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Evento celebra Dia Internacional das Mulheres na Ciência
 
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16/02/2019

Evento celebra Dia Internacional das Mulheres na Ciência

No Brasil, apenas 14% dos membros da Academia Brasileira de Ciências são mulheres

Apesar de serem cerca de metade da população, as mulheres ainda são minoria na ciência. Elas são apenas 30% das cientistas do mundo e receberam apenas 3% das indicações do Nobel nas áreas científicas. No Brasil, apenas 14% dos membros da Academia Brasileira de Ciências são mulheres. Pensando nisso, a Organização das Nações Unidas estabeleceu, em 2015, o dia 11 de fevereiro como o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, em consonância com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.

O dia foi celebrado pela primeira vez na Fiocruz, com uma roda de conversa com pesquisadoras da Fundação sobre suas trajetórias científicas, no auditório do Museu da Vida. Eventos paralelos em outras unidades também foram realizados para marcar a data.

“Esse dia me deu um sentimento de 8 de março, mas com o foco na atividade científica”, afirmou a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade de Lima, primeira mulher a ocupar a posição. Nísia lembrou de outras mulheres que foram pioneiras na instituição, como Maria Deane e Sylvia Hasselmann, e convidou as presentes a falarem não apenas de suas conquistas nas carreiras, mas também das dificuldades e desafios que tiveram em enfrentar.

Trajetórias inspiradoras

Márcia Chame, Maria do Carmo Leal, Maria Elisabeth Lopes Moreira, Patrícia Brasil e Yara Traub-Cseko são hoje cientistas premiadas e referências em suas áreas de atuação. Mas percorreram um longo caminho para obterem o reconhecimento na carreira. A importância de exemplos, de bolsas de iniciação científicas e do encontro com pessoas que acreditem e deem apoio às suas carreiras foram alguns dos componentes citados pelas cientistas como determinantes em seu sucesso profissional.

As dificuldades, no entanto, estão ainda presentes. A doutoranda e representante da Associação de Pós-Graduandos da Fiocruz Helena d'Anunciação de Oliveira lembrou alguns dos comentários que ouviu em seu ambiente profissional como enfermeira. Por ser uma área majoritariamente feminina e relacionada ao cuidado, a profissão é muitas vezes estigmatizada. “Já ouvi de um colega que, por ser enfermeira, já tinha fantasia pronta para o carnaval. Diariamente somos diminuídas em nosso espaço de trabalho e em nossa capacidade tecnocientíficas”, contou Helena.

Apesar das dificuldades, as cientistas afirmam que o importante é persistir. “Me perguntaram se já fui discriminada. Certamente, mas não notei. Esse é meu conselho: não notem. Sigam em frente e não percam tempo, porque temos que ter foco”, afirmou Maria do Carmo Leal, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz).

Para a Márcia Chame, pesquisadora do Programa Institucional Biodiversidade & Saúde, as características importantes para sua atividade científica vieram de outra fonte, o esporte. “No meu caso não tive nenhuma iniciação científica durante a graduação, mas fui atleta e o esporte me ensinou a perder, persistir, repetir e a ter rigor”, relatou.

Maternidade

A relação da carreira acadêmica com a maternidade foi um ponto tocado em muitas das falas. A exigência por produtividade muitas vezes ignora fases e processos naturais da vida, como a gestação e o tempo para o cuidado dos filhos, que ainda recai desproporcionalmente sobre as mulheres.

Iniciativas recentes da Fiocruz buscam reduzir essa desigualdade, como a inclusão de uma cláusula no Edital de Geração do Conhecimento do Inova Fiocruz que considera o tempo de gestação e os filhos no currículo lattes das mulheres cientistas e a criação do Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fundação.

As pesquisadoras defendem que, além disso, é necessária uma mudança cultural. “Os homens precisam participar e desempenhar mais ativamente a paternidade”, destacou a pesquisadora sênior do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Yara Traub-Cseko. “Essa é uma discussão de toda a sociedade e não apenas de mulheres e meninas”, concordou a presidente da Fiocruz. “Eu venho de um feminismo que defendia uma sociedade mais feminina, no sentido de que as características tidas como femininas, como o diálogo e o cuidado, sejam mais valorizadas pela sociedade como um todo. A ciência também precisa se adaptar a isso”.

Interseccionalidades

O racismo e a questão de classe também foram levantados como temas importantes e que afetam a trajetória de muitas mulheres. Ser a primeira da família a ter uma graduação ou uma pós-graduação é uma conquista celebrada por algumas das componentes da mesa, que tiveram que abrir caminhos.

“Precisamos falar de racismo. Na minha infância, eu não tinha muitas referências negras com graduação. Hoje eu quero poder ser esta referência para outras meninas”, afirmou a pesquisadora do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz) Mychelle Alves, que integra o Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fundação.

Mychelle já é este exemplo para muitas meninas. Em um depoimento emocionado, a graduanda em farmácia Ariela contou como se apaixonou pela ciência ao ingressar no Programa de Vocação Científica (Provoc) da Fiocruz, ainda no ensino médio. “A minha referência era a Marie Curie, mas ao ver essa mesa e estudar nessa instituição vejo que minhas referências estão muito mais próximas”, contou a jovem. 


Autor: Redação
Fonte: FIOCRUZ

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