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Dieta cetogênica é tratamento eficaz para epilepsia
 
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26/03/2015

Dieta cetogênica é tratamento eficaz para epilepsia

Ainda pouco difundida no Brasil, alimentação restritiva pode reduzir e até eliminar crises

Neste 26 de março é comemorado mundialmente o Purple Day, data em que ações, em diversos países, conscientizam a população sobre a epilepsia.

A epilepsia é uma doença neurológica crônica caracterizada por atividade elétrica anormal nos neurônios (células nervosas) do cérebro, o que leva a pessoa a ter convulsões e crises recorrentes. Os sintomas destas crises incluem desde sensações estranhas, como se estivesse flutuando, até espasmos musculares e perda de consciência.

Estima-se que uma em cada 26 pessoas* será diagnosticada com epilepsia em algum momento da vida, sendo mais frequente entre as crianças e os idosos. Muitas dessas pessoas conseguem o controle das crises, porém cerca de 30% tem crises recorrentes, apesar do tratamento adequado, o que caracteriza a epilepsia como refratária.

Atualmente existem três opções de tratamento para a doença: o químico (medicamentoso e dietético), o cirúrgico e o físico (terapia VNS). A maioria dos pacientes com epilepsia recebe o tratamento medicamentoso e 70% destes tem boa resposta, alguns podem, inclusive, viver sem crises. Os casos com indicação cirúrgica são restritos, ocorrendo somente quando a região cerebral responsável pelas crises é bem definida e sua remoção não trará consequências ao paciente. Já a estimulação do nervo vago, a chamada terapia VNS, funciona como um marca-passo que ajuda a regular os impulsos elétricos no cérebro para prevenir crises em pacientes com epilepsia refratária.

A neurologista pediátrica especialista em epilepsia, Dra. Marcilia Martyn, do Hospital Infantil Sabará, atenta para uma outra vertente dos tratamentos ainda pouco difundida no Brasil: a dieta cetogênica. “Essa dieta é uma opção de tratamento eficiente para a criança com epilepsia refratária, mas ainda pouco esclarecida. Por ser muito restritiva, os pais têm certa resistência quando sugerimos, mas estudos indicam que a redução das crises pode chegar a 50% e até 90%, em dois anos de tratamento”, afirma.

Sem carboidratos e sem proteínas

A dieta cetogênica tem sido utilizada desde o início do século passado no tratamento das epilepsias refratárias, após observações clínicas do efeito antiepiléptico do jejum. A dieta é rica em gorduras, com quantidades reduzidas de carboidratos e de proteínas, calculada de acordo com a idade e peso do paciente.

A fonte de energia do cérebro é a glicose, ou seja, os carboidratos. Quando uma pessoa está em jejum, o cérebro passa a utilizar a reserva energética do corpo, a gordura. Da mesma forma, na dieta cetogênica, por ser pobre em carboidratos e proteínas, mas rica em gordura, o corpo precisará queimar gordura para produzir energia, levando o fígado a produzir continuamente os corpos cetônicos, semelhante ao que acontece quando estamos em jejum.

Os estudos observaram que após três ou quatros semanas de uso desta dieta, ocorre uma adaptação do metabolismo cerebral e os neurônios passam a utilizar os corpos cetônicos como principal fonte de energia.

“Quando isto acontece observamos o efeito terapêutico desejado da dieta: a redução das crises epilépticas. Com as restrições alimentares e o alto teor de gordura, o corpo entra em cetose. Na prática significa que o organismo passa a usar a gordura como fonte de energia, mas, ao contrário do que se pensa, feita corretamente e com acompanhamento médico e nutricional, as taxas de colesterol do paciente não sofrem alteração e não hás riscos à saúde e nem aumento de peso”, esclarece Dra. Marcilia Martyn.

Disciplina

A criança que faz esse tratamento passa a comer de quatro a cinco vezes por dia, de acordo com cardápio elaborado pela nutricionista. A ingestão de calorias é normal - de acordo com as necessidades de cada um - porém fornecidas pela gordura. As proteínas são reduzidas ao estritamente recomendado para a faixa etária do paciente e há restrição quase total dos carboidratos como arroz, pão, macarrão, doces, chocolates, entre outros.

É preciso muito cuidado e dedicação da família nesse processo, pois as quantidades dos alimentos devem ser rigorosamente medidas e pesadas. Outro ponto importante é o controle da cetose, que será feito, em casa, diariamente através da fita urinária.

Cerca de 60% dos pacientes apresenta diminuição dos episódios de crises e alguns chegam a ter remissão total. Os três primeiros meses da dieta são um período crítico, no qual se avalia a resposta terapêutica e por quanto tempo o tratamento deve se estender. Se houver redução das crises, a dieta deverá ser mantida por pelo menos dois anos. Depois disso, o paciente retorna gradativamente a alimentação normal.

De acordo com a especialista, no Brasil ainda existe receio quanto à dieta. “As famílias têm muitas dúvidas e medos a respeito da dieta cetogênica e, muitas vezes, preferem o tratamento medicamentoso, ao contrário do que temos visto em países como Estados Unidos França e Inglaterra. Para as crianças com epilepsia refratária a importância da dieta cetogênica vai além do controle das crises, pois beneficia o desenvolvimento neuropsicomotor e a qualidade de vida destas crianças.”, completa.

*Dados do Institute of Medicine. Epilepsy Across the Spectrum: Promoting Health and Understanding. Washington, DC: The National Academies Press, 2012
**http://www.epilepsyqueensland.com.au/site/content/the-ketogenic-diet.
**Freeman J, Veggiotti P, Lanzi G, et al. The ketogenic diet: from molecular mechanisms to clinical
effects. Epilepsy Res 2006;68:145–180.

Sobre o Hospital Infantil Sabará

O Hospital Infantil Sabará, instalado em um moderno edifício de 17 andares na avenida Angélica, no Centro da capital paulista, opera segundo o conceito dos "Children's Hospital". Este modelo assistencial conta com a retaguarda em todas as especialidades pediátricas, tais como Neurologia, Nefrologia, Cardiologia, Oncologia, Ortopedia, Urologia, Gastroenterologia, Cirurgia Pediátrica e Anestesia, num modelo multidisciplinar integrado e altamente resolutivo de atenção à criança.

O Sabará é o primeiro hospital exclusivamente pediátrico no Estado de São Paulo a conquistar a acreditação do Joint Comission International (JCI) – mais importante órgão certificador dos serviços de instituições de saúde no mundo. A acreditação é um instrumento que avalia desde a estrutura hospitalar às práticas de gerenciamento e cuidados com o paciente, garantindo o tratamento adequado e a assistência necessária em todos os âmbitos. Para atender às exigências das metas internacionais e estar no mesmo patamar de instituições que possuem um padrão internacional em saúde, o Hospital Infantil Sabará investiu mais de R$ 4 milhões e passou por um rigoroso processo de avaliação que abrange mais de 1,3 mil itens em todos os serviços como atendimento, gestão, infraestrutura e qualificação profissional.


Autor: Marisa Oliveira
Fonte: Hospital Infantil Sabará

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