Por que vacinar pacientes oncológicos contra a COVID-19?
Pessoas com câncer foram classificadas como grupo de risco para complicações da COVID-19. Estudos mostraram maior gravidade da infecção em pacientes oncológicos, com mortalidade variando de 6 a 61%, com risco de óbito por volta de 26%, muito acima do que na população geral (2 a 3%)¹. Portanto, o intuito da vacinação é diminuir a morbidade e mortalidade da COVID-19 nos pacientes oncológicos4.
Segundo Dr. Sandro Cavallero, diretor da SBOC e coordenador do Comitê de Tumores do Sistema Nervoso Central, há vários riscos envolvidos entre a associação do câncer e do novo coronavírus. “Além do impacto mais severo, a infecção pelo Sars-CoV-2 pode ter desdobramentos também no cuidado oncológico, levando a atrasos em exames diagnósticos, de triagem, tratamentos e monitoramento da doença, podendo levar a consequências devastadoras”, alerta.
Apesar de o grupo não ter sido incluído em estudos clínicos, as evidências de dados clínicos de outras vacinas apontam que o malefício de não vacinar é significantemente maior, dada a mortalidade associada ao vírus nessa população, do que àqueles associados a potenciais reações vacinais. “É importante lembrar que as vacinas contra COVID-19 aprovadas no Brasil são definitivamente seguras. A única vacina contraindicada para pacientes imunossuprimidos, ou seja, quando a eficácia do sistema imunológico é reduzida, é a vacina de Oxford, por conter vírus vivo. De qualquer forma, é imprescindível a avaliação médica individual de cada paciente quanto a possíveis restrições à vacinação”, afirma.
As vacinas contra a COVID-19 são eficazes nesses pacientes?
A princípio, sim. Dados de vacinação em pacientes oncológicos em outros contextos, como influenza, doença pneumocócica e herpes, sugerem haver um efeito protetor5.
“A vacinação contra influenza, reduziu hospitalizações relacionadas à doença, interrupção de quimioterapia ou risco de morte”, explica Dr. Sandro. Baseados nesses dados e de outras vacinas, associado à interpretação dos mecanismos de ação das vacinas contra a COVID-19 (com agentes não vivos), pressupõe-se que a eficácia e a segurança da vacinação contra o Sars-CoV-2 seja similar à população geral. “A eficácia pode variar em diversos contextos, como tipo de tumor, extensão da doença, tratamento imunossupressor, entre outros. Entretanto, os benefícios da vacinação parecem ultrapassar substancialmente e significativamente os riscos”, complementa.
A equipe de saúde envolvida no tratamento oncológico deve ser vacinada?
Sim, desde que não haja contraindicação à vacinação ou componente da vacina6.
“A vacinação da equipe de saúde contra influenza mostrou reduzir a transmissão da infecção em ambientes hospitalares. Além disso, alguns pacientes imunocomprometidos podem não adquirir resposta imune suficiente à vacinação, dessa forma, podemos evitar que a equipe, que trabalha em um cenário de alto risco, contamine esses pacientes”, esclarece Dr. Sandro.
Pacientes com história prévia de COVID-19 ou que já possuam anticorpos devem ser vacinados?
Sim. Alguns pacientes já infectados por Sars-CoV-2 foram incluídos em estudos clínicos e mostraram melhorar a resposta imune sem nenhum acréscimo à toxidade da vacina.
Segundo Dra. Ignez Braghiroli, diretora da SBOC e coordenadora do Comitê de Tumores Gastrointestinais, não existe garantia de que a presença de anticorpos seja sinal de proteção futura. “Até o momento, não existe experiência suficiente relacionando a já existência deles no organismo com a proteção futura, e a duração da imunidade não está claramente estabelecida. O teste sorológico antes da vacinação não é recomendado, assim como não é utilizado para guiar o momento da vacinação”, completa.
Quem se vacinou ainda precisa usar máscara e seguir o distanciamento social?
Sim. Mesmo após a aprovação das vacinas e o início da vacinação no Brasil, temos um longo período até toda a população estar vacinada.
“Não podemos deixar de lado os protocolos de segurança: mantenha o isolamento social, caso precise sair utilize a máscara correta cobrindo boca e nariz, desinfete objetos e roupas quando voltar para casa, lave as mãos e os punhos com bastante frequência, e utilize o álcool em gel”, conclui Dra. Ignez.
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