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Dermatologia, saúde pública e combate à resistência bacteriana
 
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05/12/2011

Dermatologia, saúde pública e combate à resistência bacteriana

Confira artigo do Dr. Paulo Velho

A dermatologia é uma importante questão de saúde pública. É certo que, nos dias atuais, a fama dessa especialidade médica está mais ligada à estética do que a problemas de saúde. No entanto, a dermatologia precisa ser encarada mais seriamente pela sociedade. Cerca de 10% dos usuários de unidades básicas de saúde procuram assistência por uma queixa dermatológica e um em cada quatro indivíduos que vão a Centros de Saúde têm uma lesão de pele que requer atenção do médico. 

Outro exemplo da relevância da dermatologia na saúde coletiva é o uso indiscriminado de antibióticos para o tratamento, tópico ou sistêmico, de transtornos cutâneos. Muitas vezes, os problemas tratados são frequentes, como a acne, que chega a acometer 80% da população. O uso indiscriminado de produtos à base de antobióticos pode provocar resistência bacteriana. E é papel do dermatologista coibir essa prática e colaborar para que a sociedade receba  informação sobre este assunto. 

Ocasionada principalmente pelo uso inadequado de antibióticos, a resistência bacteriana pode acarretar a ineficácia desses medicamentos em tratamentos futuros, mesmo quando o problema estiver em outros órgãos, o que dificulta o controle de infecções e propicia o surgimento das temidas superbactérias. Na dermatologia, o uso de antibióticos para tratar doenças comuns merece atenção redobrada. 

Dados da Organização Mundial da Saúde apontam que mais de 50% das prescrições de antibióticos no mundo são inadequadas.  Atualmente, entre os medicamentos tópicos utilizados no Brasil para o tratamento da acne, aproximadamente 40% contêm antibióticos: dado preocupante. Para a acne, assim como outras doenças, o mercado já disponibiliza opções mais modernas, livres da substância. E, nesse caso, o tratamento com cremes ou pomadas com antibiótico é muito mais relacionado à resistência bacteriana que o tratamento oral, exceto quando o último é usado de forma inadequada Mas é fundamental que a classe médica esteja bem preparada e constantemente atualizada para utilizar a melhor alternativa. 

A conscientização, que deve começar na faculdade de medicina para evitar prescrições inadequadas, precisa chegar aos pacientes, para reduzir a automedicação. Cada indivíduo tem características clínicas próprias e não deve usar medicamentos que julga serem bons ou que deram resultado para o vizinho. Afinal, nem sempre o remédio que foi bom para um amigo é adequado  para outra pessoa. Às vezes, pode até resolver o problema inicial, mas pode também gerar várias outras complicações. 

O problema, contudo, vai além: os riscos do uso de antibióticos não afeta somente o paciente, mas também quem convive com ele, até mesmo o médico que trata o problema. Um estudo europeu realizado com dermatologistas e publicado numa importante revista da especialidade (British Journal of Dermatology) mostrou que mais de 60% desses profissionais carregavam em sua pele a bactéria envolvida no surgimento da acnePropionibacterium acnes resistente aos antibióticos que o próprio médico prescrevia aos seus pacientes. E esta seleção de bactérias resistentes pode acontecer também com irmãos ou outras pessoas que convivem com quem usa antibióticos, mesmo em cremes, pomadas ou géis. E estes medicamentos são  considerados inofensivos pela maioria das pessoas. 

É importante que todos conheçam melhor os riscos e benefícios dos produtos que utilizam, mesmo por questões estéticas. E assim como todo medicamento, géis, cremes e pomadas também devem ser prescritos por um médico. 

*Dr. Paulo Velho – Professor de Dermatologia e especialista em infectologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).


Autor: Dr. Paulo Velho
Fonte: Jeffrey Group

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