.
 
 
Cura para quase tudo
 
Notícias
 
     
   

Tamanho da fonte:


07/12/2009

Cura para quase tudo

Tratamento com ervas já é reconhecido pela ciência, mas é preciso cuidado

As mãos calejadas de Antônio Dantas Veras, indicam qual o melhor remédio que o caminhoneiro Edílio Fernando Lesniews-ki, 61 anos, deve tomar para curar uma forte dor no intestino: "carqueja", receita Seu Antônio. Ele não é farmacêutico, nem médico, só estudou até o primário, mas no seu ramo é tratado como doutor. Dos seus 64 anos, dedicou pelo menos 55 à manipulação de plantas medicinais. Em sua barraca, instalada no Pistão Sul, em Taguatinga, o senhor garante curar quase tudo e conta com o aval da clientela. "Funciona mesmo. Sou prova disso. Tudo o que ele vende é bom", garante Edílio.

Seu Antônio é apenas um entre tantos raizeiros no Distrito Federal que vivem do comércio de plantas usadas como remédios. A cura através de ervas, mato, raízes, sementes, compostos entre outros, até bem pouco tempo era atribuída apenas à sabedoria popular, mas, a cada dia, a ciência reconhece a eficácia desses tratamentos alternativos. Tanto que, em março último, o Ministério da Saúde elaborou o Renisus (Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao Sistema Único de Saúde) que inclui uma lista com 71 espécies que poderão ser utilizadas nos hospitais e centros de saúde da Rede Pública. Todas as plantas incluídas na lista do Ministério são consideradas seguras e já podem ser receitadas. Antes da autorização para serem usadas em tratamentos, elas passaram por análises criteriosas e foram validadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

MERCADO PROMISSOR

A procura por tratamentos à base de plantas é cada vez maior. Basta observar o movimento na Kombi do também raizeiro Damião Dias, 68 anos, instalada no Centro de Taguatinga. É no veículo que ele expõe os mais variados produtos feitos a

O raizeiro Damião Dias tem banca no Centro de Taguatinga e já é conhecido como o Rei das Ervas. A garraf ada para combater a impotência sexual está entre os produtos mais vendidos

Cautela é o ideal

A partir de plantas variadas. No ponto há pelo menos 20 anos, Damião ganhou um apelido que também dá nome ao negócio "Rei das Ervas". O trabalho, segundo ele, é rentável. Em pleno feriado do Dia dos Evangélicos, comemorado no último dia 30, ele vendeu mais de cem produtos, segundo suas contas.

Um dos produtos campeões de vendas no Rei das Ervas é a gar-rafada para combater a impotência sexual. Feita à base de catuaba, trata-se de um afrodisíaco e tonificante, que opera lentamente dando energia ao organismo. O produto custa R$ 20. "Todo mundo que toma aprova e volta para comprar mais".

Na Feira dos Importados, Seu Antônio já é popular, o movimento da Barraca Antônio da Amazônia é grande. Ele tem 73 anos e trabalha com a venda de produtos naturais desde os 15 anos. Na Feira, está há nove anos. Começou como ambulante e hoje já possui outras duas filiais. "Nossos próprios clientes já colocaram um selo de qualidade na minha banca, porque aqui é tudo natural e quase tudo é importado da Amazônia", diz.

Todos os comerciantes entrevistados pelo Jornal de Brasília admitiram que a procura por plantas que ajudam a provocar o aborto é grande. No entanto, eles garantem que se negam a vender.

É fato que as plantas podem substituir alguns remédios, mas, antes de iniciar o tratamento alternativo, é bom tomar algumas precauções. Quem faz o alerta é o professor de agronomia e plantas medicinais da Universidade de Brasília (UnB), Jean Kléber Mattos. Ele aconselha que o primeiro passo para um tratamento seguro fora das farmácias é conhecer o vendedor. "É bom sempre comprar com indicação de alguém. Tem muita gente que não tem a experiência para indicar qual a melhor raiz para determinados sintomas", afirma.

Defensor dos tratamentos fito-terápicos (utilização de vegetais em preparações farmacêuticas) ele não recomenda ir direto ao raizeiro ou farmácia de manipulação ao sentir alguma dor. "O médico tem que diagnosticar, porque, as vezes, a pessoa acha que está com alguma doença e pode ser outra mais grave".

No entanto, ele reconhece que na prática não funciona assim. "As pessoas mais carentes têm dificuldades de marcar uma consulta na Rede Pública. Além disso, outro fato que as leva a recorrer ao tratamento a base de plantas sem consultar o médico é o preço do tratamento, que sai bem mais barato", enfatiza.

Apesar de apontar que esse mercado está em ascensão, Jean Kléber destaca que muitos médicos ainda relutam em indicar o tratamento natural. O especialista acredita que a saúde pública só tem a ganhar com o uso das plantas nos tratamentos medicinais. "É um mundo fascinante que tem muito a ser explorado. O SUS está se abrindo cada vez mais porque é eficiente e barato. Além do mais, o efeito colateral é bem menor".
A coordenadora de medicamentos fitoterápicos da Anvisa, Ana Cecília Bezerra Carvalho explica que existe uma diferença entre plantas medicinais e fitoterapia. "As plantas medicinais são aquelas capazes de aliviar ou curar enfermidades. Quando a planta medicinal é industrializada obtém-se como resultado o fitoterápico", diz.


Autor: Saulo Araújo
Fonte: Jornal de Brasília

Imprimir Enviar link

Solicite aqui um artigo ou algum assunto de seu interesse!

Confira Também as Últimas Notícias abaixo!

 
 
 
 
 
 
 
Facebook
 
     
 
 
 
 
 
Newsletter
 
     
 
Cadastre seu email.
 
 
 
 
Interatividade
 
     
 

                         

 
 
.

SIS.SAÚDE - Sistema de Informação em Saúde - Brasil
O SIS.Saúde tem o propósito de prestar informações em saúde, não é um hospital ou clínica.
Não atendemos pacientes e não fornecemos tratamentos.
Administração do site e-mail: mappel@sissaude.com.br. (51) 2160-6581