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Farmacêutica pesquisa benefícios da ozonioterapia e novo medicamento para artrose
 
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15/10/2018

Farmacêutica pesquisa benefícios da ozonioterapia e novo medicamento para artrose

Confira mais detalhes sobre como Ana Paula Anzolin viabilizou sua pesquisa

Ana Paula Anzolin diz não saber ao certo como decidiu ser farmacêutica, mas lembra que desde criança brincava com caixas de medicamentos e exames clínicos dos pais. “Acredito então que não fui eu que escolhi ser farmacêutica, e sim esta profissão que me escolheu”, reflete a mestranda no curso de Envelhecimento Humano da Universidade de Passo Fundo (UPF) como bolsista Capes do Governo Federal, e que também é especialista em Farmácia Clínica em UTI.
 
Em sua pesquisa, Ana Paula, que é natural de Nova Bassano, na Região da Serra, e mora atualmente em Passo Fundo, diz ter o objetivo de comprovar o benefício do óleo ozonizado via tópica para doença de artrose. “Ele já é usado no exterior, então algumas pessoas trazem esta medicação de fora e relatam benefícios”, alega a farmacêutica, destacando que apesar de ainda não ser autorizada pelo Conselho Federal de Medicina, a ozonioterapia foi incluída neste ano como uma Prática Integrativa e Complementar do SUS pelo Ministério da Saúde. 
 
CRF-RS - Quando e como surgiu a iniciação científica na sua graduação?
 
Ana Paula Anzolin - Ela surgiu logo cedo na minha graduação, no 3º semestre mais especificamente. Em uma conversa de corredor descobri que a professora Charise Bertol, minha atual orientadora, estava fazendo seleção para novos alunos. Fui conhecer a professora e o laboratório e com uma sensação de gratidão e medo do novo iniciei minha carreira na pesquisa. E sem dúvidas o que me fez gostar e ficar na área foram as pessoas com quem convivi e convivo até hoje. Em especial destaco minha ex-colega de laboratório e uma grande amiga, Larissa Cestonaro, que juntamente com a Dra. Prof. Charise me ensinaram a dar os primeiros passos na pesquisa. 
 
CRF-RS - Como foi a transição da graduação para o mestrado e os desafios para obter a bolsa da Capes?
 
Ana Paula Anzolin - A transição para o mestrado foi ao natural, gosto da área acadêmica e pretendo seguir nela. Sobre as bolsas no mestrado, há poucas bolsas Capes disponíveis para nós alunos, portanto é necessário muito estudo e dedicação, porém não é impossível conseguir. 
 
CRF-RS - Comente o interesse pela pesquisa sobre o ozônio e as diferentes etapas desse estudo.
 
Ana Paula Anzolin - O ozônio surgiu na minha vida acadêmica em 2014 quando era bolsista PIVIC e, juntamente com a Larissa e a Dra. Charise, realizamos um trabalho sobre a toxicidade do ozônio. Quando optei por ingressar no mestrado, tive a grande felicidade de poder continuar trabalhando com o ozônio. Nossa pesquisa vem sendo desenvolvida em diversas etapas: a professora Dra. Charise estuda a ozonioterapia desde 2014, e em 2017 publicamos um artigo sobre a toxicidade do ozônio: Ozone generated by air purifier in low concentrations: friend or foe?. Já em 2018, publicamos uma revisão sistemática sobre o ozônio na osteoartrose: Ozone therapy as an integrating therapeutic in osteoartrosis treatment: a systematic review. Portanto, após anos de estudo, colocamos em prática o teste em humanos, do qual inicia no diagnostico até o pós-tratamento desses pacientes.
 
CRF-RS - Qual é o foco da sua pesquisa agora no mestrado e onde ela é realizada? Quem mais está envolvido nela?
 
