.
 
 
Estilo de vida interfere no tratamento de doentes reumáticos
 
+ Sa�de
 
     
   

Tamanho da fonte:


17/02/2011

Estilo de vida interfere no tratamento de doentes reumáticos

Obesidade, pouco exercício físico e nada de sol! Quais as consequências para a sua saúde destes comportamentos?

Muitas vezes, o diagnóstico de uma doença reumática cai como uma verdadeira “bomba”. "Saber-se portador de uma doença reumática ou auto-imune pode trazer consigo uma sensação de fragilidade e desamparo”, afirma o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti, diretor do Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares (Iredo). É compreensível que o ser humano se sinta inconformado com as limitações impostas pelas doenças crônicas. Isso ocorre não apenas com as doenças reumáticas e auto-imunes, mas também com o diabetes, com a obesidade, com a hipertensão arterial...

"Há um estágio inicial, após o diagnóstico, em que as pessoas até ‘tentam seguir as orientações médicas’. Mas, com o passar do tempo, o ânimo inicial cede lugar para o cansaço, a dieta tão importante para o tratamento eficaz, já não é seguida à risca, o uso comedido do álcool sucumbe ao abuso. As práticas de atividade física e a suspensão do tabagismo parecem muito difíceis de serem implementadas. Há uma rebeldia ou uma total negligência às recomendações médicas,  que são facilitadores do tratamento", diz o reumatologista.

Após o diagnóstico de uma doença reumática ou auto-imune, devemos ser realistas. A vida não poderá mais ser como antes, para um percentual de pacientes. “Mas ela pode ser melhor que antes, se formos maduros e estivermos engajados com o nosso próprio tratamento. Nesse momento, é muito importante que o paciente possa contar com um médico reumatologista que possa ser acolhedor o bastante e esclarecedor o suficiente para dar a esse paciente a chance de aderir ao tratamento de uma maneira bem amadurecida", alerta Sergio Lanzotti.

Sedentarismo invencível

Conciliar uma rotina saudável nos tempos modernos não é tarefa para qualquer um: após um dia de trabalho árduo, tudo o que queremos é chegar em casa e descansar. “Mas, se o descanso é importante para combater o estresse diário, manter a atividade física também é. Se você trabalha o dia todo na maior correria, saiba que o seu esforço no trabalho não substitui a atividade física. Ainda mais quando você recebe o diagnóstico de uma doença reumática como artrite, artrose, fibromialgia, lombalgia crônica”, diz o médico.

O sedentarismo é um comportamento induzido por hábitos decorrentes dos confortos da vida moderna. Com a evolução da tecnologia e a tendência cada vez maior de substituição das atividades físicas por facilidades automatizadas, o ser humano adota cada vez mais a lei do menor esforço, reduzindo assim o consumo energético do corpo.

“O exercício físico é uma peça chave no tratamento dos pacientes reumáticos, pois o sedentarismo agrava o quadro das doenças reumáticas. A prática de atividades físicas - além de proporcionar prazer e relaxamento - contribui para o emagrecimento, reduz a dor e a rigidez nas articulações e aumenta a flexibilidade, a força muscular, a saúde do coração e a resistência”, diz Sérgio Lanzotti.

Um dos grandes benefícios da atividade física é o estímulo à produção de endorfinas, aumentando a sensação de bem-estar. “As  endorfinas também funcionam como analgésico, proporcionando alívio da dor no organismo. A produção de endorfinas é fator muito importante para os pacientes reumáticos, que apresentam propensão a desenvolver quadros de depressão e ansiedade”, explica o diretor do Iredo.

Os exercícios físicos mais recomendados para os pacientes reumáticos são do tipo aeróbico ou dinâmico, como caminhar, correr, nadar e andar de bicicleta. “As pessoas fisicamente ativas têm uma qualidade de vida melhor comparada com as sedentárias, e isso também se aplica a pacientes portadores de doenças reumáticas como artrite, espondilite, artrose. No entanto, a prática de exercícios físicos deve ser supervisionada e não deve ser iniciada antes da avaliação do médico que acompanha este paciente. O reumatologista poderá indicar a necessidade da prática de atividade física por doentes com acometimento articular de membros ou coluna vertebral”, esclarece Sérgio Bontempi.

Obesidade e sobrepeso crescentes

“Parece simples, após o diagnóstico de uma doença reumática, além do medicamento apropriado, dos exercícios físicos propostos, dizemos ao paciente que ele também precisa emagrecer. Basta comer menos ou queimar mais calorias. Ou ainda: fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Mas, com anos de experiência clínica, percebemos que esta recomendação não é simples. Mesmo seguindo dietas bem planejadas, utilizando medicamentos de última geração e encontrando pacientes motivados, muitas vezes, a obesidade desafia o nosso conhecimento e consegue minar a resistência e a confiança de médicos e pacientes”, observa o diretor do  Iredo.

