
Os índices de Acidente Vascular Cerebral (AVC) também se intensificam nesse período, podendo apresentar crescimento de até 20%. A dissecção da aorta também aumenta em até 5%, pois sua camada interna pode se romper ou sofrer descolamento.
Segundo a Dra. Paola Smanio, Head da Cardiologia do Grupo Fleury, detentor das marcas Weinmann e Serdil no Rio Grande do Sul, isso ocorre porque as reações do organismo às baixas temperaturas levam à necessidade de algumas adaptações no sistema cardiovascular, que trabalha mais para manter seu equilíbrio. Os idosos e pessoas que já têm doenças cardiovasculares são os que estão em maior risco. "Quando as temperaturas estão baixas, o organismo aumenta a atividade metabólica para gerar mais calor e, assim, aumentar a temperatura corporal. Este maior metabolismo faz com que o coração se esforce mais. O frio pode, também, induzir um espasmo ou a constrição nas artérias coronárias, diminuindo seu diâmetro, podendo levar ao aumento da pressão arterial. A menor temperatura, ainda, ativa os receptores nervosos da pele, desencadeando maior liberação de adrenalina, hormônio que promove contração nos vasos sanguíneos.
A vasoconstrição das artérias coronárias pode levar a uma menor oferta de fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco e, em situações em que haja maior demanda, como atividade física ou estresse quando a oferta pode ser insuficiente, levando a sintomas de dor no peito ou falta de ar. No caso da vasoconstrição pode ocorrer aumento da pressão nas placas de gordura obstrutivas já existentes, promovendo a sua ruptura e, assim, angina, infarto do miocárdio e, até mesmo, morte súbita. O mesmo pode ocorrer nas artérias cerebrais e ocasionar o AVC", informa a Dra. Paola. De acordo com a médica, outro fator que demanda atenção em relação às doenças cardiovasculares e o frio é a ocorrência mais frequente das infecções respiratórias, que também podem aumentar o risco de acometimento cardiovascular.
Entre os sintomas mais comuns do infarto estão: dor no peito, falta de ar, náuseas, dor no braço esquerdo, dores nas costas, no pescoço e região do estômago. Estes sintomas podem iniciar após esforço ou situações de estresse e, até mesmo, em repouso. "A dor pode ser em aperto, opressão, queimação e ter uma difícil caracterização. Em subgrupos como diabéticos e idosos, o infarto pode evoluir de forma silenciosa. O fato é que qualquer sintoma deve ser investigado", explica a cardiologista.
Prevenção e exames
Durante o Inverno, as pessoas tendem a se exercitar menos, ingerem menos líquidos e consomem alimentos mais gordurosos e calóricos, hábitos que também aumentam os riscos de doenças do sistema cardiovascular.
A Dra. Paola deixa o alerta que, nesta ou em qualquer época do ano, a busca contínua por hábitos de vida saudáveis é essencial. Assim, usar roupas adequadas para cada estação do ano, principalmente no Inverno para se manterem aquecidos, manter a hidratação adequada, evitar alimentos gordurosos e com excesso de sal, e manter atividade física com regularidade aliada a uma noite de sono de boa qualidade contribuem para melhorar a saúde e prevenir os riscos de infarto.
A realização de consultas médicas periódicas e exames cardiológicos preventivos são capazes de identificar fatores de risco, como colesterol elevado, hipertensão arterial e diabetes. Vale ressaltar a importância desses exames independentemente da faixa etária para quem for realizar atividade física desportiva.
Os exames de diagnóstico indicados são desde os mais simples, como o eletrocardiograma, teste de esforço ou ergométrico, até os de imagem, como a cintilografia miocárdica, para complementar a investigação e, também, para as pessoas que têm dificuldade ou impossibilidade de realizar o exercício físico na esteira ou bicicleta ergométrica, sendo necessário uso de estresse farmacológico. Os exames de imagem como o ecocardiograma também são muito importantes, pois têm a função de avaliar a estrutura, função cardíaca e, quando sob estresse, podem analisar o fluxo de sangue no coração. No caso de palpitações, arritmias e desmaios, um teste muito disponível e de grande auxílio é o holter, que pode ser realizado por 24 horas ou até 7 dias, dependendo da necessidade do paciente e da recomendação do médico.
Uma forma de investigar a presença de obstruções nas artérias do coração de forma não invasiva é a angiotomografia computadorizada das artérias coronárias, que permite avaliar a presença e a magnitude das obstruções das coronárias quando presentes. Já a cintilografia é um método diagnóstico não-invasivo funcional que avalia a repercussão das obstruções na irrigação do miocárdio (músculo do coração). A ressonância magnética cardíaca também é um exame não-invasivo de grande importância para investigar a função cardíaca, alterações estruturais, viabilidade do músculo cardíaco e definir a causa de muitas doenças cardiológicas. "A medicina personalizada e preventiva, seja de rotina para diagnóstico ou acompanhamento, é a melhor opção para todas as pessoas", conclui a cardiologista.