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Receio por sofrimento faz pais atenderem desejos dos filhos de forma imediata
 
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17/03/2010

Receio por sofrimento faz pais atenderem desejos dos filhos de forma imediata

Pode ser que esteja sendo criada uma geração de seres humanos egoístas, que são apenas receptores no mundo, que creem ser seu direito o atendimento imediato no que querem e, se possível, até mesmo serem adivinhados nos seus desejos

Tudo o que o ser humano faz é para obter prazer ou para evitar dor.

A nossa época, chamada hipermoderna, caracteriza-se pela busca do prazer imediato. Frustração é tolerada com dificuldade, foge-se de qualquer sofrimento físico ou mental, dor é inadmissível. Mesmo tensão e estresse são considerados sempre nocivos. Até a ética precisa ser indolor.

"Não é criado o espaço da falta, pois a satisfação do desejo não é adiada, uma vez que a espera é identificada com sofrimento. Os objetos de desejo, assim conseguidos dessa forma tão rápida, tornam-se rapidamente também descartáveis. Está se correndo o risco de se criar uma geração que não tolera o espaço da falta, pois não foi ensinada a esperar nada" Desde o berço, busca-se poupar o ser humano. O choro do bebê é logo identificado por sua mãe como sofrimento, que imediatamente o atende. Ela se esquece que o choro é a fala do bebê, que não necessariamente está com dor ou privação. Ele pode estar pedindo atenção e pode, também, esperar um pouquinho para ser atendido. Apenas no útero, o bebê é atendido a priori.

Ao nascer, ele vive necessidades e precisa que um outro ser da mesma espécie cuide dele. Ele tem que manifestar essa necessidade para ser satisfeito e precisa esperar que quem cuida dele o entenda e o atenda. Essa comunicação é vital para seu desenvolvimento.

Se as crianças precisam ser atendidas em suas necessidades básicas de proteção, nutrição e afeto, não precisam ser atendidas em todos os seus desejos e, muito menos, imediatamente. Limites, interdições, “nãos” devem ser dados para que as crianças aprendam a viver no mundo das outras pessoas e aprendam a levar em consideração também as necessidades e os desejos alheios.

Os filhos, muitas vezes, têm que lidar com frustrações, tolerar esperas, entreter tensões, pois só assim conseguem descobrir meios alternativos e viáveis para tentar satisfazer seus desejos. Esse é um aprendizado inestimável que propicia o desenvolvimento da capacidade de elaboração mental, o aumento da flexibilidade adaptativa e o fortalecimento do eu.

Atualmente existem muitas crianças que não aprenderam a aguentar esperas, não aceitam os “nãos” e suas birras são assustadoras. Os pais, com medo de frustrarem seus filhos, com medo de fazê-los sofrer, só dizem “sim" ou pior, transformam o “não” em “sim” frente ao enfrentamento agressivo dos filhos. Reforçam, com isso, o direito compulsivo ao prazer imediato e incondicional.

A grande importância do espaço da falta

Não é criado o espaço da falta, pois a satisfação do desejo não é adiada, uma vez que a espera é identificada com sofrimento. Os objetos de desejo, assim conseguidos dessa forma tão rápida, tornam-se rapidamente também descartáveis.

Está se correndo o risco de se criar uma geração que não tolera o espaço da falta, pois não foi ensinada a esperar nada. Sabe-se que é no espaço da falta que nasce o desejo verdadeiro por objetos e por pessoas. O desejo alimentado por um objeto, carrega de valor esse próprio objeto e é o desejo pela outra pessoa, que conduz ao amor por ela e à possibilidade de trocas afetivas.

Pode ser que esteja sendo criada uma geração de seres humanos egoístas, que são apenas receptores no mundo, que creem ser seu direito o atendimento imediato no que querem e, se possível, até mesmo serem adivinhados nos seus desejos. Oxalá, quanto a isso, eu esteja equivocada.


Autor: Ceres Araujo
Fonte: Vya Estelar

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