Ao menos três crianças morreram em diferentes Estados do Brasil ao serem esquecidas pelos pais dentro dos carros, no último mês. Em meio a compromissos fora da rotina, os reflexos da sociedade moderna culminam no principal fator que ocasiona essas tragédias, na opinião do presidente do Comitê de Desenvolvimento e Comportamento da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, Renato Santos Coelho.

- Uma criança exige dedicação e espaço na vida e no dia das pessoas e terceirizamos estas responsabilidades. Se ela dorme ou fica quieta no banco traseiro o esquecimento de algo que normalmente não está na nossa agenda pode advir. É duro pensarmos que uma criança perde espaço para nossas tarefas de rotina - pondera o médico.

Coelho atribui essas ocorrências ao estilo de vida de muitos casais competindo com suas realizações pessoais de estudo e trabalho e de um desejo de aproveitar a vida, numa busca de felicidade contínua.

- De repente temos que colocar esta criança na nossa rotina atribulada e repleta de compromissos - completa.

A primeira forma de prevenção para que isso não ocorra é admitir que todos estão sujeitos a esse tipo de esquecimento. Partindo deste princípio, é necessário criar mecanismos prévios de lembrança. Um dispositivo de alarme no celular ou no carro podem ser uma boa alternativa, conforme sugere o médico.

Causas das mortes

Conforme o médico do Comitê de Segurança da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, Danilo Blank, as principais causas das mortes são desidratação e intermação - situação semelhante à insolação, porém mais grave. É causada pelo aumento da temperatura corporal e pode levar à morte.

O médico ainda alerta que, em caso de lembrar que a criança está no carro, os primeiros atendimentos devem ser voltados à hidratação e ao resfriamento do corpo.