Ana Paula Anzolin - Meu foco no momento é comprovar o benefício do óleo ozonizado via tópica para doença de artrose. Já é usado no exterior e algumas pessoas trazem esta medicação de fora e relatam benefícios. A pesquisa é realizada no centro ambulatório do hospital da cidade e no curso de farmácia da UPF. Está envolvida na pesquisa a coordenadora e orientadora Charise Dallazem Bertol, o Dr. Renato Tadeu dos Santos e Dr. Diego Collares, médicos ortopedistas, eu como mestranda do curso de envelhecimento humano, as alunas de iniciação científica Micheila e Sílvia e a mestranda de Bioexperimentação Gabriela. Portanto, uma grande equipe multidisciplinar que está por trás de toda a pesquisa clínica. 
 
CRF-RS - Fale mais sobre a busca por pacientes com artrose e o óleo ozonizado. Cite também a busca pela máquina que produz o ozônio e a parceria com o laboratório para realizar os exames sem custos.
 
Ana Paula Anzolin - Conseguimos apoio da Cedil, Empresa Sentinela, Indústria de medicamentos Cristália e Rádio Uirapuru. Após fazer um cálculo matemático, identificamos que precisaríamos de 82 pacientes (41 do grupo de tratamento e 41 do grupo de placebo). Para a população ficar sabendo do nosso trabalho, disponibilizamos nas redes sociais e na Rádio Uirapuru, que divulgou o estudo. Em questão de duas semanas tínhamos todos pacientes, foi incrível a repercussão da população. Pacientes que não são apenas de Passo Fundo e sim de várias cidades da região norte do Estado.  
Para produzirmos o óleo ozonizado, a empresa Sentinela, de Ronda Alta, em parceria com uma empresa de Caxias do Sul, produziu o ozonizador e está colaborando na ajuda dos custos para os exames laboratoriais. Como precisávamos realizar o diagnóstico de artrose nos pacientes como critério de inclusão no estudo, fizemos uma parceria com a Empresa Cedil, de Passo Fundo, que está realizando todos os raios X para nossos pacientes. O óleo, material básico para a produção do medicamento, foi uma parceria com a Indústria Farmacêutica Cristália. Portanto, com isso, os pacientes que participam do estudo não têm custo nenhum e estão satisfeitos com os resultados. Não foi relatado nenhum efeito adverso grave até o momento
 
CRF-RS - A ozonioterapia não é autorizada pelo CFM. De que forma está sendo testada a eficácia do procedimento e o que se espera em caso de sucesso?
 
Ana Paula Anzolin - A ozonioterapia é autorizada em diversos países, como Itália, Rússia, Espanha, mas no Brasil ainda não. Entretanto, em 2018, no 1º Congresso Internacional de Práticas Integrativas e Saúde Pública (INTERCONGREPICS), o Ministério da Saúde incluiu a ozonioterapia como uma Prática Integrativa e Complementar (PICs) do SUS. Então se caso o medicamento trouxer sucesso, o passo seguinte é conseguir registro com a Anvisa e proporcionar à população um medicamento novo para a artrose, de fácil acesso e mais barato que os que estão no mercado. 
 
CRF-RS - Enquanto desenvolve a pesquisa de mestrado, você também atua em uma distribuidora de medicamentos. Comente essa rotina.
 
Ana Paula Anzolin - Minha rotina é dividida entre o mestrado na UPF e meu trabalho como farmacêutica na distribuidora de medicamentos Dimed. Uma rotina exaustiva, porém muito gratificante. A bolsa da Capes apenas cobre o valor da mensalidade da instituição e não tenho outro recurso financeiro, portanto sobrevivo com o salário de farmacêutica e consigo organizar meus horários entre as duas rotinas. 

A rotina de pesquisadora não é fácil. É exaustiva e não temos incentivo adequado do governo, o que compensa é ver o sorriso e ouvir o muito obrigado dos pacientes. Isso não tem dinheiro que pague e é o que mantém nossos pesquisadores na luta pela descoberta de novos produtos. Agradeço imensamente ao CRF-RS pela oportunidade de divulgar minha pesquisa e fica também meu convite: se caso algum investidor quiser investir em nosso laboratório e em nossa ideia, as portas estão abertas.  


Autor: Redação
Fonte: CRF/RS
Autor da Foto: Diogo Zanatta

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