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Afogamento: acidente comum na infância
 
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16/09/2009

Afogamento: acidente comum na infância

A falta de cuidado dos adultos é a principal causa

O afogamento é uma das principais causas de morte em crianças. Dados dos EUA estimam que a incidência de morte por afogamento naquele país seja de seis mil a oito mil pessoas por ano, e as estatísticas mundiais indicam aproximadamente 140 mil a 150 mil mortes durante um ano. Dentre as mortes por acidentes, o afogamento constitui-se na terceira causa e, quando consideramos indivíduos com menos de 44 anos de idade, o afogamento ocupa a segunda posição em acidentes mortais.

Do ponto de vista médico existe uma classificação que define o afogamento como um acidente de submersão no qual a pessoa morre nas primeiras 24 horas. No chamado quase afogamento há sobrevida de mais de 24 horas, podendo o paciente viver ou não.

Adultos drogados

O uso de drogas, particularmente o álcool, está envolvido na maioria dos afogamentos ocorridos com adolescentes e adultos. Além disso, existe uma associação importante entre a intoxicação por drogas das pessoas que supervisionam as crianças e o momento do afogamento, sendo ou não elas os próprios pais.

A maioria dos afogamentos é acidental: bebês afogam-se em banheiras, crianças de um a dois anos desassistidas afogam-se em piscinas, crianças pequenas caem em lagos, rios e escavações inundadas, os nadadores superestimam a própria resistência e ocupantes de embarcações de passeio caem da embarcação sem salva-vidas. A prática da hiperventilação (respirar rápido e profundamente debaixo d'água) com o objetivo de prolongar o mergulho está também relacionada ao afogamento.

A incidência mais alta (entre os menores de 25 anos) ocorre na faixa etária de um a quatro anos e em adolescentes do sexo masculino de 15 a 19 anos. Quase 40% de todos os afogamentos ocorrem em crianças menores de cinco anos, e 15% a 20% entre cinco e 20 anos.

Considerando a faixa de idade de um a quatro anos, a banheira é o local de quase 20% dos casos. Os afogamentos em banheiras são mais freqüentes com crianças não supervisionadas no momento do acidente e, particularmente, com lactentes (bebês) de dez a 12 meses de idade, que são, de acordo com pesquisas, os caçulas ou os segundos componentes mais jovens de grandes famílias. As piscinas são o local das taxas de mortalidade mais altas para crianças de um a três anos. Em três quartos dos afogamentos, as crianças estavam desassistidas em piscinas, sem proteção adequada ao seu redor.

Mar, rios e lagoas

O afogamento caracteriza-se pela falta de oxigênio no sangue (hipoxemia), que afeta todos os órgãos e tecidos. A intensidade da hipoxemia é determinada pelo tempo em que a pessoa fica submersa, pela quantidade e tipo de líquido que é aspirado para dentro do pulmão, e pela resistência individual de cada afogado.

A duração da submersão é fundamental, porque a quantidade de oxigênio nos vasos sanguíneos vai caindo (exponencialmente) durante a asfixia. O período máximo de submersão antes de ocorrer lesão irreversível é incerto, mas provavelmente é de três a cinco minutos. Contudo, relatam-se casos de submersão prolongada (dez a 40 minutos) com recuperação completa, especialmente em crianças em água fria que desenvolveram hipotermia aguda. Embora uma recuperação total seja rara após mais de 20 minutos de submersão, sempre deve-se tentar a ressuscitação cárdio-pulmonar.

A água salgada (do mar) aspirada produz hipoxemia por mecanismos que diferem dos da água doce. Como a água salgada é hipertônica, ou seja, contém mais sal que os líquidos corporais (corresponde aproximadamente a uma solução de sal a 3%), este líquido corporal inicialmente é puxado para dentro dos pulmões, que "incham", produzindo hipoxemia.

Em contraste, a água doce (rio, lagos, piscina, banheiras) é hipotônica (tem menos sal que os líquidos corporais) e, quando é aspirada, altera as propriedades do pulmão, inativando o surfactante — substância que mantém os alvéolos, menores unidades pulmonares, abertos e funcionando. A água doce, então, "murcha" os pulmões, levando também à hipoxemia.

Água gelada

Nos acidentes que ocorrem em piscinas, além da presença de bactérias, é importante considerar também os efeitos deletérios do cloro no tecido pulmonar. Já nos lagos, rios e mar, há a presença de bactérias, protozoários, algas, areia e outras partículas orgânicas que podem ter influência na evolução do quadro clínico da vítima, principalmente depois que ela já está internada na unidade de emergência hospitalar.

