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Como saber se o tratamento para depressão está funcionando?
 
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02/02/2019

Como saber se o tratamento para depressão está funcionando?

Entenda se o seu tratamento está surtindo efeito e quais as opções disponíveis para lidar com a doença

Hoje em dia se acredita que, apesar de a depressão ter componentes emocionais e comportamentais, os quadros mais graves são devidos à alterações no cérebro. Não se sabe exatamente quais são mas, em princípio, se trata de problemas de comunicação entre as células do sistema nervoso (neurônios), que ocorre através de substâncias químicas denominadas neurotransmissores. Muitas pessoas pensam que o que ocorre é a "falta" de um neurotransmissor, sendo a serotonina o mais alardeado deles. Mas, na verdade, esta é uma visão simplista, pois existem vários tipos de neurotransmissores envolvidos, como a dopamina e a noradrenalina - e mesmo algumas de outras classes, como neurormônios, a substância P e a coloecistoquinina. Além disto, não se trata simplesmente de falta de uma substância: as alterações podem estar em níveis como moléculas das membranas das células, problemas de comunicação "interna" dos neurônios, síntese de proteínas celulares etc.

Como qualquer tratamento, em medicina, o antidepressivo não é 100% eficaz. Mesmo quando o primeiro tratamento funciona, é possível que a melhora não ocorra de uma vez, de modo que alguns sintomas podem melhorar antes dos outros. Por exemplo, ocorre que algumas pessoas passam a dormir melhor ou a se sentir menos ansiosas, no começo mas, por um tempo, ainda sentem desânimo. Em outras, os sintomas da tristeza profunda são controlados antes da insônia e a pessoa se sente totalmente bem e animada, mas ainda tem algumas dificuldades para dormir.

Os efeitos, em geral, demoram algumas semanas (em média de 2 a 3) para serem notados, de modo que o(a) paciente não se deve assustar se, nos primeiros dias do tratamento, não sentir melhoras. Entretanto se, em algumas semanas, não houver melhora, em geral o(a) psiquiatra aumenta a dose do remédio, acrescenta uma outra medicação para reforçar o efeito ou, quando isto já foi tentado, troca de medicação.

Cerca de 60% dos pacientes melhoram com o primeiro tratamento usado. Nos outros, há necessidade de se mudar de medicação. Algumas pessoas são especialmente resistentes aos efeitos dos remédios e precisam fazer várias tentativas com medicações diferentes, até ficarem boas. A troca de medicações segue algumas diretrizes, sendo que, em geral, o(a) psiquiatra escolhe uma medicação com um mecanismo de ação diferente ou mais potente, na sequência. Entretanto, não há como o(a) psiquiatra saber qual vai ser o melhor tratamento logo de início.

Geralmente, o tratamento é iniciado com medicações menos potentes, como os inibidores seletivos de receptação de serotonina (por exemplo, a fluoxetina, a sertralina, a paroxetina, o citalopram ou a venlafaxina em doses baixas); como sequência, se os resultados não forem bons, acrescentam-se remédios com efeito estabilizador do humor (como o lítio, a risperidona, a olanzapina ou a lamotrigina) ou drogas de "dupla ação", como os inibidores de recaptação de serotonina e noradrenalina (por exemplo, a venlafaxina em doses mais altas ou a duloxetina). No final da escala se encontram os antidepressivos tricíclicos (imipramina, clomipramina, amitriptilina, entre outros) e os inibidores da monoamino-oxidase, que são medicações muito potentes, mas que exigem uma série de cuidados.

Finalmente, como os antidepressivos podem, numa pequena parte das pessoas, levar a crises de ?mania? (episódios opostos à depressão, com muita aceleração, euforia e, por vezes, irritabilidade, com dias ou mesmo meses de duração), o(a) psiquiatra por vezes opta, hoje em dia, por usar pouco ou nenhum antidepressivo e por focar mais nos estabilizadores de humor. Trata-se de uma decisão difícil e o(a) profissional precisa ser bem experiente no tratamento das depressões para saber decidir adequadamente, de modo a não comprometer o tratamento eficaz da depressão e, ao mesmo tempo, diminuir as chances de uma virada para o polo oposto.

Opções de tratamento

Em relação ao tratamento, hoje em dia é praticamente consenso que as medicações antidepressivas são o tratamento de primeira escolha. Os antidepressivos não são medicações calmantes nem estimulantes (apesar de poderem ter este efeito, em alguns casos). Eles são, em primeiro plano, remédios que fazem a pessoa deprimida voltar ao "normal". O que seria isto? Simples: todos têm fases de mais tristeza ou alegria e fases neutras, em que não se está nem muito triste nem muito alegre. A diferença em relação ao deprimido é, justamente, esta flexibilidade: este passa a maior parte do tempo "para baixo", sem sentir nenhuma alegria, mesmo quando está tudo bem ao seu redor. Uma das implicações disto é que o(a) psiquiatra não deve fazer tratamentos "cosméticos", nos quais eventuais "fossas", conflitos existenciais ou tristezas por perdas são medicados: isto faz parte da vida e a pessoa consegue superá-las sozinha ou deve procurar apenas um atendimento psicológico. Cabe ao(à) psiquiatra tratar daqueles casos que tenham as características de gravidade e que estejam durando há várias semanas - pelo menos duas, segundo os critérios da Associação Psiquiátrica Americana.

Além das medicações, existem evidências científicas de que alguns tipos de psicoterapia, como a terapia comportamental-cognitiva (TCC) e a terapia de aceitação e comprometimento (ACT) também podem ser úteis na abordagem da depressão. Entretanto, deve-se tomar cuidado pois, em casos mais sérios, as terapias podem não funcionar - e elas jamais devem ser consideradas alternativas exclusivas, ou seja, a pessoa deixar de tomar medicações por questões ideológicas.

Também é muito eficaz, para os casos mais graves, a eletroconvulsoterapia (ECT), um tratamento que é vítima de muito preconceito. Na ECT, a pessoa é anestesiada, seus músculos são relaxados e, em seguida, aplica-se na cabeça uma corrente elétrica, por poucos segundos. Este tipo de tratamento é muito útil em casos nos quais as medicações não funcionaram e, hoje em dia, acredita-se que sequer deve ser apenas uma última opção. Tem poucos efeitos colaterais (os mais frequentes são dor de cabeça e dificuldades de memória, nas horas que se seguem ao tratamento) e é muito seguro. A aplicação não dói nem se sente o choque, pois a pessoa fica totalmente inconsciente. 


Autor: Dr. Ivan Mario Braun
Fonte: R7

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