De acordo com os dados colhidos, recentemente, no último Censo, o Brasil, seguido de outros países emergentes, vem liderando o ritmo de crescimento dos índices de sobrepeso e obesidade em todo o mundo. Por aqui, cerca de 50% dos adultos e 30% das crianças e adolescentes encontram-se acima do peso normal. Nos Estados Unidos, as estatísticas apontam que o número de obesos tende a dobrar nos próximos 25 anos. A obesidade também assombra a Europa. De acordo com o estudo Health at a Glance – Europe 2010, 50% dos adultos e uma em cada sete crianças na Europa são obesas ou têm excesso de peso.

Recentemente, pesquisadores da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia concluíram um trabalho, estabelecendo uma relação entre a falta da prática de exercício físico e o risco futuro de mulheres desenvolverem a fibromialgia. “Segundo a pesquisa, as que praticavam mais exercícios apresentaram um risco menor de desenvolver a doença em relação às inativas. O estudo revelou ainda que um IMC alto é um fator de risco forte para o desenvolvimento futuro da doença”, explica o reumatologista.

Com o aumento da expectativa de vida e a pandemia de obesidade, a artrose também amplia suas estatísticas. Um terço dos adultos, entre 25 e 74 anos de idade, tem evidência radiológica de artrose, esta prevalência aumenta com a idade, em todas as populações e regiões. “Depois dos 50 anos, quase ninguém escapa desse problema marcado pelo desgaste da articulação, mas nem todo mundo apresenta os sintomas dolorosos. Por isto, emagrecer é muito importante para quem tem artrose, pois, por suportar o peso de todo o corpo,  joelhos,  quadril e  coluna são muito afetados”, explica o médico.

Sol, nem pensar!

Mesmo vivendo num país tropical, onde contamos com lindos dias de sol, praticamente o ano todo, ainda assim, os brasileiros apresentam níveis muito baixos de vitamina D no organismo. “Este é outro fator de risco para doenças reumáticas relacionado ao estilo de vida moderno. Estamos, cada vez mais, fugindo do sol. A prática de atividades físicas passou a ser em locais cobertos; o lazer também acontece dentro de recintos fechados, como o shopping. Assim, fica difícil garantir a exposição solar diária recomendada", diz o reumatologista.

O medo das doenças de pele, especialmente do câncer, também tem impacto sobre o hábito tão atual de se evitar o sol. “A falta de vitamina D no organismo é uma consequência direta dessa baixíssima exposição à luz solar. Sem ela, o micronutriente não é sintetizado pelo organismo. Hoje, grande parte das pessoas não recebe luz solar suficiente para satisfazer as suas necessidades biológicas. Para ajudar, a quantidade desta vitamina nos alimentos é pequena e a suplementação não é feita de forma universal. Então, sua ingestão também é baixa", explica Sérgio Lanzotti.

No Brasil, nossa dieta é relativamente pobre em vitamina D e dependemos muito da luz solar para garantir estoques adequados desta vitamina no organismo. Nossa incidência de hipovitaminose D alcança 40% das mulheres, na menopausa, e 80% delas, aos 80 anos. Daí a importância da suplementação para as pessoas na terceira idade.

A ação mais conhecidas da vitamina D ocorre no sentido de promover a mineralização óssea. Somente através dela é que conseguimos absorver o cálcio dos alimentos que ingerimos e o depositamos eficientemente nos ossos. Esse efeito garante o crescimento das crianças e dos adolescentes e ossos fortes e ricos em cálcio em todas as idades. "Daí, podemos imaginar, que quando os estoques de vitamina D se tornam insuficientes na criança, ela não cresce, passando a apresentar ossos e dentes sujeitos a fraturas e ossos amolecidos que vão se deformando ao longo da vida. Trata-se de uma doença chamada raquitismo. Nos adultos, a mesma doença é chamada osteomalácea e as queixas são de dores ósseas generalizadas com a evidência laboratorial de osteopenia e osteoporose, quando se realiza a densitometria óssea", diz Lanzotti.

Hoje, novos estudos nos mostram que a vitamina D parece ter também um papel essencial na habilidade com que o nosso corpo reage contra vários microorganismos, dentre estes, o bacilo da tuberculose, infecções do trato urinário e o vírus da gripe. "Além de interferir na imunidade inata, a vitamina D é capaz de induzir a chamada tolerância imunológica, que faz com nosso corpo deixe de reagir contra si mesmo, como ocorre em muitas doenças auto-imunes, como a esclerose múltipla, o lúpus eritematoso sistêmico e o diabetes tipo 1", explica o reumatologista.

Autor: Redação
Fonte: IREDO

Imprimir Enviar link

Solicite aqui um artigo ou algum assunto de seu interesse!

Confira Também as Últimas Notícias abaixo!

 
 
 
 
 
 
 
Facebook
 
     
 
 
 
 
 
Newsletter
 
     
 
Cadastre seu email.
 
 
 
 
Interatividade
 
     
 

                         

 
 
.

SIS.SAÚDE - Sistema de Informação em Saúde - Brasil
O SIS.Saúde tem o propósito de prestar informações em saúde, não é um hospital ou clínica.
Não atendemos pacientes e não fornecemos tratamentos.
Administração do site e-mail: mappel@sissaude.com.br. (51) 2160-6581