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Queda na mortalidade por aids em Porto Alegre é quatro vezes superior à do Brasil
 
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09/10/2015

Queda na mortalidade por aids em Porto Alegre é quatro vezes superior à do Brasil

Mesmo significativa, a redução ainda não foi suficiente para equilibrar o número de mortes por moradores em relação ao país

Historicamente com os piores índices em relação à aids no país, Porto Alegre tem um motivo para comemorar. Em 10 anos, a cidade registrou uma queda na taxa de mortalidade pela doença quatro vezes maior que brasileira. Entre 2004 e 2013, a Capital reduziu 25% o índice de óbitos por habitante, enquanto o Brasil diminuiu 6%.

Mesmo significativa, a redução ainda não foi suficiente para equilibrar o número de mortes por moradores em relação ao país. Em 2013, Porto Alegre registrou 28,2 óbitos pela doença para cada 100 mil habitantes, número quase cinco vezes superior ao nacional, de 5,7. A taxa da Capital também é o dobro da gaúcha: 11,2.

Já em 2014, Porto Alegre teve 28,3 mortes por 100 mil habitantes, índice que mantém a queda de 25% em relação a 2004. Os dados do último ano foram divulgados pela prefeitura nesta semana, mas o ranking nacional só sairá em dezembro, conforme o Ministério da Saúde.

Para o coordenador da Área Técnica de Doenças Sexualmente Transmissíveis/Aids e Hepatites Virais da Secretaria Municipal de Saúde, Gerson Winkler, a queda nos óbitos em Porto Alegre tem relação com o trabalho do Comitê de Mortalidade por Aids. Criado em 2011 e transformado em lei municipal dois anos depois, o grupo reúne instituições de saúde, pessoas com HIV e pesquisadores.

— A lei obriga as instituições de saúde a participarem do comitê, o que torna ele uma política permanente. O grupo investiga os motivos da morte e como evitá-lo. Hoje em dia, é muito difícil que um óbito por aids seja inevitável — explica.

Para Winkler, as instituições de saúde precisam criar uma "tolerância zero" para esse tipo de morte. Segundo o coordenador, os casos mais comuns os óbitos por aids são de pessoas que diagnosticaram a doença tardiamente, porque não incluíam o teste de HIV em seus exames de rotina. Em segundo lugar, estão as mortes pela falta de acesso aos serviços de saúde ou falhas na assistência.

Membro do comitê, o infectologista do Hospital de Clínicas Eduardo Sprinz também relata que muitas das mortes são de pessoas já diagnosticadas com aids, mas que não aderiram ou abandonaram o tratamento.

— O que esta faltando é oferecer um serviço que procure as pessoas e ofereça o tratamento onde elas estiverem — afirma o professor de Medicina da UFRGS.

O principal desafio da saúde pública, conforme o médico, é alcançar essas pessoas com aids em situação de vulnerabilidade social, como em situação de rua ou dependentes químicos:

— Quem se trata não morre. Temos no Brasil um comprimido que reúne três antirretrovirais em uma única dose, o que evita o esquecimento.

Quanto aos novos casos, Porto Alegre reduziu o índice de detecção em 6% nos últimos oito anos, passando de 95,5 casos para cada 100 mil habitantes em 2007 para 89,7 em 2014. Em 2013, a Capital era líder nacional nos novos casos de aids, conforme o Ministério da Saúde. Foram 96,2 registros para cada 100 mil habitantes, 52% a mais do que a segunda colocada, Porto Velho (RO).

Transmissão de mãe para filho caiu 38%

Os casos de transmissão vertical, em que a mãe transmite o HIV ao filho, caíram 38% em Porto Alegre nos últimos oito anos. Em 2007, foram registrados 22,6 casos em menores de cinco anos para cada 100 mil habitantes na faixa etária, enquanto em 2014 esse número caiu para 14. Apesar da melhora, o Boletim Epidemiológico da Capital alerta para alta incidência dos registros. O documento afirma que 2,9% das crianças expostas ao HIV foram infectadas em 2012, enquanto a meta da Organização Mundial de Saúde preconizava taxas menores de 2%.

O boletim também traz informações em relação à cor dos infectados. A incidência de aids em negros ou pardos foi o dobro do que em brancos em 2014, segundo o estudo. Foram 150,1 casos para cada 100 mil habitantes negros ou pardos, contra 66,2 registros em brancos. Em relação às mulheres, a disparidade é ainda maior. No último ano, negras ou pardas com aids representavam 116,7 em cada 100 mil, enquanto as brancas eram 39,3.

Conforme Winkler, os dados mostram que é preciso discutir o acesso da população negra aos serviços de saúde, o que inclui o ponto de vista do preconceito.


Autor: Fernanda da Costa
Fonte: Zero Hora

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