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Alimentos calóricos induzem a comportamentos viciadores
 
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26/11/2012

Alimentos calóricos induzem a comportamentos viciadores

Bolos, doces, bacon, cheesecake, entre outros, alteram os centros de prazer do cérebro e causam comportamentos similares ao vício em substâncias psicoativas

Os ratos alimentados com uma dieta altamente calóricas tornaram-se obesos e viciados, similar ao vício em substâncias psicoativas

Alimentos com baixo valor nutritivo e alto nível de ingredientes gordurosos (“junk food”) induzem a comportamentos viciadores em ratos semelhantes à heroína, segundo resultados de um novo estudo. Os centros de prazer cerebrais de ratos viciados em dietas altamente engordativas e calóricas ficaram menos responsivos com o excesso, fazendo os ratos consumirem tais alimentos cada vez mais. Os resultados, apresentados na reunião anual da Sociedade de Neurociência, em 20 de outubro, podem ajudar a explicar as mudanças no cérebro que levam as pessoas a comer demasiadamente.

“Esta é a evidência mais completa que sugere que a obesidade e o hábito em substâncias psicoativas têm fundamentos neurobiológicos comuns”, diz o co-autor do estudo, Paul Johnson, do Instituto de Pesquisa Scripps, em Jupiter.

Para verificar como os alimentos “junk food” afetam o sistema de recompensa do cérebro — a rede de células que liberam substâncias químicas para o bem-estar — Johnson iniciou a pesquisa no supermercado. Ele selecionou alimentos típicos da alimentação ocidental, inclusive linguiça, bolos, doces, bacon e cheesecake. Johnson alimentou os ratos, ou com uma dieta padrão altamente nutritiva, de baixa caloria, ou com quantidades ilimitadas de saborosos alimentos “junk food”. Os ratos que se alimentaram com alimentos “junk food” desenvolveram hábitos de alimentação compulsiva e ficaram obesos. “Eles ingeriram duas vezes mais a quantidade de calorias que os ratos controle”, diz Paul Kenny, também da Scripps e co-autor da pesquisa.

Johnson e Kenny buscaram conhecer se a alimentação excessiva afeta os centros cerebrais de prazer dos ratos, as regiões responsáveis pelo hábito de uso de substâncias psicoativas. Os investigadores usaram excitações elétricas para ativar esses centros de recompensa e induzir ao prazer. Os ratos poderiam controlar a quantidade de excitação para o bem-estar correndo em uma roda — quanto mais que eles correram, mais excitação eles adquiriram. Os ratos alimentados com uma dieta “junk food” correram mais, indicando que eles precisaram de mais excitação cerebral para se sentirem bem.

Depois de cinco dias com uma dieta “junk food”, os ratos mostraram “reduções profundas” na sensibilidade dos centros de prazer de seus cérebros, sugerindo que os animais foram acostumados depressa à comida. Como resultado, os ratos ingeriram mais comida para adquirir a mesma quantidade de prazer. Da mesma maneira que os viciados em heroína requerem cada vez mais a droga para se sentirem bem, os ratos precisaram cada vez mais de alimentos “junk food”. “Eles perderam o controle”, comenta Kenny. “Esta é a marca oficial do vício”.

Para verificar quão forte era o vício em alimentos “junk food”, os investigadores expuseram os ratos ao choque quando ingeriram a alimentação. Os ratos que não foram expostos constantemente a alimentação com altas taxas de gordura deixaram de comer. Mas o choque não perturbou aos ratos acostumados a tais tipos de alimentação — eles continuaram comendo, embora soubessem que o choque ocorreria.

“O que nós temos são características de vício, e esses animais apresentam cada um dessas características”, diz Kenny.

Os déficits nos padrões de recompensa persistiram durante semanas depois que os ratos deixaram de ingerir os alimentos “junk food”, segundo o que os investigadores verificaram. “É muito difícil quebrar esses padrões, é mesmo muito duro voltar para como as coisas eram antes”, comenta Kenny. Quando a alimentação “junk food” foi retirada e os ratos apenas tiveram acesso a comida nutritiva (o que Kenny chama de “opção de salada”), os ratos obesos recusaram-se a comer. “Eles sentiram fome, posteriormente, durante duas semanas”, diz Kenny. “As preferências dietéticas deles foram alteradas dramaticamente”.

Os cientistas estão interessados em determinar o efeito em longo prazo da alteração do sistema de recompensa. “A resposta à alimentação pode ser alterada permanentemente com uma dieta dessa natureza”, diz Ralph DiLeone, especialista em obesidade, da Escola de Medicina da Universidade de Yale.

Tradução: Equipe Sis.Saúde


Autor: Laura Sander
Fonte: Science News - Dsiponível em: http://www.sciencenews.org

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