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Um estado de mansidão e quietude
 
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02/11/2018

Um estado de mansidão e quietude

Psiquiatra fala sobre a importância da prática do silêncio para o equilíbrio

O silêncio é valor estrutural nas práticas espirituais e religiosas, nos processos de composição musical, e em diversas técnicas terapêuticas – isto apenas para citar algumas circunstâncias em que é absolutamente cultuado. No entanto, em uma sociedade contemporânea cada vez mais frenética e barulhenta, adotar uma postura de quietude soa quase como um contrassenso. Mas não é impossível, e é imprescindível. Permanecer alguns momentos do dia sem produzir ou estar em contato com ruídos é fundamental para o equilíbrio mental, emocional e físico, como explica o psiquiatra do Centro Clínico Gaúcho Dr. Moisés Dias. “O estado de equilíbrio pode ser definido como uma sensação de tranquilidade, de autocontrole, de estabilidade. O papel do silêncio nesse contexto é essencial e, muitas vezes, subestimado, talvez por não nos darmos conta do seu poder terapêutico”.

Em diversas práticas como a meditação e o relaxamento, e em técnicas psicoterápicas, o silêncio é também importante aliado para o autoconhecimento, para a exploração do mundo interno de cada indivíduo. “Ao dedicarmos um tempo para ‘desligarmos’ dos apelos externos, podemos conhecer mais o nosso mundo interior e perceber nossas angústias e inquietações para trabalharmos e aumentarmos o grau de autocontrole”, acrescenta o psiquiatra. Mas o silêncio que para uns pode ser extremamente prazeroso, para outros é algo difícil de ser alcançado. “Nós nos acostumamos com o barulho e acabamos aceitando isso como algo normal. A sensação que temos quando estamos num ambiente de silêncio é que algo nos falta, quase como uma sensação de solidão e isso assusta as pessoas”, completa Dr. Moisés Dias.

Porém, entre todos os benefícios que podemos colher com a adoção de práticas de silenciamento, a capacidade de escuta se destaca pelo seu importante impacto positivo nas relações interpessoais. “Sempre que uma pessoa está nos dizendo algo, temos a tendência de interrompê-la e tentar colocar a nossa opinião. A capacidade de ouvir os outros pode ser melhorada se estamos mais tranquilos e não tão envolvidos com as nossas próprias angústias”, pontua Dias. Dessa forma, é possível prestar total atenção à fala do outro, tentando compreendê-lo ao máximo. “Isso pode ser chamado também de empatia, e o resultado disso é que nos tornarmos melhores ouvintes e gratos quando o nosso interlocutor se sente acolhido, respeitado e valorizado”, conclui o psiquiatra.

Abaixo, o médico responde outras dúvidas sobre o tema:

Quais são os principais prejuízos da falta do silêncio interno e externo em nossas vidas?

Isso traz algumas desvantagens quanto à capacidade de memorização, a dificuldade em desacelerar, e a diminuição na quantidade de sono pelo excesso de estímulos, por exemplo. Esse "não desligar" pode trazer danos físicos e mentais ao longo da vida.

Como a falta de silêncio impacta em casos de ansiedade ou depressão?

Esses quadros clínicos podem ser exacerbados pela falta de silêncio. Uma pessoa que está com alguma dessas patologias pode se sentir extremamente irritada, com risco de perda de controle que pode até gerar uma maior agressividade. Além disso, a falta de silêncio dificulta o processo de organização dos pensamentos e recuperação. É comum as pessoas optarem pelo isolamento quando estão com esses problemas.

Vivemos em uma época de diversos canais de interação e comunicação social, que estimulam a falta de silêncio verbal, mental e emocional. Como podemos trabalhar para conciliar esse excesso de estímulos às interações, e ao mesmo tempo criar um espaço de silêncio externo e interno que nos possibilite manter nossos níveis de saúde em alta?

O primeiro passo é pensarmos se esse excesso realmente nos faz bem. A oferta de estímulos é imensa e constante, quase inevitável, mas podemos adotar algumas técnicas para frearmos um pouco esse processo. Talvez a melhor maneira seja selecionar o que nos é ofertado, mantendo alguns momentos do dia blindados contra o barulho. Desde que acordamos, podemos ir colocando espaços de silêncio no nosso dia e observando o poder terapêutico desses momentos. É como se reorganizássemos o nosso dia, selecionando que tipo de barulho podemos evitar, principalmente aqueles que nos trazem intranquilidade, preocupações. Dizendo de uma outra forma, evitar o que não acrescenta, o que só gera poluição na nossa mente e utilizar espaços do nosso dia para atividades prazerosas e tranquilas como atividades físicas, relaxamento e passeios ao ar livre.


Autor: Adriano Pinzon Garcia
Fonte: Dr. Moisés Dias (CRM 27.140)

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