No dia 01° de julho, a Sociedade Européia de Reprodução Humana e Embriologia, ESHRE, promove em Roma, na Itália, um evento para marcar os 20 anos do PGD, o Diagnóstico Pré-implantacional. Segundo a entidade, o objetivo do evento é reunir médicos, enfermeiros, embriologistas, geneticistas, biólogos, grupos de defesa dos pacientes e os próprios pacientes que se submetem ao exame para discutir e aprofundar todos os aspectos da técnica, abrangendo as perspectivas das novas técnicas de laboratório, do aconselhamento genético e das técnicas de reprodução assistida, bem como as perspectivas dos pacientes.
“O tema é um dos mais pertinentes em discussão no campo da reprodução humana assistida, hoje. Pois são muitas as clínicas de fertilidade que não informam aos pacientes sobre os riscos do teste genético em embriões”, defende o Prof° Dr. Joji Ueno, ginecologista, diretor da Clínica GERA. A afirmação de Ueno é reforçada por uma pesquisa publicada na revista Fertility and Sterility, referência na área de reprodução, que avaliou as informações disponíveis nos sites de 83 instituições americanas. No Brasil, a situação é parecida. Os sites de clínicas de reprodução humana que oferecem o teste não mencionam os riscos do procedimento. Nos EUA, apenas 35% das instituições pesquisadas informavam sobre os riscos.
Conhecido como PGD (diagnóstico genético pré-implantacional), o teste se propõe a evitar a transmissão de doenças hereditárias, identificadas previamente na família. Após tratamento de reprodução assistida, são retiradas uma ou duas células de um embrião de três dias (estágio de 6 a 12 células). Essas células são testadas para diferentes doenças genéticas, como a fibrose cística e as síndromes de Duchene e Huntington. Os embriões doentes são descartados e os sadios transferidos para o útero.
“Nos últimos anos, a indicação do teste foi ampliada para casos de sucessivos abortos espontâneos, insucesso nas fertilizações in vitro (FIV) e idade avançada da mulher.
No entanto, há estudos mostrando ao menos três riscos associados ao teste: ele pode destruir o embrião, falhar em 10% dos casos ou simplesmente descartar embriões saudáveis, que apresentaram alteração no exame, mas se ‘autocorrigiriam’ na divisão celular”, informa o Prof° Dr. Joji Ueno.
A validade ou não do exame tem sido tema dos últimos congressos de reprodução humana assistida. "De três anos para cá, novos estudos têm demonstrado que o PGD pode não ser tão benéfico assim. Este alerta deve constar do site da clínica de reprodução humana e também do termo de consentimento informado, documento que os casais assinam antes da realização do procedimento em que declararam estar cientes dos riscos”, diz o médico.
Segundo Joji Ueno, o exame continua sendo muito importante para os casais com casos de doenças genéticas na família. Mas é preciso uma equipe experiente para a realização do exame. “O teste continua muito importante na detecção de doenças gênicas hereditárias, mas o seu uso é questionável nos outros casos. Não há porque vender a falsa idéia de que, fazendo o teste genético em mulheres mais maduras, o processo de fertilização seria mais controlado, totalmente seguro", afirma Joji Ueno, responsável do setor de vídeo-histeroscopia ambulatorial do Hospital Sírio Libanês.
Novo teste a caminho
Um novo tipo de teste genético foi anunciado durante o congresso anual de fertilidade nos EUA. A técnica, chamada de hibridização genômica comparativa (ou CGH na sigla em inglês), possibilita a análise dos 23 cromossomos, o que traria mais segurança para a gestação de um bebê saudável, além do aumento das chances de gravidez de mulheres mais velhas. No caso do PGD, são avaliados apenas os cromossomos 13, 15, 16, 17, 18, 21 e 22, além do X e Y. O novo exame também divide opiniões. É uma técnica ainda mais cara e ainda não está comprovado de que ela seja a solução do problema para as doenças genéticas dos embriões.
Aplicação mundial de testes preditivos genéticos no embrião:
·O PGD é proibido na Alemanha, na Áustria, na Itália e na Suíça;
·É permitido nos Estados Unidos, na Bélgica, na Dinamarca, na Espanha e na Grã-Bretanha;
·Em 2006, a Inglaterra ampliou a possibilidade de recorrer ao diagnóstico, acrescentando a mutação genética BRCA 1;
·Na França é permitido apenas para detectar uma doença genética incurável, como a miopatia ou a mucoviscidose.
Veja a relação de algumas das doenças que podem ser evitadas com a realização do PGD:
·Trissomia do Cromossomo 13: responsável pela Síndrome de Patau;
·Trissomia do Cromossomo 18: responsável pela Síndrome de Edwards;
·Trissomia do Cromossomo 21: responsável pela Síndrome de Down;
·Hemofilia;
·Síndrome de Turner;
·Coréia de Huntington;
·Distrofia muscular progressiva;
·Fibrose cística.