Pesquisadores da Universidade de Notre Dame e da Faculdade de Boston, ambas nos EUA, reforçam os motivos de um bom sono: ele ajuda a consolidar as memórias, fixando as informações aprendidas para que o cérebro as localize mais rapidamente mais tarde. Mais que isso: o sono ajuda a organizar as memórias, adicionando detalhes como emoções sentidas e reconfigurando as informações memorizadas que podem depois ajudar a solucionar problemas de forma mais rápida e original.
O artigo de Jessica Payne e Elizabeth Kessinger, publicado no periódico Psychological Science, acompanhou esse processo. “O sono faz que as memórias fiquem mais vívidas. Além disso, reorganiza a ordem e reestrutura essas memórias, fazendo-as se associarem. Então, no momento em que tentamos lembrar onde deixamos a chave do carro, também acabamos nos lembrando de outros detalhes, como o que deve ser feito no caminho para o trabalho”, explicam as pesquisadoras.
Payne e Kessinger também observaram que as memórias, durante uma boa noite de sono, são associadas a informações emocionais. Ao presenciar um acidente de carro, por exemplo, no período de sono ela será reestruturada, enfatizando os detalhes do ocorrido e deixando informações complementares, mas não importantes, de lado (como as árvores ao fundo da cena do acidente). A pesquisa comprovou isso ao monitorar as funções cerebrais de indivíduos durante o sono noturno e notando que as regiões de memória e emoções estavam bastante ativas enquanto essas pessoas dormiam.
“Em uma sociedade cada vez mais cheia de compromissos, o sono tem sido negligenciado pelas pessoas. Mas existe um erro nesse ponto, pois as pessoas acham que o período de sono é uma fase em que o cérebro não faz nada a noite inteira. Ao contrário, o cérebro está bastante ocupado fazendo uma faxina interna. Entre essas atividades está a consolidação da memória”, explicam as autoras.
Não é difícil ouvir pessoas dizendo que dormem pouco, pois terão muito tempo para descansar após a morte. “Essas pessoas estão jogando fora a oportunidade de terem uma mente mais hábil e de serem mais criativas na resolução de problemas. Não que não seja possível viver bem com menos horas de sono, mas há uma perda de agilidade cognitiva sensível”, finaliza Payne.
-
com informações da Association for Psychological Science