mostram que a radiação nas crianças só será percebida depois de mais de 15 anos e as consequências ainda não podem ser compreendidas. Não sabemos se uma menina que recebeu radiação na região abdominal não corre o risco de ter malformação no feto quando engravidar. É um assunto que deve receber muita atenção de radiologistas, médicos e pais - esclareceu Matteo Baldisserotto.
O especialista explicou que a radiação é cumulativa no corpo e que nas crianças os efeitos só serão percebidos passados mais de 15 anos da exposição. Esses novos limites de exposição de radiação em crianças vêm diminuindo, ao longo dos anos, as doses na tomografia e no raio-X. Alguns equipamentos oferecem tomografias com 80% ou 90% menos.
- Chegou um momento, nos Estados Unidos e no Brasil, que as crianças chegavam no hospital e iam direto fazer uma tomografia. Os pequenos só são submetidos às tomografias em último caso, hoje em dia. Os exames realizados são as ultrassonografias, bem menos invasivas. As tomografias são as últimas opções - disse.
De acordo com Baldisserotto, existem estudos que mostram que o indivíduo que foi mais exposto à radiação tem mais chance de apresentar tumores e ter problemas neurológicos. Um dos esforços para diminuir este impacto é estabelecer a relação que deve ser seguida com o peso do paciente para que se diminua o risco de um efeito biológico ocasionado pela exposição à radiação.