A temperatura da água pode desempenhar importante papel no afogado de água salgada, especialmente no frio extremo. Indivíduos submersos em água fria tendem a desenvolver hipotermia (baixa temperatura corporal), que causa morte.

O interessante, entretanto, é que a água gelada parece proteger as crianças da lesão cerebral irreversível. Assim é que a ressuscitação cárdio-pulmonar sempre deve ser tentada em crianças vítimas de afogamento. Há um caso relatado na literatura médica de uma criança de apenas dois anos e meio que sobreviveu após estar durante 66 minutos submersa em águas geladas. Ela foi reanimada, com a utilização de reaquecimento extracorpóreo.

Socorro no local

O aspecto mais importante é que o resultado final das medidas de tratamento depende exclusivamente da recuperação cárdio-pulmonar rápida e eficiente na hora e no local afogamento.

A pessoa deverá ser retirada da água, tendo-se o cuidado com uma possível lesão medular (na espinha que corre dentro da coluna vertebral), principalmente se ocorreu um acidente de mergulho. Deve-se então proceder ao Suporte Básico de Vida — manobras oficiais mundiais de ressuscitação — inclusive durante o transporte para um serviço de emergência.

Se o socorrista estiver só e não houver batimentos cardíacos na vítima, ele deve fazer 15 massagens para cada ventilação boca-a-boca (ou boca-nariz, se a criança for pequena). Se forem dois socorristas, um faz cinco massagens cardíacas para cada respiração do outro. Deve-se manter as manobras de ressuscitação até o retorno do ritmo cardíaco e da boa perfusão sanguínea (diminuição da cor azulada da pele).

As vítimas podem engolir grandes volumes de líquido, apresentar distensão gástrica e, então, regurgitar, o que explica o escoamento de água pela boca, freqüentemente observado após o resgate do afogado. O conteúdo gástrico infelizmente é aspirado (vai para o pulmão) em quase 25% dos casos, especialmente durante a ressuscitação.

A maioria dos pacientes nos quais ocorre recuperação dos batimentos cardíacos e retorno da respiração no local do acidente de submersão têm evolução favorável. Além disso, os estudos mostram que a ressuscitação imediata está relacionada a um melhor prognóstico neurológico.

Não há necessidade da compressão da barriga para eliminar a água ingerida, a não ser que a grande quantidade de água no estômago esteja impedindo o afogado de respirar. Deve-se administrar oxigênio o mais breve possível.

Todos os pacientes, mesmo recuperados no local do resgate ou até a chegada ao hospital e que apresentaram perda de consciência, deverão ser avaliados na emergência, devendo ficar internados, em observação médica, por pelo menos quatro a seis horas.

Prevenção e educação

A capacidade médica ainda é muito limitada no tratamento das vítimas dos acidentes de afogamento e não tem havido modificações significativas nas conseqüências fatais. A prevenção é fundamental, cabendo então às autoridades diretamente ligadas à questão — sociedades médicas, secretarias de saúde e de segurança — promover campanhas educativas.

São ações preventivas:

  • cercar as piscinas com grades de pelo menos 1,5 m de altura, com espaço entre as barras verticais nunca superior a 10 cm. Seria fundamental que houvesse legislação específica com normas para a construção de piscinas e fiscalização efetiva cumprimento da lei, como já se tenta em países desenvolvidos;
  • educação prévia dos adultos e crianças, quanto aos riscos do mar, rios, piscinas e lagos;
  • desenvolver programas de instrução de natação para pré-escolares, iniciando na idade mais precoce em que a criança possa efetivamente aprender a nadar (a partir dos três anos);
  • treinamento dos proprietários de piscinas, responsáveis por piscinas comunitárias, síndicos ou zeladores de condomínios com piscina, na área de recuperação cárdio-pulmonar, através de programas de adesão voluntária;
  • supervisão constante por adultos responsáveis das crianças que estão perto ou dentro de ambientes aquáticos;
  • educar a comunidade, principalmente os adolescentes, sobre os perigos do consumo de álcool e drogas ilícitas durante atividades dentro d´água;
  • crianças que apresentam crises convulsivas e seus familiares, deverão ser orientados sobre os riscos dos banhos sem supervisão;
  • nadar sempre em áreas com supervisão;
  • usar, em crianças pequenas, equipamentos de segurança (salva-vidas, bóias etc) em ambientes aquáticos;
  • não banhar-se em locais desconhecidos que tenham pedras ou correntezas;
  • não permanecer durante muito tempo em águas frias, pelo perigo de câimbras;
  • evitar mergulhar em grandes profundidades, evitando o chamado barotrauma.

Autor: Imprensa
Fonte: MedCenter MedScape

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